Maior opositor do governo, Mauricio Macri concederia favores a empresário em troca de financiamento para reeleição
O atual prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, foi acusado no último dia 11 de janeiro de ter financiado sua campanha à reeleição de 2011 por meio da concessão de favores a uma rede de prostituição e tráfico de drogas e de pessoas. As denúncias partiram de Lorena Cristina Martins, filha do empresário Raúl Luis Martins Coggiola, proprietário de supostos bordéis na capital argentina, em Mendoza e em Cancún, no México.
Macri, líder da aliança PRO (Proposta Republicana), é a figura mais proeminente da oposição ao governo de Cristina Kirchner. Ele teria se aproximado de Martins ao frequentar a boate que o empresário mantém na cidade de Cancún durante sua lua de mel. Gabriel Conde, filho de um ex-dirigente do clube de futebol Boca Juniors, era quem supostamente assegurava a mediação entre os dois.
Macri, líder da aliança PRO (Proposta Republicana), é a figura mais proeminente da oposição ao governo de Cristina Kirchner. Ele teria se aproximado de Martins ao frequentar a boate que o empresário mantém na cidade de Cancún durante sua lua de mel. Gabriel Conde, filho de um ex-dirigente do clube de futebol Boca Juniors, era quem supostamente assegurava a mediação entre os dois.
Fundación Alameda | laalameda.wordpress.com
Raúl Martins ao lado de Mauricio Macri e sua esposa, Juliana Awada
A denúncia foi veiculada peloa ONG argentina Fundação Alameda, que combate a exploração e o tráfico de mulheres. No documento, a filha de Martins acusa-o de manter suas casas funcionando graças a uma ampla rede de contatos políticos, jurídicos e policiais. Por meio do pagamento de propinas a indivíduos influentes no poder público, como Macri, ele conseguiria driblar a fiscalização e encobrir a falta de segurança dos seus estabelecimentos, segundo a organização não-governamental.
No suposto esquema, que também favorecia membros do cartel mais perigoso e bem equipado do México, os “Zetas”, a captação de garotas de programa era de responsabilidade de Estela Percival, amante de Martins. As “camareiras”, como eram chamadas, não podiam deixar seus cômodos sem que destinassem pelo menos metade de seu faturamento para a empresa. Ao recusarem-se a entregar o valor, elas não eram apenas multadas, mas também aprisionadas dentro do bordel. A liberação ocorria apenas mediante o pagamento integral das dívidas.
Tráfico de Influência
“Não tinha conhecimento do que acontecia porque não viva no país. Morava na Espanha com meu marido e só quando voltei para Argentina é que tive noção do que se passava”, disse Lorena Martins, por telefone, à reportagem do Opera Mundi.
Ela não quis revelar a movimentação financeira das empresas de seu pai alegando que os documentos que demonstram o fluxo de caixa do esquema já se encontram em posse da polícia argentina e que isso poderia prejudicar as investigações.
Quando questionada sobre o envolvimento do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, com a rede de favores de Raúl Martins, Lorena disse ter encontrado uma série de ordens de pagamento para sua campanha de reeleição do ano passado, uma delas no valor de 10 mil dólares. O montante teria sido entregue a Oscar Raúl Ríos, atual líder político da PRO, e ex-chefe da Agência Governamental de Controle, órgão que regulamenta a concessão de alvarás de funcionamento na cidade.
Martins, segundo sua filha, teria financiado a campanha de Macri em troca da manutenção da licença de seus estabelecimentos. O código penal argentino proíbe em todo o país o funcionamento de casas ou locais aonde se exerça ou se estimule a prostituição, atribuindo para esse tipo de crime penas que vão de uma multa no valor de mil pesos argentinos (cerca de 400 reais) a três anos de prisão.
Sobre os bordéis que seu pai mantém em Cancún, no México, Lorena acrescentou que “há, com certeza, várias garotas brasileiras trabalhando no local”.
Repercussão
Autoridades mexicanas interditaram nesta segunda-feira (23/01) o estabelecimento Mix Sky Lounge, que Raúl Martins mantinha na cidade de Cancún. Dias após a denúncia da ONG, fiscais averiguaram as condições do local e verificaram que o estabelecimento não possuía alvará de funcionamento regularizado. Suspeita-se que lá trabalhavam, em regime de escravidão, garotas com menos de 18 anos.
No último dia 20 de janeiro, Lorena Martins também pediu que o promotor Gerardo Pollicita fosse afastado do caso, alegando que ele fazia parte da diretoria do Boca Juniors durante a gestão de Macri.
Fundación Alameda | laalameda.wordpress.comConvite para festa no Mix Sky Lounge, uma das casas noturnas de propriedade de Raúl Martins
Ela relatou à reportagem do Opera Mundi que vive “sofrendo ameaças”, pois seu pai “trabalhou na inteligência do país e tem contatos com o narcotráfico do México”. Por essa razão, a polícia de Buenos Aires está providenciando sua segurança particular.
Ainda assim, a filha de Raúl Martins permanece concedendo uma série de entrevistas à imprensa argentina e participa de eventos, encontros e atos em prol do combate à prostituição e ao narcotráfico.
