Vereadores exigem afastamento de João Emanuel por quebra de decoro



Presidente manobra, vota pedido de cassação e fica no comando

Patrícia Sanches e Glaucia Colognesi (Atualizada às 11h31)

Foto: Rodinei Crescêncio
Foto: Rodinei Crescêncio -- Pedido de afastamento do presidente foi lido pelo líder do Governo Leonardo Olivieira
Pedido de afastamento do presidente foi lido pelo líder do Governo Leonardo Olivieira
 O clima azedou de vez na Câmara de Cuiabá durante a sessão desta quinta (29). Os vereadores da base subscreveram pedido interposto pelo líder do prefeito Mauro Mendes no Legislativo, Leonardo Oliveira (PTB), e cobram o imediato afastamento do presidente João Emanuel (PSD) do cargo. Caso o Plenário aprove o pedido, ele deixa o posto ainda hoje (29) e terá 15 dias para apresentar a defesa. A solicitação foi lida em plenário por Leonardo que reclamou, por exemplo, do presidente não participar das sessões, de desrespeitar o Regimento Interno, não instaurando as CPIs propostas, para não ser investigado.
  Os governistas acusam João Emanuel de prevaricação, desrespeito ao Regimento Interno, quebra de decoro parlamentar e conduta desidiosa, ao não participar das sessões. Ao total, 16 assinaram o pedido. Entre eles, Adevair Cabral e Renivaldo Nascimento, ambos PDT; Chico 2000 (PR); Faissal Kalil e Adilson Levante, os dois do PSB; Primo Derlei (PT do B); Domingos Sávio e Haroldo Kuzai (PMDB); Wilson Kero Kero (PRP), Dilemário Alencar (PTB), Júlio Pinheiro (PTB), Mário Nadaf (PV), Luiz Herinque (PSDC) e Lueci Ramos (PSDB).
  Conforme o vereador Clovito Hugueney (PTB) informou à imprensa, para que João Emanuel seja afastado hoje são necessários 13 votos. O caso, entretanto, ainda terá desdobramentos. Acontece que João Emanuel terá direito a apresentar sua defesa num prazo de 15 dias. Somente depois, os 25 vereadores voltam a apreciar a questão. Neste caso, cassar o mandato dele de presidente do Legislativo serão necessários 17 votos.
Às 10h44 - Presidente diz que pauta está trancada
  O presidente da Câmara João Emanuel afirmou minutos atrás que o pedido não poderá ser votado de imediado porque a pauta está sobrestada (suspensão temporária de deliberação), por isso o pedido não poderá ser votado. Argumenta que há dois vetos do prefeito. O social-democrata, por enquanto, não comentou o teor do pedido. Entre os que saíram em defesa de João Emanuel estão Ricardo Saad (PSDB) e Onofre Júnior (PSB). "Isso que está acontecendo aqui é política, é Big Brother Brasil. Queria saber o medo do prefeito tem uma CPI. Vem representante dando uma de Deus, né Renivaldo. Líder, o senhor não pode falar em chegar cedo, porque o senhor não chega. Tem vereador que nem vem. Entra contra ele também. É Fácil olhar para o outro e acusar", disparou.
  Onofre, por sua vez, reclama que a situação está insustentável e que é necessário manter a calma. "Do jeito que está, tenho que fazer mea culpa. Estamos igual aos 19 do outro mandato", reclama. Clovito também lamentou a situação e classificou o pedido contra João Emanuel como uma "covardia". "Estão querendo matar a oposição dessa casa, que tem 9. No final disso tudo vamos saber quem tem razão".
Às 10h54 - Vereadores defendem proposta
  Os vereadores Faissal e Levante subiram à tribuna para rebater as críticas feitas por aliados de João Emanuel. Os dois afirmaram que o pedido não tem nada haver com a CPI do Maquinário, mas com relação ao descumprimento do Regimento Interno. "Todas as CPIs têm o direito de serem instauradas e de chegarem até o final. Todas. Nós precisamos colocar ordem nessa Casa", afirmou Faissal. Depois, cobrou "pulso" de João Emanuel. Levante também garantiu que o pedido de afastamento não tem qualquer relação com a Prefeitura de Cuiabá.
Às 11h16 - Isso não passa de uma tentativa de golpe, dispara João Emanuel
  Em resposta ao pedido da base aliada, o presidente da Câmara João Emanuel invocou o Regimento Interno da Câmara para solicitar que seja aberto procedimento disciplinar contra todos os vereadores que atentaram contra a moral dele. “Houve reunião da base para definir uma tentativa de golpe, uma tentativa espúria de tirar o presidente. Já que se curvaram o pedido do sétimo andar, vamos até as últimas consequências”, disparou Emanuel.
  João Emanuel afirmou ainda que o pedido formulado pelos vereadores desrespeitou o Regimento Interno do Legislativo, porque, segundo ele, o pedido deveria ter sido formulado à Comissão de Ética, a quem cabe acompanhar a questão. 
  Ás 11h31 - João manobra e permanece presidente
  O vereador João Emanuel, após manobra, submeteu pedido de afastamento apresentado pelo líder do Governo Leonardo de Oliveira como se fosse um requerimento para cassá-lo do cargo de presidente, alegando ser essa a única punição possível para quebra de decoro. Assim, forçou até mesmo a base governista a votar por sua permanência. Logo após a apreciação, João Emanuel gritou e bateu na mesa "Vocês não me cassaram e eu continuo presidente".
Ir para o Blog