Desculpa dos traidores: Faissal não cedeu a manobra; Onofre se disse traído pelo partido


Tumulto e "desobediências" marcam eleição da Mesa

Faissal não cedeu a manobra; Onofre se disse traído pelo partido

Thiago Bergamasco/MidiaNews
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Policial militar foi acionado para evitar quebra-quebra na Câmara
LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
A eleição da Mesa Diretora da Câmara de Cuiabá, nesta terça-feira (01), foi marcada por um clima de tensão, tentativa de agressão física e desobediência a determinações partidárias, que chegaram a causar tumulto. Uma tentativa de abordagem ao vereador Faissal (PSB) resultou em quebra-quebra no local.

Seguranças particulares e a Polícia Militar precisaram agir rápido para evitar a violência. De acordo com relatos de testemunhas, quando os vereadores que apoiavam João Emanuel (PSD) deixaram o gabinete do vereador Clovito (PTB), onde estavam reunidos, e atravessaram o saguão de entrada da Câmara rumo ao Plenário, onde haveria a eleição, dois homens que seriam ligados ao PSB do prefeito Mauro Mendes tentaram abordar Faissal.

O objetivo seria tentar convencê-lo a não votar no candidato do PSD, e apoiar a chapa encabeçada pelo vereador Adilson Levante (PSB), que assumiu a candidatura no lugar de Júlio Pinheiro (PTB) na última hora.

Segundo o apurado, os dois homens foram impedidos de se aproximar de Faissal por seguranças contratados por João Emanuel. Nesse momento, houve um princípio de tumulto e empurra-empurra, que acabou quebrando os vidros da porta que dá acesso aos corredores.

Faissal acabou votando em João Emanuel, assim como seu colega de bancada Onofre Junior (PSB). Outro que desobedeceu às orientações partidárias e votou no candidato do PSD foi Clovito Hugueney (PTB).

Juca do Guaraná (PTdoB), por outro lado, votou em Adilson Levante, contrariando a decisão partidária de apoiar João Emanuel.

Desobediências

Uma resolução baixada pelo PSB impedia que os três vereadores da sigla votassem em João Emanuel, por não pertencer à base de Mauro Mendes. No entanto, Faissal e Onofre Junior rejeitavam a possibilidade de apoiar a reeleição de Júlio Pinheiro (PTB), que era o candidato apoiado por Mendes. Por isso, ambos acabaram hipotecando apoio à candidatura de João Emanuel.

Uma manobra de Mendes realizada de última hora, na tarde desta terça-feira (1º), pouco antes da posse, tirou Pinheiro da cabeça-de-chapa e colocou Adilson Levante (PSB) como candidato a presidente da Câmara.

No entanto, a manobra não foi suficiente para colocar “cabresto” nos vereadores do PSB, que mantiveram o compromisso firmado com João Emanuel. Onofre chegou a participar da composição da Mesa Diretora, como 1º vice-presidente da chapa de Emanuel, o que surpreendeu a todos.

Ao proferir seu voto, Faissal destacou que não poderia mudar de ideia na última hora devido à substituição de Júlio Pinheiro por Levante na cabeça-de-chapa. “Não se conquista um voto da noite para o dia. Eu consultei meu grupo quando duas candidaturas se solidificaram, a de Júlio Pinheiro e João Emanuel. E como sou uma pessoa de palavra e honra, mantenho meu compromisso com a chapa de João Emanuel”, justificou.

O vereador informou que tomou sua decisão na segunda-feira (31), antes do lançamento da candidatura de Levante. “Eu sou muito amigo do Adilson, gosto muito dele, é um cara que eu admiro bastante pela sua humildade e lealdade. Acontece que eu sou leal também. E se eu errei na minha decisão ou se acertei, a gente só vai ver daqui a dois anos”, disse.

“Traído, humilhado e tripudiado”

Onofre, por sua vez, reclamou do fato de a candidatura de Levante ter sido colocada apenas horas antes da eleição. Ele disse que fechou apoio a João Emanuel do domingo (30).

Ele disse que se sentiu traído pelo partido, por ter lançado sua candidatura a presidente no começo de dezembro e nunca ter recebido apoio de Mendes ou da direção partidária.

“Eu me sinto traído pelo meu partido. Eu fui humilhado e tripudiado pela meia dúzia que compõe a Executiva do PSB, e isso inclui o prefeito Mauro Mendes. Eu me senti muito mal com tudo isso. Agora, lavei minha alma”, desabafou.

“Eu não vejo que a eleição do João Emanuel possa atrapalhar a gestão do Mauro. Ele quer colaborar com Cuiabá. E acredito que o Mauro tem boa intenção. Ele só não tem experiência e traquejo político”, disparou.

Ao justificar seu voto em João Emanuel, ele se dirigiu a Levante, e afirmou que seu compromisso maior era com a mudança no Legislativo, e não com seu partido.

“Voto com a sensação de ser coerente e de não mudar de ideia por uma estratégia do outro grupo. Não posso, Adilson, deixar de honrar a minha palavra, e você sabe que se fosse em outro momento eu estaria com você”, discursou.Mídia News