por Thayanne Magalhães
Durante a pesquisa foi notificado que a maioria das vítimas é do sexo feminino, conforme a tendência mundial, e estão na faixa etária entre 7 e 14 anos, predominantemente. O crime mais praticado é o estupro e, segundo foi observado na pesquisa, a cada ano o número cresce. “Isso não quer dizer necessariamente que a incidência de casos está aumentando. O que está avançando é o nível de conscientização e esclarecimento da sociedade que tem tolerado cada vez menos esse tipo de crime”, afirma o professor.
Pinheiro explica também que a cada denuncia de abuso sexual infantil, há 15 outros casos omitidos em média. “Como os casos de abuso sexual são quase sempre perpetrados por pessoas que fazem parte da família da vítima, quase sempre são abafados dos registros oficiais”, reflete o professor. No estudo, Liércio constatou que os principais responsáveis pelas agressões sexuais contra as crianças e adolescentes em Alagoas são os pais biológicos e os padrastos.
Registros em Maceió
O conselheiro tutelar, Marcelo Alves, disse que o fato dos casos de abuso sexual infantil estarem sendo cada vez mais divulgados pela mídia, tem dado encorajado os familiares a denunciar. “O numero de denúncias tem aumentado, porque a sociedade está realmente ficando mais consciente por conta da divulgação dos casos e das campanhas de conscientização”, afirma.
“É importante que essas crianças tenham acompanhamento psicológico e que a família procure ajuda tanto do Conselho Tutelar, quanto das autoridades responsáveis pela segurança da criança,” concluiu Marcelo.
Crianças e adolescentes que sofrem agressão sexual podem desenvolver quadros de psicopatologias
Segundo o professor Liércio Pinheiro, o abuso sexual infantil tem sido encarado como um grave problema de saúde pública nos países desenvolvidos, devido aos altos índices de incidência – independente do perfil sócio-econômico do agressor – e das sérias consequências para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da vítima e de sua família.
“A familiaridade entre a criança e o abusador envolve fortes laços afetivos, tanto positivos quanto negativos, colaborando para que os abusos sexuais incestuosos possuam maior impacto cognitivo e comportamental para a vítima e sua família”, diz o psicólogo. Pinheiro explica ainda que, apesar da complexidade e da quantidade de variáveis envolvidas no impacto do abuso sexual na criança, essa experiência é considerada um importante fator de risco para o desenvolvimento de psicopatologias.
Entre os principais transtornos desenvolvidos pelas vítimas, estão os quadros de depressão, transtornos de ansiedade, alimentares, dissociativos, hiperatividade, déficit de atenção e transtorno de personalidade borderline. “A psicopatologia mais citada é o transtorno do estresse pós-traumático. Isso sem mencionar as crenças de caráter disfuncionais, envolvendo sentimentos de culpa, sentimento de inferioridade e desconfiança em relação aos outros”, explica.
O papel da mãe
A primeira pessoa a ser procurada pela criança ou adolescente molestado que se sentem preparados para denunciar o abuso, segundo a pesquisa, é a mãe da vítima. “Sabe-se que a criança vítima de abusos sexuais tem necessidade fundamental de ser acreditada e por isso é fundamental o papel da psicólogos e da sociedade em reconhecer e compreender o fenômeno em toda sua complexidade”, explica Pinheiro.
O psicólogo disse que a criança que passa por este trauma não deve ser deixada sozinha e que é fundamental o carinho da família e o acompanhamento de profissionais especializados.
Com Assessoria Cesmac
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