Nomeação de “lista suja” para a secretária de Cultura do Mato Grosso gera novas manifestações


Afirmando ser incoerente promover prêmio sobre o combate ao trabalho escravo e manter Janete Riva no governo, Pedro Casaldáliga pede retirada de seu nome da premiação

Escrito por: Brasil de Fato

O bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga, pediu a retirada de seu nome do prêmio de jornalismo promovido pela Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) de Mato Grosso. O pedido foi entregue, formalmente, ao governo estadual nesta segunda-feira (25).

A justificativa é a permanência de Janete Riva no cargo de secretária estadual de Cultura. Isto porque, em 2012, Janete foi incluída na Lista Suja do Trabalho Escravo. Para o bispo, é uma incoerência o governo de Mato Grosso promover o Prêmio Nacional de Jornalismo Dom Pedro Casaldáliga, que visa incentivar o combate ao trabalho escravo, e manter Janete como secretária.
“Considerando que a fazenda de propriedade da secretária de Cultura do estado de Mato Grosso, Janete Riva, consta da Lista Suja do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho, eu peço que meu nome seja retirado do prêmio do concurso de jornalismo organizado pela Coetrae/MT”, disse Dom Pedro em nota.
A nomeação de Janete Riva tem sido alvo de críticas de várias organizações sociais. Na semana passada, o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso pediu a sua exoneração. No entanto, o governo do estado, através da Casa Civil, afirmou em nota que não retrocederia do ato de nomeação, sob o argumento de que não há provas de trabalho em situação análoga à escravidão na propriedade da secretária de Cultura.
Janete Riva teve seu nome incluído na lista suja do Ministério do Trabalho após sete pessoas terem sido libertadas de situação análoga à escravidão, em 2010, em uma de suas propriedades no município de Juara (MT). Janete é esposa do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, o deputado José Riva (PSD).

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