SANTA MARIA (RS) - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, confirmou nesta segunda-feira o primeiro caso de pneumonia química entre os sobreviventes da tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Padilha foi informado do caso pela mãe da vítima, a jovem Ingrid Preigschadt Goldani. A estudante de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFMS) estava na boate Kiss durante o incêndio, mas conseguiu chegar ao lado de fora logo que o fogo começou.
Durante o domingo, chegou a dar entrevistas e postar no Facebook mensagens lamentando a morte de amigos e convocando para uma caminhada em memória das vítimas. "Ilivelton Koglin ia ser um enfermeiro socorrista bom esse guri", escreveu na rede social sobre uma das vítimas. No fim da noite, ela começou a apresentar os primeiros sintomas de intoxicação. Transportada às pressas para Porto Alegre, duas horas depois dava entrada no Hospital Cristo Redentor em estado grave.
O ministro revelou o caso pela manhã, após visitar feridos e parentes no Hospital das Clínicas. Durante a visita, ele pediu a outros jovens que estavam na boate que procurem ajuda médica em caso de qualquer sintoma de pneumonia química, como tosse e falta de ar, que podem se manifestar em até 72 horas. “São jovens sem histórico de outras doenças, e isso nos dá muita esperança”, disse Padilha.
Helicópteros do Exército transportaram feridos da tragédia em Santa Maria para Porto Alegre. O Parque da Redenção, área de lazer da população, foi transformado em campo de pouso para as aeronaves. Ambulâncias seguiram para os seis hospitais da cidade mobilizados para receber as vítimas. Dos 49 leitos disponíveis, 41 estavam ocupados.
Na internet, uma página no Facebook organizou ofertas de hospedagem para os parentes das vítimas do incêndio na boate Kiss, reunindo 420 locais. Perfis no Twitter assumiram a tarefa de localizar parentes de vítimas que ainda não haviam sido contatados pelos hospitais. Acabaram localizando as famílias de três delas.
Entenda a tragédia
Na madrugada do dia 27 de janeiro centenas de jovens participavam de uma festa na boate Kiss, no centro de Santa Maria. O fogo começou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira. Por volta de 2h30m, um dos integrantes do grupo utilizou um sinalizador luminoso, cujas fagulhas atingiram a espuma de isolamento acústico da casa noturna, provocando o incêndio.
As vítimas buscaram rotas de fuga, mas segundo relato de sobreviventes um grupo de seguranças bloqueou a única saída da boate para evitar que os clientes saíssem sem pagar. Sem conseguir sair do estabelecimento mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. A maioria dos mortos foi vítima de intoxicação pela fumaça. Os bombeiros encontraram dezenas de corpos empilhados nos banheiros, onde muitos ainda tentaram se proteger, e em frente à porta da boate.
O incêndio, que teve repercussão internacional, é considerado o segundo maior da História do país e a maior tragédia do Rio Grande do Sul. Com 262 mil habitantes, Santa Maria é uma cidade universitária que fica na região central do Estado. A festa, chamada de "Agromerados", reunia estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFMS). A maior parte deles tinha entre 16 e 20 anos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o plano de prevenção contra incêndios da boate Kiss estava vencido desde agosto de 2012.
(Agência O Globo)
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