POLICIA:Desestrutura, insalubridade e carências policiais 30


Não existe dúvida quanto à variação do comportamento humano de acordo com o ambiente em que ele se encontra. Ou seja, em contextos considerados inóspitos, insalubres e pouco higiênicos, o homem se comportará muito diferente do que se estivesse num local limpo e bem cuidado. É neste pressuposto que se baseia a chamada teoria das “janelas quebradas“, que vê como fator influenciador do comportamento delituoso até mesmo a limpeza das ruas, pintura de estabelecimentos públicos etc. Esta relação também deve ser feita observando o interior das polícias, que geralmente carecem de condições mínimas adequadas para que seus profissionais trabalhem com dignidade.
São vários os problemas logísticos e estruturais enfrentados pelas organizações de segurança pública – viaturas em circulação sem a mínima condição mecânica de atuarsendo até reprovadas em testes do DETRANfardamento insuficiente para a demanda; instalação física de unidades policiais insalubres, com banheiros interditados e iluminação inadequada; armamentos e equipamentos de proteção individual não confiáveis (vencidos ou muito ultrapassados); insuficiência de computadores, materiais de limpeza etc. Todos os policiais brasileiros, de algum modo, já enfrentaram situações do tipo.
É inevitável que, neste contexto, o sentimento de desordem alcance os policiais, influenciando negativamente em sua atuação. Tentando minimizar os problemas, o discurso dos governos – ou daqueles comprometidos politicamente com os governos – é sempre de propor a superação das dificuldades, o esquecimento daquilo que compromete diretamente a eficiência do trabalho policial, gerando até riscos a quem se propõe ignorar tais pendências. Às vezes, as dificuldades a se superar são razoáveis, mas há ocasiões em que apenas num passe de mágica seria possível cumprir a missão sem os meios necessários.
Não que se deva pregar a desídia com o trabalho, mesmo porque que faz isto é justamente aquele que não dota as corporações policiais da estrutura adequada para sua atuação, porém, vale questionar qual o limite de tolerância profissional à insalubridade e miséria institucional – gerada principalmente pela falta de prioridade dos governos a áreas centrais como educação, saúde e segurança. Este contexto leva à velha noção de que alguém finge que manda e alguém finge que obedece, sendo a missão cumprida de modo inadequado, insuficiente, mas sempre apresentada colorida e bela. Ao final da equação, o cidadão é sempre o prejudicado – com a perda da vida, no caso da segurança pública.

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