Valério Mesquita - Escritor

Valério Mesquita - Escritor 

0 mestre Câmara Cascudo, segundo o informante do causo ora narrado, já ouviu dele, certa vez, uma referência. Trata-se de uma cena passada no vagão de luxo de um trem europeu de passageiros que foi assaltado durante o percurso. Os assaltantes ao renderem os passageiros, a esses se dirigiam rudemente com ameaças também de abusar sexualmente das mulheres e dos homens. Um infeliz passageiro, sentado na primeira fila, foi logo tomado como exemplo. Nisso, um cavalheiro no centro do vagão protesta: “Isso é um absurdo. Além de levar nosso dinheiro, teremos que nos submeter ao vexame do abuso sexual?”. Inesperadamente, uma voz com sotaque da Cinelândia, interrompe-o: “Cale a boca, coroa inútil! O que você entende de assalto? Acho que eles devem continuar...”.

02) Num comício em homenagem ao senador José Agripino em Caicó, tempos atrás, em frente ao Hotel Vila do Príncipe, um popular, conhecido por Zé de Dari, ao ver juntos no palanque os contrários: Agripino e Geraldo, Lavô e Wilma, Nelter e Cipriano, Vivaldo e Vidalvo exclamou: “isso aí virou fim do mundo. Juntaram de novo Abel e Caim”.

03) Falar sobre o Atheneu dos idos 50 e 60 é caminhar numa procissão de relembranças. “Seu Babu, quantas declinações existem no Latim?”.”Sei não, professor”. “Sente, zero. Nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo”. Era o cônego Luiz Wanderley arguindo Raimundo Torquato, apelidado de Babu, mas o padre já declinava no “acusativo”: “Babu”. Vascaíno fanático, só havia um jeito de a turma se livrar da terrível chamada oral de latim da segunda-feira: elogiar o Vasco e comentar a sua vitória. No caso de derrota: delenda est Babay!.

04) O fato humorístico, hilariante, pode ocorrer no lar, na rua, no trabalho, enfim, em qualquer lugar porque é um fenômeno humano que não tem idade. Minha mãe, Nair de Andrade Mesquita em Macaíba. Gozava de relativa saúde, mas a lucidez era parcial, concomitante com a idade. Ainda bem. Operada de catarata a sua visita ficou bastante reduzida. Morava em Macaíba, e, todos os dias, ia almoçar ou jantar ao seu lado, cumprindo o dever filial. Certa vez, estenderam roupas no varal situado no quintal perto da sala de copa onde invariavelmente permanecia sentada. Ao contemplar a paisagem enxergou uma vaca no quintal. A enfermeira que lhe assistia procurou dissuadi-la. “Por que Valério comprou uma vaca? Ele não tem fazenda?”. Repetia insistentemente. No almoço, como não poderia deixar de ser a pergunta veio inapelavelmente: “Meu filho, de quem é aquela vaca lá no quintal?”. “Vaca, que vaca?”. Tive que explicar direitinho que foi um erro de visão dela, etc. Ao cabo de cinco minutos, voltou ao assunto: “”Eu só tenho receio que essa vaca vá estragar o meu jardim”. Tornei a repetir que não existia vaca nenhuma. Tudo era produto de sua imaginação. Continuamos o almoço. Ao cabo de pouco tempo, fitando-me com seriedade me inquiriu: “Meu filho, você já tem comprador pra essa vaca?”. Com indulgente paciência filial esclareci que não existia vaca, pois estava equivocada. Na hora do cafezinho quando preparava nova pergunta, resolvi convidá-la para ir ver o animal. Pelo menos não iria ver e deixaria de vez a “invenção”. Conduzi-a até o quintal. Apontei para todos os recantos e mandei retirar as roupas estendidas. “Ta vendo como não existe vaca nenhuma?”. “Sim meu louro, já sei o que você fez. Mandou retirar a vaca para a fazenda de Nídia, sua irmã!”. Diante da impossibilidade de convencer tive que admitir a existência da vaca ficcional. “Mãe é mãe”.

05) O deputado Ricardo Mota observador atendo da cena e espirituoso como sempre, retornou a Natal após passar o carnaval em São Paulo. Indagado se havia assistido no Rio, o desfile do Salgueiro onde desfilaram Garialdi e Vilma Maia. Motinha, sem perder a calma gracejou sem pestanejar: “Vi. Lampião e Maria Bonita...”

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