Pais de jovens mortos em Santa Maria são vítimas de golpes

Fonte: http://odia.ig.com.br/portal/brasil/pais-de-jovens-mortos-em-santa-maria-s%C3%A3o-v%C3%ADtimas-de-golpes-1.540921

Rio Grande do Sul -  Além da dor da perda dos filhos, alguns pais de jovens que morreram no incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, foram vítimas de golpes durante o enterro das vítimas, nesta segunda-feira. A tragédia, que ocorreu na madrugada de sábado, deixou 231 mortos e pelo menos 120 feridos.

De acordo com a Brigada Militar, como é conhecida a Polícia Militar do estado, três famílias receberam ligações de supostos amigos das vítimas dizendo que o carro quebrou quando estavam indo em direção ao velório e que precisavam de dinheiro para chegar ao local. Muito emocionados, alguns dos pais chegaram a enviar o dinheiro, informou a rádio CBN.

Corpos são enterrados em Santa Maria

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Vítimas de tragédia em boate são enterradas em cemitério na cidade. Familiares e amigos prestam as últimas homenagens
O incêndio na boate Kiss é o segunda maior tragédia na história do Brasil com mais de de 230 pessoas mortas e cerca de 80 pessoas estão internadas em estado grave, com quadro de intoxicação respiratória.

Emoção em sepultamento

Mais de 100 pessoas foram sepultadas na manhã desta segunda-feira nos cemitérios de Santa Maria. Famíliares e amigos das vítimas se despediram e prestaram as últimas homenagens aos mortos da tragédia. De acordo com o secretário adjunto de Infraestrutura e Obras, Alexandre Brasil, cerca de 150 enterros são previstos nos quatro cemitérios municipais de Santa Maria.

Por todos os lados, o adeus é marcado por revolta e comoção dos parentes e amigos. As histórias são quase sempre de jovens na faixa de 20 anos e estudantes da universidade federal e tinham ido se divertir na casa noturna mais badalada da cidade.
Grupo de gaúchos realizou cavalgada em memória de vítima | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Grupo de gaúchos realizou cavalgada em memória de vítima | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
O sepultamento de dois irmãos, de 17 e 20 anos, causou comoção em comoção em parentes e amigos. O mais velho cursava Direito, enquanto o mais novo começava o curso de Agronomia.

“A gente estava junto em um churrasco e ele decidiu dar uma esticadinha na boate. Saiu do churrasco 1h30 e foi para lá. Não devia ter ido, devia ter ficado junto com a gente”, lamentava Everton Revelante, amigo de Silvio Beure, o Silvinho. O rapaz, que gostava de piquete e tinha levado amigas para conhecerem o local, morreu cerca de meia hora depois, no banheiro da boate, asfixiado com a fumaça tóxica do incêndio.

A poucos metros do túmulo onde Silvinho era enterrado, o soldado Leonardo de Lima Machado recebia a salva de tiros dos companheiros militares. Ele estava se divertindo com a mulher na boate quando o incêndio começou. Ele retirou a esposa do local, mas voltou para ajudar outras pessoas e não conseguiu mais sair. “Era uma pessoa competente, disciplinada, muito querida por todos do batalhão”, contou emocionado o sargento Lenois Cassol, que era colega de batalhão de Leornardo.
Jovens se emocionam durante enterro em Santa Maria | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Jovens se emocionam durante enterro em Santa Maria | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Além da consternação, a maioria das pessoas também se mostrava confusa com a profusão de boatos e notícias que correm pela cidade - de que não havia extintores de incêndio funcionando na boate e que os seguranças impediram a saída das pessoas por achar que se tratava de uma tentativa de não pagar a conta. Para Cirineo Anversa, de 74 anos e morador de uma cidade próxima a Santa Maria, é inexplicável que ninguém tenha impedido a casa noturna de funcionar sem um plano contra incêndio.

“Eu fico admirado. Lá na lavoura, se você faz um armazém, os bombeiros vão lá ver se tem extintor, mangueira de incêndio, tudo certinho. E um clube como esse, que entra 1.500 pessoas, deixam funcionar desse jeito, com porta estreita para sair, sem extintor funcionando. Era isso que eles deviam olhar”, apontou o aposentado.

Prisões após tragédia

Dois sócios da boate Kiss e dois integrantes da banda "Gurizada Fandagueira" foram presos, após a tragédia que deixou mais de 200 mortos e chocou o mundo. Um dos donos da boate, o empresário Elissandro Spohr, o Kiko, e os dois músicos foram presos em caráter temporário pela Polícia Civil. Já o segundo sócio, Mauro Hoffmann, se entregou à polícia no início da tarde.

Kiko estava supostamente internado em um hospital do município de Cruz Alta, já o vocalista da banda e um dos responsáveis pela segurança do palco do grupo foram encontrados na cidade de Mata.

De acordo com o delegado Sandro Meinerz, desde a manhã desta segunda-feira, a polícia estava monitorando as casas dos donos da boate a com equipes de agentes nas ruas tentando localizá-los. O vocalista do grupo, que supostamente teria iniciado o incêndio na boate Kiss após fazer uso de um dispositivo que soltava faíscas, foi detido durante o velório do gaiteiro do grupo, Danilo Jaques, que morreu na tragédia.


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