O dilema de Mauro Mendes

Mauro Mendes venceu a duas eleição para prefeito de Cuiabá num atropelo de altos e baixos durante as campanhas do primeiro e do segundo turno. Seu discurso fundamental girou em torno da capacidade de produzir e realizar uma boa gestão para Cuiabá.

Aqui mora o seu dilema!

Ou faz uma gestão inovadora, independente e livre da influência dos políticos tradicionaiscomo fez o governador Blairo Maggi no primeiro mandato, ou morre na saída. As sucessivas gestões de Cuiabá tem sido só politiqueiras. A cidade ao escolher Mauro Mendes, em detrimento de uma inegável simpatia angariada pelo oponente Lúdio Cabral, fez realmente uma escolha: optou pela esperança de uma gestão eficaz, eficiente, transparente e não-política.
A expectativa da população de Cuiabá é, de saída, pelos sinais de uma gestão efetivamente em favor da cidade. Isso significa dizer algumas coisas como enquadrar a vergonhosa Câmara de Vereadores da capital, para que deixe de ser esse quartel de quadrilha. Mas, em primeiro lugar, mostrar que é ele é o prefeito de Cuiabá! Vai precisar começar com o pulso suficiente para mostrar quem vai governar a cidade que vem de tombo em tombo com administrações medíocres.
Claro que sofrerá de imediato a pressão da política tradicional que vai tentar desmoralizá-lo e desqualificar sua gestão, para poder assumir o mesmo controle de sempre.
Aqui talvez seja o ponto. Mauro Mendes precisará ter a sabedoria e a capacidade de firmar um pacto transparente e claro com a sociedade de Cuiabá, para ter o respaldo que o proteja na luta contra adversários poderosos. Mas para isso precisará construir uma linguagem honesta com a sociedade como uma forma de blindagem. Esse desafio será imediato, sob pena de ser apenas mais um prefeito com boas intenções. Em 2005 quando estourou o “Mensalão”, o presidente Lula ficou isolado e conseguiu alavancar o seu paralítico programa “Fome Zero” com as bolsas família, etc. e firmou um pacto com a população pobre. Virou o ídolo que virou.
A sociedade é melhor conselheira do que os interesses políticos. Um prefeito articulado com a sociedade evitará futuramente esse escandaloso “alinhamento” que surgiu na eleição de 2012, sugerindo a criação de “os meus” e os “contra mim”. Uma vergonha! Todo mundo paga impostos para ter uma boa gestão, não importando quem esteja “mandando” nos governos.
Alinhado com a sociedade, numa linguagem permanente, Mauro Mendes poderá construir a gestão que prometeu. É a sua única chance de ser o prefeito esperado, além de se tornar uma espécie de “governador de Cuiabá”, pela importância social, econômica e política da capital. Esse é o seu dilema: ser ou não ser o prefeito!
Por Onofre Ribeiro, é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br