Renúncia de Malheiros foi 3 traições numa única pancada, avalia analista


Foto: Maurício Barbant/AL
Renúncia de Malheiros foi 3 traições numa única pancada, avalia analista
Renúncia de Malheiros foi 3 traições numa única pancada, avalia analista
João Malheiros (PR) renunciou ao cargo de vice-prefeito de Cuiabá 48 horas após a diplomação.

A renúncia de João Malheiros (PR), que refutou o cargo de vice-prefeito de Cuiabá 48 horas após a diplomação, representa “três traições com uma única pancada”. A avaliação foi feita pelo cientista político João Edson Souza.

Segundo o analista, a primeira traição de Malheiros atingiu o PR, que trabalhou o ano inteiro para viabilizar a candidatura a prefeito do então secretário estadual de Logistica Intermodal de Transporte Francisco Vuolo. “Malheiros aproveitou a convenção partidária para dar um golpe e tirar Vuolo da jogada. Assim, se bancou candidato a vice em detrimento de Vuolo, que é um político jovem, íntegro e que certamente iria concluir o mandato. A consequência foi uma série de conflitos internos no PR, que provocaram desfiliação do correligionário”, lembrou.

João Edson também afirma que Malheiros traiu o companheiro de chapa Mauro Mendes (PSB). O prefeito diplomado, na avaliação do cientista político, ficou desguarnecido com a renúncia. “Agora, dependendo de quem presidir a Câmara de Vereadores, Mauro não poderá nem viajar tranquilo. Malheiros queria empregos na prefeitura e como não foi atendido, acabou renunciado. Dessa forma, traiu o companheiro de chapa com quem fez campanha durante 4 meses”, avalia.

A principal traição, de acordo com João Edson, foi contra os eleitores cuiabanos. Na opinião de João Edson, a população esperava que Malheiros cumprisse o mandato para o qual foi eleito pelo voto da maioria. “Ao renunciar, Malheiros simpleste desconsiderou os votos recebidos. Para piorar, a eleição foi vencida em 2º turno, após disputa bastante acirrada. Isso gerou uma expectativa no eleitorado, que não foi correspondida pelo político”, afirma.

O argumento de Malheiros, que alegou ter renunciado ao cargo de vice porque pode ajudar mais Cuiabá como deputado estadual, foi classificado como “balela” por João Edson. “ A história não colou porque Malheiros já exerceu inúmeros mandatos. Se fosse um político jovem e inexperiente até colaria, mas ficou evidente que a renúncia foi motivada porque Mauro Mendes negou cargos para seus parentes. Além disso, o apego ao salário de parlamentar pode ter falado mais alto”, acredita o cientista político.

Além disso, Jõao Edson acredita que Malheiros ficou em “maus lençóis” perante a classe política. Para o analista, sua imagem ficou comprometida porque o acordo firmado na composição da chapa foi quebrado de forma unilateral.

“A quebra de acordos pega muito mal no meio político. Certamente, Malheiros ficará com a pecha de pouco confiável entre os colegas. Apesar de tudo que ficamos sabendo pelos notíciarios, a política também exige ética. A restauração da imagem é um processo demorado”, pondera.

O último vice-prefeito que renunciou ao cargo foi Roberto Nunes, em 1996. Eleito vice de Roberto França, também preferiu continuar deputado estadual, concluiu o mandato e acabou desaparecendo do cenário político. João Edson avalia que Malheiros deve vivenciar o mesmo processo. “Somente uma grande atuação política pode reveter o desgaste. Acontece que Malheiros é muito pacato e tem a atuação apagada. Por isso, tudo indica que sua carreira foi sepultada”, concluiu.
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