Leonardo de Oliveira

OTMAR DE OLIVEIRA
Leonardo de Oliveira acredita que prefeito Mauro Mendes se fará mais presente na Câmara Municipal
Da Reportagem

DIÁRIO – Faça um balanço do trabalho legislativo até o momento.

LEONARDO DE OLIVEIRA - O trabalho que desempenhamos até agora foi positivo. Conseguimos aprovar vários projetos e tivemos várias discussões importantes. Acredito que o melhor trabalho da Câmara é entrar em debates. Isso é o que eu sempre prego nos meus discursos. A Câmara tem que ter harmonia e encabeçar os diálogos. Hoje temos base e oposição, mas temos que ter uma oposição construtiva e propositiva. Levando isso em consideração, acho que o que mais interessa para a Câmara é promover debates, ouvir todos os lados. Isso é democracia. Uns pensam de uma maneira; outros, de outra. E essa discussão tem que ser sempre feita. Quem tiver a maioria, parte para a finalização. Acredito que isto para a Câmara é muito bom e nós já tivemos vários embates que saíram todos resolvidos.

DIÁRIO - Quando foram votados os projetos do “Pacotão do Transporte”, todos os vereadores aprovaram e agora os da base voltaram atrás. Ao o que o senhor atribui isso?

LEONARDO - Todo mundo tem o direito de mudar de opinião. Um juiz, por exemplo, recebe uma ação, vem uma situação nova no processo e ele muda de opinião. Surgiram fatos novos no projeto. Quando o colocaram em votação, nós não tivemos tempo de nada. Foi da noite para o dia, um desespero danado, uma pressão popular, enfim ninguém teve tempo de analisar a fundo. Depois da votação vieram as consequências. O prefeito parou, analisou todas as situações e trouxe fatos novos. Ele fez questão de sentar com cada vereador e explicar sua posição para que ficassem claros os motivos dos vetos e coube a cada vereador tomar sua decisão. Conseguimos uma grande maioria que concordou com o prefeito. Ele também fez um pacote novo visando melhorias no setor. Mas o bom de tudo isso é que já se iniciou uma discussão sobe o transporte coletivo e agora, no final do ano, chega uma nova votação sobre este tema: o aumento ou não da tarifa. Por isso, acredito que é importante aguardar o resultado da auditoria que está sendo realizada pelo Ministério Público para tomarmos qualquer decisão. Cuiabá foi a primeira Capital do Brasil a ter essa iniciativa. Isso é uma prova de que o prefeito não tem nada com as empresas que gerem o transporte coletivo. Se a tarifa estiver acima, será reduzida. Então, acho que o momento não era propício.

Com relação ao passe-livre, todo mundo quer que ele seja estendido para a cidade inteira. Nossa vontade é de que seja assim, mas temos que ter uma responsabilidade, pois quem paga sozinha esta conta é a prefeitura. São R$ 18 milhões por ano. Precisamos de auxílio do governo estadual e federal, até porque a maioria dos estudantes que utilizam o passe-livre é dessas redes de ensino. Se isso acontecesse, teríamos condições de estender.

DIÁRIO - Como o senhor avalia a relação da Câmara com o Palácio Alencastro?

LEONARDO - Tivemos uma dificuldade no começo, uma situação atípica. Temos um presidente da mesa diretora de oposição e, pela primeira vez na história, um grupo de oposição forte, com sete vereadores, fora a renovação de 75% do Parlamento. Acredito que os seis primeiros meses foram para conhecimento, tanto para os vereadores quanto para o prefeito. Foi perceptível que o Mauro não teve tempo de fazer política no primeiro semestre. Acho que, daqui para frente, vai ser um pouco diferente, pois já deu para o vereador saber que rumo vai tomar: se vai continuar na oposição ou vai ajudar a base do governo. Acho que, a partir de agora, vamos começar a tomar forma.

