Deputado diz que CPI da Pedofilia vai continuar luta para punir Adail Pinheiro e pede à Justiça que julgue processos contra ele


Foto: Reprodução / Internet
Adail Pinheiro foi preso em 2009 por pedofilia
Nesta entrevista exclusiva ao PORTAL DO ZACARIAS, o deputado Luiz Castro (sem partido) avisa que a CPI da Pedofilia, da Câmara Federal, continuará a luta para punir o prefeito de Coari, Adail Pinheiro, e apela ao Tribunal de Justiça do Amazonas e à Justiça Federal para que acelerem a tramitação de processos por pedofilia e corrupção contra Adail.

Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS 

PORTAL DO ZACARIAS
 – O senhor acompanhou os trabalhos da CPI da Pedofilia, da Câmara Federal, em Coari. Quais são os próximos passos da CPI referente ao prefeito Adail Pinheiro?

Dep. Luiz Castro – A deputada Érika Kokay (PT/DF), presidente da CPI, e a deputada Liliam Sá (PSD/RJ), que é relatora, me afirmaram que os próximos passos são uma reunião sobre a continuidade da CPI com relação ao episódio de Coari. Essa reunião poderá acontecer aqui em Manaus brevemente, porque também há interesse da Comissão em ir até São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro, para a identificação da prostituição e da exploração sexual envolvendo menores indígenas, e ainda para identificação de problemas de exploração sexual de menores na própria cidade de Manaus. Então, é provável que haja uma nova reunião da CPI em Manaus, inclusive para o chamamento de pessoas que fugiram de Coari para não prestar depoimento, se possível até de forma coercitiva, até com o uso da força policial. Além disso, hás a situação de pessoas que são testemunhas e que lá ficaram intimidadas e amedrontadas em dar o seu depoimento, mas que poderão fazer tudo isso vindo para Manaus, sem intimidação, sem pressão.

Portal – O prefeito Adail usou mesmo a máquina pública municipal para boicotar os trabalhos da CPI em Coari?

Castro – Certamente, foi tudo muito combinado, muito articulado, e o cometimento de crimes gravíssimos. Primeiro, é crime federal obstruir o funcionamento de uma CPI, e a presença de secretários e subsecretários municipais, e de diversos ocupantes de cargos comissionados à frente do tumulto que se estabeleceu em frente a sede da UFAM, onde a CPI funcionou, foi identificada por fotografias tiradas por membros da CPI e por jornalistas comprovando a tentativa de obstruir e ameaçar pessoas que porventura pudessem levar informações negativas sobre o envolvimento do prefeito Adail com pedofilia. Também houve o crime de improbidade administrativa pelo fato de o prefeito ter liberado as pessoas dos seus locais de trabalho, muitas da área de educação, saúde e limpeza pública, para irem para a frente da UFAM e criarem tumulto e constrangimento para as deputadas federais que comandavam a CPI.

Portal – Pode-se dizer que Adail venceu essa primeira batalha?

Castro – Ele foi muito inábil. Num primeiro momento, o grupo do Adail pode até ter se sentido vitorioso. Mas, várias pessoas enfrentaram ameaças e foram depor, e os depoimentos foram veementes, foram claros, foram contundentes e definiram, com bastante propriedade, que o grupo de Adail continua praticando pedofilia, isso continua após o encerramento da Operação Vorax, após a conclusão do inquérito e após denúncia do Ministério Público, ou seja, não houve arrependimento, não houve mudança de comportamento. Houve uma tentativa de fazer a coisa mais encoberta, mais disfarçada. Mas foram colhidos nomes de moças e meninas que foram levadas em várias ocasiões para o desfrute pessoal do senhor Adail. Ele não conseguiu, durante esse período, demonstrar nenhum tipo de arrependimento, de mudança comportamental. Está claro que houve uma fuga, várias pessoas fugiram, mas também houve uma mudança das pessoas que aliciavam as meninas. Quando da CPI do senador Magno Malta e da Operação Vorax, os principais aliciadores eram o senhor Adriano Salam e a senhora Lândia Santos. Agora, o principal aliciador é o senhor Anselmo, motorista e assessor de Adail, é este senhor o principal aliciador de menores para Adail. Isso ficou comprovado na CPI, é um fato novo, e cabe também à Polícia Federal complementar sua investigação anterior, embora os elementos da investigação anterior sejam suficientes para condenar Adail. Afinal, ele tem processo na Justiça Eleitoral, processo de corrupção, não entendo esse tipo de proteção que se tem com o Adail.

Luiz Castro: "Sei que há um processo de pedofilia correndo no Tribunal
de Justiça do Amazonas  contra Adail Pinheiro e eu espero que os nossos
e desembargadores lembrem-se, com muito vigor, do seu dever
de magistrados, porque as provas são contundentes".

Portal – No Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) tramita um processo contra Adail por crime de pedofilia. Já não é hora desse processo andar?

Castro – Sei que há um processo de pedofilia correndo no Tribunal de Justiça do Amazonas contra Adail Pinheiro e eu espero que os nossos e desembargadores lembrem-se, com muito vigor, do seu dever de magistrados, porque as provas são contundentes. O superintendente da Polícia Federal, Sérgio Fontes, nos disse que não há como negar a autoria dos crimes de pedofilia, como também não como negar, no âmbito da Justiça Federal, a autoria dos crimes de corrupção do Adail. São dois processos paralelos, e tanto o TJAM deve julgar com prioridade o processo de pedofilia quanto o Tribunal Regional Federal deve julgar logo o processo de corrupção.

Portal – A Polícia Federal entregou documentos à CPI?

Castro – Entregou uma cópia de um relatório referente a um processo que corre em segredo de justiça. Mas, todas as provas apuradas foram passadas à Justiça estadual porque pedofilia e exploração sexual de menores estão sendo apuradas pela Justiça Estadual. São diferentes do processo de corrupção, desvio de recursos federais, que tramitam na Justiça Federal. O Ministério Público em Coari fez a denúncia, mas a Justiça da primeira instância em Coari passou quatro anos com o processo praticamente paralisado. Como Adail voltou à Prefeitura, o processo foi remetido agora para o TJAM, que pode fazer agora o que a justiça coariense não fez, que é julgar rapidamente o processo.