Ganhei a eleição, mas a oposição não me deixa trabalhar Walace reclama do denuncismo por parte dos adversários e até da Imprensa local


Wallace se diz alvo de perseguições na Câmara e por parte da Família Campos
DÉBORA SIQUEIRA
DA REDAÇÃO
O prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), está em seu primeiro mandato e se equilibra para honrar os compromissos da gestão e fazer investimentos em uma cidade que, de industrial, tem apenas o apelido. 

Com dívida que beira meio bilhão de reais e menos de 15% da população pagando impostos, a saúde financeira da máquina administrativa segue na UTI. 

Nesta entrevista ao MidiaNews, o prefeito fala sobre as perseguições políticas sofridas com a oposição radical do vereador e coronel aposentado da PM  Pery Taborelli e parte da imprensa do outro lado do rio Cuiabá, que, segundo ele, tenta extorqui-lo.

Walace também acusa a família Campos de perseguição, principalmente depois que ele venceu, em 2012, a disputa com Lucimar Campos, esposa do senador Jayme Campos, cacique do DEM em Mato Grosso.

Sobre o episódio das 10 munições de calibre 32 encontradas pela Polícia Federal na sua bagagem, quando ele tentava embarcar no Aeroporto Marechal Rondon, o prefeito reafirmou que foi vítima de uma "armação".

Confira a seguir os principais trechos da entrevista de Wallace Guimarães:

MidiaNews – Prefeito, qual a avaliação do senhor nesses sete primeiros meses de sua gestão?

Thiago Bergamasco
"O ambiente das OSS em Várzea Grande está conturbado. Se Hospital Metropolitano fosse meu, eu faria gestão própria
Walace –
 Tivemos muitas dificuldades, porém, tivemos muitas conquistas. Pegamos a cidade com folha atrasada, férias atrasadas, uma cidade com malha viária destruída, com R$ 406 milhões em dívidas, uma cidade inadimplente sob todos os aspectos e trabalhando bastante, montamos um corpo técnico bastante dedicado, eficiente e estamos em busca de resultados mais promissores. Já conquistamos vários recursos, principalmente em nível do PAC 2, R$ 333 milhões para saneamento integrado para água e esgoto, essa conquista vai fazer com que Várzea Grande saia dos 14% de esgoto tratado para 60% a 65% de tratamento de água e universalizar água de qualidade para todo cidadão várzea-grandense.

Claro que conquistar no Ministério das Cidades não significa execução imediata, significa aprovação e projetos junto a Caixa Econômica Federal, a partir daí destravar os projetos para a execução dos projetos. Conquistamos aproximadamente R$ 7,1 milhões que vai promover a transformação de 18% de PSF (Programa Saúde da Família) para 70% a 75% no município de Várzea Grande. Já conquistamos duas UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) e entrego agora em outubro e a outra iniciará ano que vem, no Cristo Rei. Pegamos a cidade com 15 mil crianças de 1 aos 3 anos fora dos centros municipais de educação infantil, conseguimos 13 creches e vamos minimizar essa situação, praticamente colocando 8 a 10 mil crianças dentro das creches. 
"O que está tentando prevalecer na cidade é um denuncismo vazio do coronel Taborelli, que é um vereador e hoje se confunde com coronel e trata o cidadão várzea-grandense com desrespeito. Na verdade, ele não trabalha, não faz um projeto, uma indicação e fica só denunciando"


MidiaNews – Que diagnóstico o senhor faz de Várzea Grande? O que acontece nessa cidade, que é a segunda maior do Estado, mas parece que esta estagnada no tempo, perdendo em dinamismo para Rondonópolis e Sinop, por exemplo. Esse abandono é fruto de quê?

Walace –
 Acho que faltou planejamento. Uma cidade que cresceu fruto de um crescimento desordenado, múltiplas invasões desorganizadas e que não teve uma gestão eficiente, competente com as ferramentas de planejamento estratégico que é fundamental para as transformações de uma cidade. Sem planejamento não acontece, acho que é praticamente isso.

MidiaNews – O senhor não acha que também passou pela corrupção e má vontade política?

Walace – 
Acho que não, é fácil falar em corrupção, prefiro dizer que faltou eficiência.

MidiaNews – Várzea Grande ainda é a cidade industrial ou apenas a cidade-dormitório de Cuiabá?

Walace –
 Dormitório de Cuiabá ela não é, mas considerar cidade industrial eu falaria o seguinte que Várzea Grande é uma cidade mais voltada para o comercio, com poucas indústrias, mas Várzea Grande vai ser ainda um polo industrial e comercial de Mato Grosso. 

MidiaNews - Quando?

Walace -
 A partir de agora.

MidiaNews - Como está a situação financeira da Prefeitura?

Walace –
 Há uma dívida muito grande, aproximadamente R$ 406 milhões em dívidas, porém uma receita muito aquém das demandas sociais.

MidiaNews – O senhor pretende combater isso elevando tributos como o IPTU. Se fala em até 1000% em alguns imóveis... Isso é verdade?