Apesar disso, o Mauro conseguiu aprovar tudo que ele queria. Todos os projetos grandes do prefeito conseguimos aprovar: empréstimo, conciliação, a transferência da regularização fundiária para a secretaria de Habitação. Tudo que ele mandou nós emplacamos. Não teve nenhuma derrota que possa prejudicar o governo. Mas teve alguns embates que a discussão foi aprofundada, como foi esta questão dos vetos. A partir deste momento, o próprio Mauro colocou para os vereadores que vai trabalhar mais politicamente daqui para frente, que vai participar mais ativamente junto aos vereadores, coisa que ele não conseguiu fazer nos seis primeiros meses. Acredito que falto um pouco mais de diálogo. Meu tio, o Dante [de Oliveira], já dizia que política é a arte de gastar saliva. Então, nós temos que gastar saliva. Temos que sentar e convencer o porquê das ideias, para encamparmos juntos. Não adianta só eu, como líder, e o secretário de Governo, Fábio Garcia, tentarmos o convencimento. Tem que ter o cabeça. Este capitão do time que, agora, vai entrar em campo pesado, para que nós possamos trabalhar em consonância.

DIÁRIO - O senhor acredita que os vereadores da base têm mais facilidade de ser acesso ao Executivo e seus pedidos atendidos?

LEONARDO - Essa questão é complicada. Se você pegar os 25 vereadores e botar na ponta do lápis tudo que é solicitado - uma média de quatro requerimentos pedindo informações por dia, centenas de indicações -, ninguém consegue responder como deveria. Tem vereador que já chegou a 1,2 mil indicações. Como que você vai atender? Não tem como. O Mauro quer se aproximar de todos. Queremos fazer reuniões periódicas para que o prefeito, sempre a cada 30 dias, passe todo o projeto da prefeitura para Câmara, para que ela tenha conhecimento. Isso, inclusive, vai facilitar o embate.

DIÁRIO - Como o senhor avalia o trabalho desenvolvido pela base do prefeito e pela oposição aqui na Câmara?

LEONARDO - Acredito que ambos tiveram grandes pontos positivos. A oposição se consolidou, fez as devidas críticas, tem o reconhecimento. A base fez a defesa. Como eu já disse, nós tivemos um começo de relacionamento que nos dificultou um pouco. Agora, o que eu peço para ambos é a questão de harmonia. Tivemos vários embates sadios que espero que permaneçam. O que somos contra é este denuncismo sem provas. Sempre aconselhei que as denúncias sejam apuradas antes de serem jogadas. Todo governo pode ter problemas, isto é natural. Agora, quando houve denúncias, levante informações, verifique se é realmente um problema, faça uma análise e depois divulgue-a. Eu acredito que isso faltou na nossa oposição. Sempre aconselhei que, se existe alguma situação, traga para a gente e para o prefeito. O Mauro tem um canal aberto com todos.

DIÁRIO – Aponte um ponto positivo e um negativo da relação entre a Câmara e a administração municipal.

LEONARDO - Acho que as discussões que foram travadas aqui é um grande ponto positivo, pois foi debatido tudo com democracia, ouvindo todas as opiniões e todos os lados. Estamos todos imbuídos em ajudar Cuiabá, tanto a Câmara quanto a prefeitura. Apesar de haver oposições ao governo, o objetivo de todos é o mesmo.

Já como ponto negativo, enxergo o regimento. Precisamos mudar urgentemente o regimento. Temos que implantar o colégio de líderes, esse é o principal. Reunindo o colégio de líderes, você discute a pauta e isso dá mais celeridade ao projeto.

DIÁRIO – Qual sua posição quanto à verba indenizatória?

É necessária. Eu vejo que todos os poderes têm a verba indenizatória e o vereador também precisa. A redução está prejudicando o trabalho dos parlamentares, mas o trabalho não para, continuamos agindo. O vereador é o político mais próximo da população, por isso, que é necessário. É para mantermos a base. 


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