Foi instaurado nesta sexta-feira (15/3) inquérito no Ministério Público
Estadual (MP-GO) referente ao jornal “Diário da Manhã” com vistas a
apurar ofensa aos direitos da criança e do adolescente por divulgação de
imagens retiradas de um vídeo feito por uma moradora de Quirinópolis (a
292 km de Goiânia), que flagrou um homem abusando sexualmente de um
menino de três anos à luz do dia em praça pública.
A reportagem de capa, cujo título foi
“Monstruoso. Repugnante. Inqualificável. Mas que tem que ser mostrado”,
rendeu ao veículo goiano além de uma suposta venda de 23 mil exemplares
e repercussão nacional – de acordo como noticiado pelo próprio
periódico (veja print abaixo) –, a revolta de leitores por meio das
redes sociais e manifestação contrária por parte do Sindicato dos
Jornalistas de Goiás, que emitiu nota de repúdio (leia íntegra abaixo).
O inquérito encontra-se no Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância
e da Juventude do MP a cargo do promotor de justiça Henrique Carlos
Teixeira, da 11ª Promotoria.
Na próxima semana o Sindicato dos Jornalistas de Goiás acionará o MP em
relação à divulgação das imagens não só pelo “Diário da Manhã”, mas
também pelas emissoras TV Anhanguera (que exibiu imagens no jornal “Bom
Dia Goiás”), TV Serra Dourada (“Jornal do Meio-Dia”) e Record Goiás
(programa “Balanço Geral”).
“No caso do ‘Balanço Geral’ eles deixaram o rosto da criança à mostra,
só foi preservada a imagem da consumação do ato. É de indignar”, comenta
o presidente do sindicato, Cláudio Curado Neto. Ele explica que vai
aguardar até a próxima semana porque a coordenadora do CAO da Infância e
da Juventude do MP se encontra de férias. “Na quarta-feira vamos nos
reunir com ela para saber quais medidas adotar. Não é censura, mas uma
busca pelo respeito do Código de Ética dos Jornalistas, do Estatuto da
Criança e do Adolescente e da Constituição Federal”, pontua Curado.
Íntegra da nota de repúdio do sindicato divulgada no Facebook
Caros colegas jornalistas, colem em seus murais. Compartilhem.
DM viola o Estatuto da Criança e do Adolescente fere a ética jornalística e desrespeita toda a sociedade
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Goiás torna
público seu veemente repúdio à publicação, feita pelo jornal Diário da
Manhã, na capa de sua edição de 14 de março de 2013, de fotografias de
um estupro de uma criança, ocorrido num praça pública da cidade de
Quirinópolis. As fotografias são reproduções de um vídeo feito por uma
moradora da cidade e que faz parte do inquérito instaurado pela
Delegacia de Polícia do Município.
O jornal e seus jornalistas têm o dever de levar informações de
interesse público a toda sociedade goiana. Este dever não inclui o
direito de expor crianças que têm suas identidades protegidas pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente. A desfiguração do rosto – recurso
utilizado na reportagem – não impede que a criança seja identificada,
principalmente pelos que possam ter algum tipo de convivência com ela.
Mas as imagens reproduzidas pelo jornal Diário da Manhã não desrespeitam
somente à vítima e seus familiar; desrespeitam a toda sociedade. A
exposição de tamanha violência não tem outra justificativa a não ser a
do lucro fácil com a venda de jornais.
O jornal – e quem decidiu pela publicação das fotografias – feriram o
Código de Ética do Jornalista Brasileiro que em seu artigo 11 estabelece
que o jornalistas não pode divulgar informações “de caráter mórbido,
sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em
cobertura de crimes e acidentes.”
O jornal fere a ética e os princípios do Jornalismo. Também abusa das
liberdades de expressão e de imprensa ao violar os direitos
constitucionais da cidadania. Infelizmente, o caso em voga não se esgota
em si. Práticas semelhantes já ocorreram e podem voltar a ocorrer na
produção pseudojornalística da grande imprensa – principalmente em
jornais e programas de rádio e TV popularescos que não se pautam pela
informação de interesse público e não se preocupam em respeitar a
dignidade humana.
O Sindicato dos Jornalistas de Goiás – entidade sindical sem poder para
fiscalizar o exercício profissional do jornalismo – chama a atenção de
toda a sociedade para a imperiosa necessidade de criação do Conselho
Federal de Jornalistas e seus respectivos Conselhos Regionais para que
casos como este possam ser investigados e os responsáveis punidos por
seus pares.
Defendemos as liberdades de expressão e de imprensa, defendemos o
direito do cidadão à informação e não podemos compactuar com o
desvirtuamento do imprescindível papel do jornalismo para as sociedades
democráticas. Por isso mesmo, condenamos práticas que não dignificam o
jornalismo e a categoria dos jornalistas.
Jornal Opção






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