Mulher que sofreu abuso na infância ou adolescência tem quatro vezes mais chances de desenvolver miomas no útero

Mulher que sofreu abuso na infância ou adolescência tem quatro vezes mais chances de desenvolver miomas no útero

Pesquisa relaciona exposição a violência física, sexual ou emocional ao aparecimento dos tumores na vida adulta
Por dra. Barbara Murayama
É sabido que 50% das mulheres estão sujeitas a desenvolver miomas de útero durante a vida reprodutiva, pois se tratam de tumores benignos influenciados pela ação natural dos hormônios femininos (estrógenos). Portanto, mulheres que nunca engravidaram ou que engravidam tardiamente têm mais riscos de apresentar miomas. A razão é simples: elas ficam expostas aos estrógenos por mais tempo. Mas ainda há muito o que descobrir a respeito dos fatores que causam esses tumores.

O que não se sabia é que exposição a violência física, sexual ou emocional, na infância ou adolescência, pode aumentar em quatro vezes e meia o risco de a mulher apresentar o problema na vida adulta. É o que mostra um estudo publicado na revista norte-americana Epidemiology, de janeiro de 2011.

A pesquisa teve início em 1989, com o acompanhamento de 68.505 enfermeiras voluntárias que, à época, tinham entre 25 e 42 anos, e responderam a um questionário sobre terem sofrido qualquer tipo de abuso (físico, sexual ou mesmo emocional), enquanto crianças ou adolescentes. Concluído em 2005, o acompanhamento registrou um total de 9.823 diagnósticos de miomas do útero. Destes, 65% envolviam mulheres que reportaram terem sido abusadas.

O dado permitiu aos pesquisadores afirmar que o risco de desenvolvimento de miomas subiu de 8% para 36% entre as mulheres que foram abusadas – isto significa um aumento 4,5 vezes maior. Ou seja, a violência contra a mulher poderia ser mais um fator de risco relacionado à formação desses tumores.
Na maioria dos casos, sintomas não são aparentes

A maioria das pacientes portadoras de miomas uterinos não apresenta nenhum sintoma – eles são descobertos durante o exame ginecológico e/ou ultrassonográfico.

Quando sintomáticas, as mulheres queixam-se de sangramentos anormais (com o aumento do fluxo menstrual associado a coágulos), cólicas de intensidade variável, dores abdominais (na menstruação ou fora dela), crescimento da barriga, urgência para ir ao banheiro, constipação intestinal e dificuldade para engravidar.

São três os tipos de miomas
Os miomas uterinos são classificados de acordo com a localização e, segundo esse critério, há três tipos básicos:
- Os subserosos localizam-se na serosa do útero (capa que recobre o útero);
- Já os miomas intramurais situam-se na parede do útero;
- O terceiro tipo é o submucoso, que se localiza dentro do útero, na camada endometrial.

Tratamento baseia-se em cinco critérios

O tratamento deve ser individualizado, baseando-se nos sintomas, no tamanho do tumor, na localização do mioma, na idade da paciente e, ainda, no seu desejo (ou não) de engravidar.
A partir daí, recomenda-se o tratamento clínico (expectante ou medicamentoso) ou cirúrgico (conservador ou radical).

Em geral, a conduta expectante se aplica a mulheres assintomáticas, portadoras de tumores pequenos, que não comprometem órgãos vizinhos.
Quando os sintomas são discretos, deve-se tentar o tratamento medicamentoso, que varia da administração de analgésicos à aplicação de medicamentos para bloquear a menstruação.

O tratamento cirúrgico vai depender dos mesmos critérios.
Útero de futura mãe deve ser preservado

Úteros de mulheres que pretendem ter filhos devem ser preservados, retirando-se apenas os miomas. É a chamada miomectomia, cirurgia que pode ser realizada por videolaparoscopia, vídeo-histeroscopia, por via vaginal ou por meio de cirurgia convencional – isso vai depender de cada paciente e do tipo e localização do mioma.

Quando os miomas são muito grandes e/ou a mulher já não quer ter mais filhos, pode ser proposta a histerectomia, que é a retirada do útero. Mas esse é sempre o último recurso.

Em alguns casos especiais – quando a paciente deseja ter filhos, mas é portadora de miomas muito grandes e não pode se submeter à miomectomia -, pode-se tentar a embolização. Esse procedimento visa a diminuir a vascularização do útero, para que haja uma diminuição dos miomas.

Barbara Murayama, médica ginecologista e obstetra na capital paulista, é especialista em Histeroscopia e titulada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). CRM n° 112.527. Para saber mais, acesse www.gergin.com.br .
 

0 Comments:

Postar um comentário

Para o Portal Todos Contra a Pedofilia MT não sair do ar, ativista conclama a classe política de MT
Falta de Parceiros:Falsos militantes contra abuso sexual e pedofilia sumiram, diz Ativista
contato: movimentocontrapedofiliamt@gmail.com