Walace –
 É que as pessoas às vezes preferem noticiar algumas inverdades. Pode até aumentar em 1000%, mas não na alíquota 0,5% a 1,5%, o que vai acontecer é que Várzea Grande desenvolveu, os imóveis valorizaram e não fizeram o novo cadastro. 

MidiaNews - Qual foi o último aumento do IPTU?

Walace –
 A cidade tem muito tempo que não é cadastrada novamente, então quando se faz a valoração da planta genérica é que fala que vai aumentar o IPTU. Quando um imóvel que custava R$ 10 o m², hoje ele custa R$ 250 o m² e se paga o IPTU em cima dos dez reais enquanto se deve pagar em cima do valor real do imóvel. Apenas 14% da população da cidade paga IPTU, isso significa que a arrecadação vai muito mal.

MidiaNews – Há críticas de que o senhor faz muita dispensa de licitação do que processo licitatório. Por que isso ocorre?

Walace –
 São denúncias vazias. Na verdade eu não fiz muitos emergenciais. Eu fiz os emergenciais necessários que a prerrogativa da lei me permite, eu entrei numa gestão em 1º de janeiro sem nenhum contrato vigente, sem nenhum contrato para trabalhar. Como eu ia colocar no dia 20 de fevereiro os alunos na escola, sem merenda escolar? Nenhum pregão eletrônico, por mais eficiente que seja, é realizado em menos de 60 dias. Eu fiz os emergenciais na merenda escolar. Agora, pela primeira vez na cidade de Várzea Grande que após os emergenciais fizemos pregão eletrônico. Fizemos o emergencial para a compra do combustível e em 30 dias fizemos o pregão eletrônico. A mesma pessoa que me criticou porque fiz o emergencial, me criticou porque fiz o pregão. São denuncismo apenas. 

MidiaNews – O denuncismo faz parte do modo de fazer política em Várzea Grande?

Walace –
 Faz parte de alguns veículos de Várzea Grande que trabalha no sentido de comprometer o prefeito e tentar a extorsão. Não vou citar nomes por uma questão de ética, mas não trabalho dessa forma. Não trabalho com verba de zelo, não pago por verba de proteção. A prefeitura paga por campanhas institucionais para ajudar a cidade. Não preciso pagar para proteger prefeito, sou transitório ali. Acaba meu mandato e entra outro ali.

"O denuncismo faz parte de alguns veículos de Várzea Grande, que trabalham no sentido de comprometer o prefeito e tentar a extorsão. Não vou citar nomes por uma questão de ética, mas não trabalho dessa forma. Não trabalho com verba de zelo, não pago por verba de proteção. A Prefeitura paga por campanhas institucionais para ajudar a cidade. Não preciso pagar para proteger prefeito, sou transitório ali"
MidiaNews – Quanto tempo o senhor acha que deve ser necessário para recuperar a cidade de Várzea Grande?

Walace –
 Várzea Grande é uma cidade extremamente procurada, está em boom de desenvolvimento. Chegou um shopping de R$ 200 milhões e já se fala em um novo shopping. Vários centros de distribuição estão chegando a cidade e a procura é cada vez maior, condomínios do Minha Casa, Minha Vida ao alto padrão.

MidiaNews – O senhor acha que esses investimentos são reflexos das obras da Copa?

Walace – 
Esta ajudando bastante, com certeza.

MidiaNews – O que o senhor acha do andamento das obras da Copa em Várzea Grande?

Walace –
 Estão bem avançadas, a única duvidazinha é o VLT.

MidiaNews – O senhor falou em cassar o alvará do Consórcio VLT, se a empresa não promovesse a recuperação das ruas utilizadas como desvios das obras. O senhor vai cumprir isso?

Walace –
 Eles estão trabalhando sem alvará há uns 15 dias, eles tinham alvará provisório. Nós não vamos fornecer enquanto não tomar uma providência em relação a cidade. Eles estão irregulares, nós estamos negociando com a Secopa o recapeamento do bairro da Manga e ali no Zero (Zero quilômetro). Nós estamos trabalhando para que venham recursos do Estado para a recuperação das vias. A prefeitura não tem recurso para isso, fizemos 32 km de recapeamento porque não é só bairro da Manga, a cidade inteira estava destruída. 

MidiaNews – O senhor responde a processo na Justiça por suposto "Caixa 2", movido pela sua ex-adversária Lucimar Campos (DEM). O senhor cometeu o crime?

Walace –
 Subjetivamente, eles acham que fiz uma campanha grande, pelo tanto que gastei. Mas todo mundo sabe que eu sou médico, uma pessoa simples, não tenho a fortuna que eles têm. Não podem comparar os meus gastos com os gastos deles. Meu gasto é muito menor do que o gasto deles, talvez, eles poderiam fazer uma auto avaliação da campanha deles com a minha. Minha campanha foi pé no chão, na rua, campanha aguerrida, com partidos aguerridos. Eles trabalharam achando que o nome deles ia perpetuar na história de Várzea Grande, infelizmente, para eles, sai vitorioso e isso eles não conseguem engolir. 

MidiaNews – O senhor acha que os Campos ainda não digeriram essa derrotada?

