Taques e Julier: racha


ALEXANDRE APRÁ

A decisão judicial assinada pelo juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara da Justiça Federal de Cuiabá, condenando o médico Kamil Fares em ação de improbidade administrativa, segundo informações de bastidores do meio político, demonstra o distanciamento do magistrado com o senador Pedro Taques (PDT).

Kamil chefia a Secretaria Municipal de Educação na gestão do atual prefeito Mauro Mendes (PSB). Além disso, Kamil também é filiado ao PDT, mesma legenda de Taques. Em dezembro do ano passado, o médico assumiu, inclusive, a direção do diretório municipal da sigla de Taques.
" a candidatura de Julier pode representar um verdadeiro balde de água fria nos planos de Taques"
Informações de bastidores dão conta que a possível candidatura de Julier ao governo do Estado pelo PT tem ganhado importantes adesões. O problema é que o fato tem incomodado Pedro Taques, que também planeja disputar a sucessão do governador Silval Barbosa (PMDB). Ambos eram conhecidos por serem "melhores amigos" na época em que ambos atuavam em casos judiciais, como a Operação Arca de Noé, que prendeu o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que era considerado o chefe do crime organizado no Estado.

Petistas que defendem a candidatura de Julier ao governo já têm procurado amparo em outras legendas, como é o caso do PMDB, PSD e PP. Até setores do DEM defendem um amplo arco de aliança com o objetivo de respaldar a candidatura do magistrado.

Porém, a candidatura de Julier pode representar um verdadeiro balde de água fria nos planos de Taques. Ambos possuem a mesma origem – jurídica – e deverão ter discursos bem semelhantes, o que pode resultar, sintomaticamente, em divisão de votos.

Conversas de bastidores também dão conta que o parlamentar teria procurado o magistrado para “pegar leve” com Kamil Fares, embora negue isso publicamente, por razões óbvias. Julier, mesmo ciente da ligação do secretário de Mauro Mendes com Pedro Taques, sentenciou o médico com a caneta mais pesada que poderia usar.

A preocupação de Taques é que com o apoio dos partidos que atualmente compõem a base de sustentação do atual governo, Julier poderá receber importantes apoios políticos, já que o atual arco de aliança é composto pelos maiores partidos no Estado, ou seja, aqueles que têm o maior número de prefeitos e vereadores do interior, reduto onde o pedetista enfrenta maior dificuldade de penetração.

Enquanto isso, Taques conta com o apoio do PDT e do MD, nova sigla que deverá ter lideranças relativamente pouco expressivas como a deputada Luciane Bezerra e o prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz.

Além disso, o PSB, partido do prefeito Mauro Mendes, também está numa verdadeira sinuca de bico”. De um lado, o presidente da Executiva Regional, deputado Valtenir Pereira, expressa, nos bastidores, intenção de manter a aliança com o PT, PMDB e PSD. Entretanto, o apoio regional a esses partidos estará seriamente comprometido em virtude da candidatura do governo do Ceará, Eduado Campos (PSB), à presidência da República.

ALEXANDRE APRÁ é diretor do site Isso É Notícia.