Polícia Militar e Ministério Público divergem sobre operação que matou mãe e filha no Morro da Quitanda

Polícia Militar e Ministério Público divergem sobre operação que matou mãe e filha no Morro da Quitanda

Giulliane Viêgas e Paolla Serra

Com medo da violência, a doméstica Maria de Fátima de Jesus deixou o Morro da Quitanda, onde morava há pelo menos 15 anos. Há 20 dias, foi buscar tranquilidade em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. Anteontem, preocupada com a segurança de seus familiares que resistiram à mudança, Fátima tirou folga e foi ajudar a filha, Alessandra, a procurar outras casas na região. Na mesma manhã, as duas foram mortas numa operação da Polícia Militar. Ontem, foram enterradas lado a lado, no Cemitério de Inhaúma.
De acordo com o filho e irmão gêmeo das vítimas, Alex de Jesus, por volta das 11h30min, elas e seus três sobrinhos saíram de casa. O tiro que atingira Fátima, atravessou o corpo da doméstica e acertou também sua filha, que estava com neta, de 2 anos, no colo:
— Estou tão chocado que não consigo chorar.
De acordo com o coronel Hugo Freire, chefe do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA), pelo menos 20 policiais militares do 41º BPM (Irajá) faziam uma operação. Segundo ele, a ação foi solicitada pela 22ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) do Ministério Público, para apurar a existência de tráfico de drogas.
A promotora, entretanto, informou que não requereu nenhuma diligência para anteontem. Ela explicou que, na primeira quinzena de julho, expediu notificação para o pai de uma vítima de homicídio, que seria ouvido no último dia 6. O Grupo de Apoio aos Promotores (GAP) teria encaminhado a notificação ao 41º BPM, por ser área de risco. A testemunha não compareceu, e o inquérito foi arquivado.
Em depoimento na Divisão de Homicídios (DH), os seis PMs do Serviço Reservado (P2) da unidade, que estavam à paisana, contaram que foram recebidos a tiros. Os bandidos teriam recuado e, depois, houve nova troca de tiros. Em uma das vielas, eles teriam visto Fátima e Alessandra já baleadas.
— A orientação do novo comandante é fazer operações planejadas e com maior efetivo — disse o coronel.
O delegado Clemente Braune, da DH, informou que os seis fuzis dos PMs foram recolhidos para confronto balístico. O laudo deverá ficar pronto em 30 dias.


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