Walace –
 Com certeza não. Quando eu perdi a campanha para o Murilo por uma diferença de 500 votos, falei: Deixa o homem trabalhar. Agora, eu ganhei por quase 3.500 votos e eles não querem deixar o homem trabalhar. 

MidiaNews – Qual a diferença entre o senhor e a família Campos no que se refere a fazer política?

Walace – 
Eu faço politica com pé no chão, com simplicidade, pedindo votos nas casas das pessoas e procuro tratar todo mundo com respeito e com amor. 

MidiaNews – Em relação às 10 munições encontradas na sua bolsa, o senhor acha que foi um descuido ou algo intencional para prejudicá-lo?

Walace – 
Descuido não foi porque eu não possuo esse calibre, então não posso esquecer o que eu não tenho, para mim foi plantado na minha bolsa. 

MidiaNews – Quem teria interesse em denegrir a imagem do prefeito?

Walace – 
Aí é uma coisa complicada. Eu procuro tratar todo mundo bem, mas a gente não sabe o que se passa na cabeça das pessoas. A violência, às vezes vem, de onde não se espera, mas eu prefiro não ficar fazendo denúncia vazia, mas uma coisa posso dizer isso não foi feito para me proteger, mas para me expor. 

MidiaNews – O senhor disse que tem um revólver de calibre 38 em casa. O senhor sabe atirar? Para que mantém uma arma de casa? 
MidiaNews
"O grande desafio é melhorar a eficiência da arrecadação do município. É um município arrecada muito mal".


Walace – 
Eu moro em casa, tenho registro e como cidadão de bem acho que tenho que ter por uma questão pessoal dentro do meu domicílio. Eu sei que às vezes é até preocupante, mas prefiro não omitir o fato. A arma registrada e não é para usar aleatoriamente. 

MidiaNews – O senhor acha justo que a Câmara abra um processos de quebra de decoro contra o senhor, em razão desse episódio?

Walace –
 Isso não é a Câmara é uma pessoa. A maioria dos vereadores não tem esse pensamento, eles sabem minha maneira de tratar, de trabalhar, o tanto que sou pacífico. Tenho 51 anos de idade, sou médico da cidade com propósito de salvar vidas e não de destruir vidas e essas pessoas que fazem denuncismo são bem diferentes de mim. Procura na minha vida se algum dia tive alguma desavença acalorada com alguém. 

MidiaNews – Várzea Grande ainda é uma cidade de forte coronelismo?

Walace –
 Não acredito que seja não. Aqueles que queiram se intitular coronéis estão fadados ao insucesso. Várzea Grande é uma cidade boa de morar, de um povo ordeiro e pacífico e o que esta tentando se prevalecer na cidade é um denuncismo vazio do coronel Taborelli, que é um vereador e hoje se confunde às vezes como vereador e coronel e trata o cidadão várzea-grandense com desrespeito, porque na verdade não trabalha, não faz um projeto, uma indicação e fica só denunciando. Denunciando o quê? Um prefeito que fez 32 km de asfalto, de recapeamento. Mas construções não se fazem do dia para noite, se faz com tempo. 

MidiaNews – Essa onda de ‘denuncismo’ seriam resquícios da eleição ou uma forma de projeção política?

Walace –
 A Câmara Municipal pelo menos 20 vereadores foram solidários a mim, um ou dois, mas quem esta mesmo nessa proposta de denuncismo vazio é Taborelli que acha que vai prosperar politicamente com isso. É uma forma de tentar se projetar. 

MidiaNews – Em relação a 2014, o senhor defende que o governador Silval Barbosa termine o mandato ou dispute o Senado?

Walace –
 É uma decisão de foro íntimo do governador. Se ele sair ao senado há grandes chances da sua eleição, mas vejo que o Mato Grosso precisa muito dele é um momento de muita responsabilidade, com obras para ser executada como o MT Integrado e as obras da Copa do Mundo. Acho que o Silval fizer será de boa conduta, mas eu acredito que ele fica no mandato. 

MidiaNews – Como militante e prefeito eleito pelo PMDB, o senhor acha que o partido terá candidatura própria para sucessão de Silval ou deve fazer aliança? Se for coligar, com quem o senhor acha viável?

Walace -
 Se for um nome com vontade e visibilidade política, acho que todo partido deve concorrer, agora as coligações são sempre bem-vindas. O PMDB tem um arco de aliança forte e gostaria, claro, que permanecesse.

MidiaNews – A sua esposa Jaqueline será candidata?

Walace –
 Por ora não, mas Várzea Grande precisa de candidato, para federal a Jaqueline seria um nome, mas preciso muito dela na secretaria de saúde, temos uma responsabilidade muito grande com a população. Talvez se ela se ausentar traria dificuldades para mim. É uma pessoa preparada. 

MidiaNews – Como médico, o senhor defende as OSS (Organizações Sociais de Saúde)? 
MidiaNews

Walace –
 Sim, há  OSSexcelentes, mas o modelo está um pouco conturbado em Várzea Grande. Se o Hospital Metropolitano fosse meu, eu faria gestão própria.