Estudante denuncia intimidação de supostos policiais civis no Recife
Agentes teriam telefonado para encontrar o jovem fora da delegacia.
Polícia Civil diz que denúncia deve ser registrada na Corregedoria.
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A conduta de supostos policiais civis de Pernambuco está assustando o estudante Pedro Paulo da Silva Júnior, 22 anos, e a família dele. O rapaz levou um tiro de bala de borracha da Polícia Militar no protesto pelo passe livre, na última quarta (21), no Recife, e prestou queixa da ocorrência. Nesta sexta (23), ele disse que recebeu ligações de uma pessoa que se identificou como policial civil, propondo um encontro. Pedro Paulo não apareceu e, depois, policiais foram à casa dele entregar uma intimação para que ele compareça à delegacia para prestar esclarecimentos, na próxima semana. "Eles chegaram arrogantes, dizendo que o que eu fiz, de não ir ao encontro e contratar advogado, foi uma palhaçada. Minha família está em pânico", relatou, em entrevista aoG1.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, Pedro Paulo deve registrar a denúncia na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social. Ainda segundo a assessoria, um policial civil marcar um encontro fora da delegacia, a exemplo do que foi relatado pelo jovem, é inapropriado dentro da conduta da corporação.
Entenda o caso
Pedro participava da caminhada, iniciada no Parque Treze de Maio, quando policiais militares usaram balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar o ato, na altura do cruzamento da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua da Aurora. No momento, uma pedra teria sido atirada contra uma lanchonete e três manifestantes estavam em cima de um ônibus. "Eu estava apenas acompanhando o protesto, e eles [a polícia] atiraram do nada, inclusive tinha crianças na hora, adolescentes com farda escolar. Teve uma menor que levou um soco no rosto, gente puxada pelo cabelo. Eles miraram e atiraram na minha testa. Eu só senti minha cabeça inchando e meus ouvidos zunindo", explicou.
Pedro participava da caminhada, iniciada no Parque Treze de Maio, quando policiais militares usaram balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar o ato, na altura do cruzamento da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua da Aurora. No momento, uma pedra teria sido atirada contra uma lanchonete e três manifestantes estavam em cima de um ônibus. "Eu estava apenas acompanhando o protesto, e eles [a polícia] atiraram do nada, inclusive tinha crianças na hora, adolescentes com farda escolar. Teve uma menor que levou um soco no rosto, gente puxada pelo cabelo. Eles miraram e atiraram na minha testa. Eu só senti minha cabeça inchando e meus ouvidos zunindo", explicou.
O jovem foi socorrido em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e depois procurou a Delegacia de Santo Amaro, onde registrou um boletim de ocorrência. Em seguida, ele foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento da Abdias de Carvalho. No dia seguinte, Pedro Paulo foi ao Instituto de Medicina Legal (IML) para o exame de corpo de delito. "Hoje [sexta] de manhã, recebi uma ligação no meu celular de um policial civil, dizendo meu nome completo, endereço, que queria me encontrar lá em casa para entregar um documento. Eu fiquei assustado, pois não sabia do que se tratava", disse.
Pedro Paulo marcou o encontro em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, mas, antes de ir, procurou a Resistência Pernambucana, movimento social criado em junho deste ano, na esteira da luta pelo passe livre, a qual ele integra. Uma advogada voluntária o orientou, primeiro, a trocar o encontro para um local público e, depois, a não comparecer. "À tarde, ele [o susposto policial] continuou me ligando e um amigo meu atendeu. Ele falou gritando, todo grosso, sem querer dizer o nome nem explicar o motivo do encontro. Duas horas depois, chegaram policiais lá em casa, extremamente arrogantes, brutos e deixaram uma intimação. Essa represália com certeza é porque eu fiz a denúncia. Já fui ao Ministério Público, mas ainda não entrei com nenhuma ação", comentou.