Em depoimento à CPI, prefeito suspeito de manter rede de exploração sexual diz que acusações são levianas
Comissão afirma que provas são contundentes e pedirá quebra de sigilo telefônico de envolvidos
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Câmara dos Deputados ouviu nesta terça-feira (27), a portas fechadas, o prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro (PRP). Ele é acusado de chefiar uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. Após depoimento, Adail classificou as acusações como levianas.
— Eu lamento profundamente que a gente tenha que conviver com esse tipo de situação, são acusações levianas, que não têm nenhum fundamento e vou estar sempre à disposição para qualquer esclarecimento aqui na Câmara dos Deputados.
O prefeito começou a ser investigado pela PF (Polícia Federal) na Operação Vorax e foi denunciado pelo Ministério Público por chefiar a rede de prostituição infantil em 2008. Para a relatora da CPI, deputada federal Liliam Sá (PSD-RJ), há provas contundentes da participação do prefeito no esquema.
— Não são acusações levianas porque nós temos materialidade em relação às acusações que foram feitas, que foram gravíssimas contra ele, inclusive ele não respondeu do envolvimento dele com pessoas que já foram indiciadas na CPI da Pedofilia.
A comissão vai pedir nos próximos dias a quebra do sigilo telefônico do prefeito e de outros suspeitos de manter uma rede de exploração sexual. Ainda segundo a relatora, há novas denúncias envolvendo o político. Para o deputado Oliveira Filho (PRB-PR), o prefeito já deveria estar preso.
— A impunidade protege os poderosos. Em qualquer outro lugar do mundo, este prefeito já estaria preso pelo crime de exploração sexual de menores. Está claro, tem evidências, provas, a degravação da polícia federal, os depoimentos verídicos.
Depoimentos
Nesta segunda-feira (26), a CPI ouviu os depoimentos de cinco assessores e ex-assessores do prefeito, também reservadamente. A presidente da comissão, Erika Kokay (PT-DF) explicou que os depoimentos são reservados porque o caso está em segredo de justiça. Para a parlamentar, as falas foram esclarecedoras.
— Eu diria que foram depoimentos muito ricos para o processo de investigação da CPI, depoimentos que deixam de forma muito clara essa promiscuidade, essa lógica patrominialista do próprio prefeito e as contradições que se carregam os depoimentos e ainda essa tentativa de desqualificar a CPI, atribuindo uma armação.
Foram ouvidos nesta segunda, em uma sessão de sete horas, os ex-secretários municipais de Coari, Adriano Salam e Maria Lândia Rodrigues dos Santos, o ex-assessor Haroldo Portela e os servidores Anselmo Nascimento dos Santos e Elias Nascimento dos Santos.
Em julho, a CPI esteve no município de Coari, onde foi recebida com protestos, tanto por parte dos acusados do crime de pedofilia no município amazonense, como da população, que pedia o fim da impunidade. Mesmo sob protestos, a CPI conseguiu ouvir na cidade os depoimentos de dez testemunhas do suposto esquema de aliciamento e prostituição de menores.