Com contrato milionário, empresa de coleta de lixo de Cuiabá comete crime ambiental com descartes ilegais

 Maurício Curvinel | Redação 24 Horas News

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A empresa responsável pela coleta de lixo em Cuiabá, a Máxima Ambiental, parece não fazer jus ao seu próprio nome. Flagrante mostra que o trabalho executado pela contratada da Prefeitura e Organizações Sociais de Saúde é irregular. Seringas e agulhas descartáveis, vidros de medicamentos e produtos químicos diversos e possivelmente até restos de cirurgias, sangue e dejetos humanos estão sendo “desovados”, às toneladas, no Aterro Sanitário de Cuiabá. A empresa pertence a empresária Mirela Macedo.
 
De acordo com o flagrante, registrado pelo blog Navegador MT, restos de medicamentos e produtos químicos diversos são lançados ao ar após a queima e descem o lençol freático em dias chuvosos. Uma série de fotografias também foram postadas para confirmar os procedimentos ilegais que estariam resultando em graves danos ambientais. Numa delas, aparece uma criança sem qualquer tipo de proteção.
 
A empresa possui contratos  com as Organizações Sociais de Saúde que administram os hospitais regionais no Estado, além de prefeituras e ambulatórios da rede privada  para recolher resíduos hospitalares. Pelo procedimento correto, esses resíduos deveriam passar antes do descarte por um processo de desinfecção sob condições de altíssima temperatura e pressão.
 
Os flagrantes mostram a chegada de pequenos caminhões tipo baú que fazem a coleta sobem até a balança do aterro sanitário para pesagem – procedimento necessário para garantia contratual. Posteriormente, a carga é levada de volta até a base operacional da empresa. Lá os  resíduos são embalados e carregados em outro caminhão – este com grande capacidade de carga – que leva o material para a desova, sem qualquer desinfecção prévia.
 
Carregado na empresa, o caminhão placas JYG 0731 – com maior capacidade – chega ao aterro sanitário onde pesa as toneladas de ‘grandes geradores’. 
 
As imagens, fruto de exaustivo e paciente trabalho do repórter fotográfico Eudes Talavera, são chocantes, deprimentes – e de embrulhar o estômago. A concentração de urubus na área onde os resíduos hospitalares são descartados pela Máxima Ambiental indica a fartura de dejetos orgânicos.
 
De acordo com o blog, há meses e diuturnamente as provas do crime são apagadas – ou, por outra, literalmente queimadas - pelo fogo que arde incessantemente no local, faça chuva ou faça sol, resultante da elevada emissão de gás metano. A temperatura produzida por tal combustão não é suficiente para desinfectar resíduos de saúde. No entanto, a fumaça resultante da queima indiscriminada de resíduos medicamentosos e produtos químicos - altamente tóxica – é soprada todos os dias para a capital ou para Chapada dos Guimarães, conforme a direção do vento, que também pode transportar eventuais agentes biológicos, tais vírus e bactérias.
 
Há alguns anos, a desova dos resíduos hospitalares sem desinfecção era feita em  valas sépticas, nas quais o material era simplesmente depositado sobre mantas impermeabilizantes e depois enterrado. O promotor de Justiça Gérson Barbosa, da Defesa do Meio Ambiente, determinou o fim da prática nociva. Também por iniciativa do Ministério Público Estadual, foi terminantemente proibido o descarte de resíduos de saúde sem prévia desinfecção.
Com Haroldo Assunção