Os casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes lideram as ocorrências que chegam até o Creas/Paef (Centro de Referência Especializado de Assistência Social, de Proteção e Atendimento à Família e ao Indivíduo), relacionadas aos menores de 18 anos. Os registros têm aumentado com o passar dos anos e muitos daqueles que cometem este tipo violação são pessoas próximas ao convívio de amizade ou familiar dos jovens.
Este ano foram registrados sete casos de abuso sexual. No ano passado todo foram 90, quase 70% do total de 129 ocorrências que chegaram até o Centro. O local atende também casos de violência psicológica, física, negligência, abandono e trabalho infantil, registrados no disque denúncia ou encaminhados por outras instituições, como é o caso do Conselho Tutelar, delegacias e órgãos de Judiciário.
Segundo a psicóloga do Creas, Adriana Garritano, muitos dos casos de abuso ocorrem no ambiente familiar, já que o agressor geralmente espera ter a confiança da criança, seja este homem ou mulher. “Essa história de que alguém encontra e violência na rua é rara, a maioria é com um conhecido da família que tem acesso à intimidade da criança”, explica. Ela ainda lembra que a lei brasileira considera abuso não só o estupro, mas inclui desde forçar a criança a assistir pornografia.
De acordo com ela, a família deve ficar atenta às mudanças de comportamento da criança. “O pai e a mãe precisam criar um espaço de diálogo aberto para a criança, dando assim segurança emocional para que ela se sinta a vontade para falar coisas difíceis. Muitas crianças acham que a culpa foi dela, por isso a criança não conta”, afirmou. Ainda lembra que é importante não expor a criança a outros tipos de violência.
Para Kézia Gouvêa Zago, coordenadora do Conselho Tutelar – órgão que recebe boa parte das denúncias –, a tendência é que os casos aumentem com o passar dos anos. Um dos fatores é a ‘banalização da sexualidade’, que acaba colaborando para abrir brecha para os casos de abuso.
“A sexualidade de uma maneira geral e, também das crianças, está muito aflorada hoje e, muitas vezes, os próprios pais são responsáveis por isso porque permitem que elas tenham contato com programas de televisão com cenas de sexo, musicais sensuais. Hoje vemos crianças de dois ou três anos rebolando de shortinho e meninas de 10 ou 11 anos tendo relação sexual com meninos de 15 ou 16 anos”, explica. A conselheira ainda lembra que os pais têm papel importante em atuar como protetores dos filhos, já que muitos dos casos ocorrem em lares desestruturados.
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