No último dia 13 de janeiro, ela reforçou ainda mais suas denúncias em um encontro com o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Bergoglio, que, há anos, apóia denúncias e protestos contra o trabalho escravo e a cafetinagem. Também encabeçou um ato pela cidade no último dia 18 de janeiro ao lado dos Familiares de Cromañón, a associação de parentes das vítimas de um incêndio em uma discoteca portenha, que, em 2004, deixou 194 mortos e 1432 feridos.
Foi a ONG Fundación Alameda que também denunciou em agosto do ano passado o envolvimento do ministro da Corte Suprema da Argentina, Raúl Eugenio Zaffaroni, com um esquema prostituição. O magistrado estaria usando seis de suas propriedades em Buenos Aires como bordéis.
Raúl Martins ao lado de Mauricio Macri e sua esposa, Juliana Awada
A denúncia foi veiculada peloa ONG argentina Fundação Alameda, que combate a exploração e o tráfico de mulheres. No documento, a filha de Martins acusa-o de manter suas casas funcionando graças a uma ampla rede de contatos políticos, jurídicos e policiais. Por meio do pagamento de propinas a indivíduos influentes no poder público, como Macri, ele conseguiria driblar a fiscalização e encobrir a falta de segurança dos seus estabelecimentos, segundo a organização não-governamental.
No suposto esquema, que também favorecia membros do cartel mais perigoso e bem equipado do México, os “Zetas”, a captação de garotas de programa era de responsabilidade de Estela Percival, amante de Martins. As “camareiras”, como eram chamadas, não podiam deixar seus cômodos sem que destinassem pelo menos metade de seu faturamento para a empresa. Ao recusarem-se a entregar o valor, elas não eram apenas multadas, mas também aprisionadas dentro do bordel. A liberação ocorria apenas mediante o pagamento integral das dívidas.
Tráfico de Influência
“Não tinha conhecimento do que acontecia porque não viva no país. Morava na Espanha com meu marido e só quando voltei para Argentina é que tive noção do que se passava”, disse Lorena Martins, por telefone, à reportagem do Opera Mundi.
Ela não quis revelar a movimentação financeira das empresas de seu pai alegando que os documentos que demonstram o fluxo de caixa do esquema já se encontram em posse da polícia argentina e que isso poderia prejudicar as investigações.
Quando questionada sobre o envolvimento do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, com a rede de favores de Raúl Martins, Lorena disse ter encontrado uma série de ordens de pagamento para sua campanha de reeleição do ano passado, uma delas no valor de 10 mil dólares. O montante teria sido entregue a Oscar Raúl Ríos, atual líder político da PRO, e ex-chefe da Agência Governamental de Controle, órgão que regulamenta a concessão de alvarás de funcionamento na cidade.
Martins, segundo sua filha, teria financiado a campanha de Macri em troca da manutenção da licença de seus estabelecimentos. O código penal argentino proíbe em todo o país o funcionamento de casas ou locais aonde se exerça ou se estimule a prostituição, atribuindo para esse tipo de crime penas que vão de uma multa no valor de mil pesos argentinos (cerca de 400 reais) a três anos de prisão.
Sobre os bordéis que seu pai mantém em Cancún, no México, Lorena acrescentou que “há, com certeza, várias garotas brasileiras trabalhando no local”.
Repercussão
Autoridades mexicanas interditaram nesta segunda-feira (23/01) o estabelecimento Mix Sky Lounge, que Raúl Martins mantinha na cidade de Cancún. Dias após a denúncia da ONG, fiscais averiguaram as condições do local e verificaram que o estabelecimento não possuía alvará de funcionamento regularizado. Suspeita-se que lá trabalhavam, em regime de escravidão, garotas com menos de 18 anos.
No último dia 20 de janeiro, Lorena Martins também pediu que o promotor Gerardo Pollicita fosse afastado do caso, alegando que ele fazia parte da diretoria do Boca Juniors durante a gestão de Macri.
Fundación Alameda | laalameda.wordpress.comConvite para festa no Mix Sky Lounge, uma das casas noturnas de propriedade de Raúl Martins
Ela relatou à reportagem do Opera Mundi que vive “sofrendo ameaças”, pois seu pai “trabalhou na inteligência do país e tem contatos com o narcotráfico do México”. Por essa razão, a polícia de Buenos Aires está providenciando sua segurança particular.
Ainda assim, a filha de Raúl Martins permanece concedendo uma série de entrevistas à imprensa argentina e participa de eventos, encontros e atos em prol do combate à prostituição e ao narcotráfico.
No último dia 13 de janeiro, ela reforçou ainda mais suas denúncias em um encontro com o arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Bergoglio, que, há anos, apóia denúncias e protestos contra o trabalho escravo e a cafetinagem. Também encabeçou um ato pela cidade no último dia 18 de janeiro ao lado dos Familiares de Cromañón, a associação de parentes das vítimas de um incêndio em uma discoteca portenha, que, em 2004, deixou 194 mortos e 1432 feridos.
Foi a ONG Fundación Alameda que também denunciou em agosto do ano passado o envolvimento do ministro da Corte Suprema da Argentina, Raúl Eugenio Zaffaroni, com um esquema prostituição. O magistrado estaria usando seis de suas propriedades em Buenos Aires como bordéis.
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