ANALISTA DISPARA “Antiga gestão fazia devolução à prefeitura. Por que 'diabos' agora querem mais dinheiro?”

Alfredo da Mota Menezes concorda que crise entre Mendes e João Emanuel é motivada por orçamento

ANA ADÉLIA JÁCOMO27/08/2013 06:02, atualizado às 27/08/2013 09:38
Em meio ao turbilhão da crise entre os Poderes Executivo e Legislativo da Capital, o cientista político Alfredo da Mota Menezes relembrou que o ex-presidente da Câmara de Vereadores, Júlio Pinheiro (PTB), chegou a devolver R$ 5 milhões ao ex-prefeito Chico Galindo (PTB), valor economizado do duodécimo da Casa ao longo da antiga gestão.
Em contrapartida, o atual presidente João Emanuel (PSD), segundo acusação da base aliada do prefeito (Leia AQUI), tem travado uma verdadeira batalha jurídica com o prefeito Mauro Mendes (PSB). O objetivo seria aumentar o duodécimo da Casa, que recebe R$ 2,7 milhões por mês.
Alfredo diz que é favorável à criação de todas as cinco CPI´s instauradas pela Câmara, mas alfineta o presidente ao afirmar que, de fato, o orçamento é a motivação da crise entre prefeitura e Câmara.
“Tem que criar quantas CPI´s for preciso, mas a Câmara recebe cerca de R$ 39 milhões por ano. A prefeitura diz que não tem como aumentar o orçamento, no entanto, o presidente foi ao TCE saber se tinha direito a mais dinheiro e o Tribunal disse que não. Eu lembro que a antiga gestão fazia devoluções à prefeitura. Ora, a antiga gestão fazia devolução à prefeitura. Por que 'diabos' agora querem mais dinheiro?”, questionou o profissional.
Há na Câmara cinco CPI´s instauradas. A CPI dos Maquinários e CPI da CAB Cuiabá – responsável pelo abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Esta última não atinge o prefeito Mauro Mendes, já que a concessão foi feita pelo ex-prefeito Chico Galindo.
A base de sustentação do prefeito é responsável pela criação de mais três CPI´s: da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); do processo legislativo e de grilagem de terras nos bairros Dr. Fábio I e II. A primeira foi proposta pelo vereador Júlio Pinheiro (PTB), que afirma ter subsídios para provar que houve manipulação no orçamento, que dá poder ao prefeito em fazer remanejamento de montantes entre as pastas do staff. De 5% foi baixado para 0,5%.
A CPI do processo legislativo foi proposta pelo vereador Adilson da Levante (PSB) e trata da aprovação de leis, que segundo a comissão, sofreram alterações depois de aprovadas. A última CPI foi criada pelo líder do prefeito na Câmara, Leonardo de Oliveira (PTB). Ele acusa João Emanuel de praticar grilagem de terras na Capital enquanto era secretário municipal de Habitação, em 2011.
“Se na CPI dos Maquinários nada ficar comprovado contra o prefeito, será uma demonstração da falta de tato. Idealizaram a CPI em um dia, e no outro publicaram a matéria que a Câmara quer aumentar o duodécimo em R$ 7 milhões. Essa pressão é até normal, porque a Câmara quer mais recursos e o Mauro não quer dar”, avaliou Alfredo.
CASA DOS HORRORES
A declaração de Alfredo causa uma “saia-justa” no presidente João Emanuel. Júlio Pinheiro foi um dos presidentes mais polêmicos da atualidade. Além de ter admitido publicamente que sofria de alcoolismo, o petebista chegou a agredir a esposa durante a legislatura e foi parar na delegacia. O escândalo quase fez com que Júlio sofresse uma punição por quebra de decoro.
Além das questões pessoais, foi na gestão do ex-presidente que a concessão da CAB Ambiental se concretizou. Numa sessão atípica, ele aprovou a “privatização” da Sanecap e sofreu fortes retaliações por conta da manobra. Contrários à ideia chegaram a invadir o plenário para agredir verbalmente os vereadores.
João Emanuel se elegeu justamente com a proposta de renovação. Eleito com mais de cinco mil votos, o presidente, agora, tem por obrigação comprovar as denúncias contra o prefeito. Segundo Alfredo, caso contrário, ele irá perder a credibilidade. “Se nada ficar comprovado, fica claro o interesse em atingir o Mauro Mendes para se vingar pela contenção do orçamento”.