Vergonha! Dizer que Cuiabá não tem médicos suficientes para atender a demanda é um deboche


Dizer que Cuiabá não tem médicos suficientes para atender a demanda é um deboche

Cuiabá está na lista dos municípios brasileiros - o chamado rincão do fim do mundo - que se inscreveram no programa federal “Mais Médicos”.

Dizer que Cuiabá não possui médicos suficientes para atender a demanda na saúde pública, é um deboche do governo municipal.

A verdade vergonhosa é que o município paga ao médico concursado, muitas vezes com pós-graduação, com registro no Conselho Regional de Medicina (CRMMT) e todas as suas certidões negativas fornecidas pelos cartórios e polícia, o aviltante salário bruto mensal de dois mil reais.

Já o médico importado, com selo de garantia do marqueteiro do Planalto, com menos carga horária e formação acadêmica duvidosa quanto a sua qualidade, virá montado em uma bolsa temporária de dez mil reais líquidos por mês. 
"Difícil convencer a nossa população que temos bilhões de reais emprestados em bancos para a construção do elefante branco, e não possuímos condições financeiras para contratar um médico para a rede pública"


Os municípios abandonados pelo poder público continuarão como estão - sem médicos e sem as mínimas condições para recebê-los. Também são regiões de pouca densidade eleitoral e, esse projeto, é eminentemente político, para tentar proteger a reeleição da presidente.

Difícil convencer a nossa população que temos bilhões de reais emprestados em bancos para a construção do elefante branco, e não possuímos condições financeiras para contratar um médico para a rede pública da cidade da Copa da ganância.

O pior será explicar essa situação à arrependida FIFA, que negociou essa desnecessária subsede do Pantanal, segundo a própria história das outras Copas e estarrecedores comentários do Deputado Federal Romário, herói do tetra.

Prata, ouro e poder nos colocaram nessa humilhante situação de mostrar quem somos.

Os pobres e miseráveis, assim como os possuidores de neurônios, perderam as esperanças por dias mais justos.

O remédio para essa falácia administrativa é o povo nas ruas, reforçado pelos homens encapuzados, de óculos escuros, luvas negras e bom nível intelectual.

Esses movimentos de protestos iniciaram-se em São Paulo, e hoje tem a sua sede no Rio de Janeiro.

São jovens que ouviram do papa Francisco que, diante das injustiças sociais eles têm de ocuparem as ruas.

Jovens são idealistas. Canalhas surgem com o tempo de vida.

Decepcionante - para não ser cruel com o autor dessa proposta de importar médicos sem qualidade para atender aos mais necessitados.

Um pouco de religiosidade aos nossos dirigentes faria muito bem aos pobres da cidade da Copa.

A máscara da verdade caiu com essa atitude que envergonha a população desta santa e hospitaleira cidade de São Benedito.

Meditem senhores governantes! Façam caridade social, e não, demagogia eleitoreira.


GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá e foi o primeiro reitor da UFMT


Gabriel Novis Neves