O prefeito deveria usar a estratégia de pescador experiente e saber esperar, ainda mais agora que se tornou vidraça. De um lado, está claro que a Mesa Diretora da Câmara quer aumento do duodécimo, o que é um absurdo. A Câmara já recebe R$ 2,7 milhões mensais. Como o prefeito, numa linha mais técnica e sem tanta paciência e traquejo político, não deu a mínima para o pleito dos vereadores, eles começaram a reagir contra o Executivo. Mas, para a sociedade, os parlamentares sustentam a tese de que ganham altos salários para fiscalizar os atos do Executivo e assim estão “fazendo”. É um argumento que deve ser considerado, por mais que o prefeito entenda que o recado implícito não seja esse.
Aprovaram uma CPI para apurar suposta manobra do Palácio Alencastro para beneficiar empresas ligadas a amigos de Mauro. Essa decisão veio após o Ministério Público investigar o caso e nada constatar de irregular. Mesmo assim, um grupo de vereadores, incentivados pelo presidente João Emanuel, quer ir a fundo na investigação. Se o prefeito não repensar a estratégia pode até ser cassado, o que beneficiaria o próprio Emanuel com a cadeira de chefe do Executivo. Com vereador não se brinca. Basta a maioria fazer um complô que cassa o prefeito num piscar de olhos. Historicamente, se vê isso país afora. Prefeitos costumam virar reféns de vereadores.
Mauro, que diz nada temer por estar convicto de que trabalha com transparência e honestidade, deveria ponderar que foi inocentado pelo MPE e que apoia a investida da Câmara, que está no papel de fiscalizar. Ele fez isso, mas cutucou os vereadores. E ainda se “mexeu” nos bastidores para aflorar a crise na relação com o Legislativo. Os dois lados precisam criar juízo. Tanto o prefeito quanto os parlamentares estão iniciando mandato agora. Ou buscam relação institucional respeitosa e pensando na sociedade ou vão continuar transformando o Legislativo na casa dos horrores e de escândalos e o Executivo num Poder da discórdia e sem rumo.