Segundo a psicóloga Erika Cristina Magesto, para explicar como alguns pais chegam a atitudes extremas, é bom destacar que algumas drogas potencializam a agressividade e impulsividade, além de diminuir a capacidade para avaliar adequadamente a realidade. “Ao mesmo tempo, o dependente químico, quando em fase de abstinência, é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir a droga, mesmo roubar de pessoas queridas e, em casos extremos, matar aquele que representaria uma ameaça à execução de seus planos.
As famílias, por sua vez, ficam de mão atadas, pois se veem prejudicadas emocional e financeiramente”, explica e acrescenta: “o desespero muitas vezes toma conta de pais que, vendo seus filhos morrerem aos poucos, e já tendo procurado outras formas de ajudá-los, decidem procurar a polícia, trancar os filhos em casa, ou mandá-los para algum lugar distante sob os cuidados de outra pessoa”, conta.
Para a especialista, não existe nenhum tipo de educação que irá garantir que um adolescente não use drogas, “por isso, não siga o pensamento de que isso só acontecerá com o outro. Os pais podem e devem estar sempre atentos às atitudes dos filhos, fazendo o controle enquanto eles ainda não possuem mecanismos de autorregulação”.
Isso significa que os pais devem saber e controlar lugares que frequentam, conhecer amigos, colocar limites e impor regras. Ao ser cuidado, ele será capaz de aprender a se cuidar. “E o mais importante: não se omitam! Muitos preferem ficar na dúvida para não ter que entrar neste assunto tão delicado, mas que precisa ser falado. Conhecer os sentimentos e estar sempre presente na vida dos filhos não irão impedi-lo de entrar neste mundo das drogas, mas certamente ele conseguirá olhar para outros caminhos e optar”, afirma.
Outro problema existente quando se fala sobre o uso de drogas refere-se ao tratamento dessas pessoas.
Em Rio Claro, o atendimento aos dependentes químicos acontece em três lugares: Centro de Referência da Infância e Adolescência de Rio Claro (Criari), Centro de Atenção Psicossocial III (Caps), e Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD).
No primeiro, o atendimento é voltado às crianças e adolescentes; o segundo é voltado ao trabalho de resguardo a crises e o Caps AD atende os adultos portadores de transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas.
As equipes que atuam nos trabalhos incluem médico, assistente social, terapeuta ocupacional, psicólogo, enfermeiro, técnico de enfermagem e equipe de apoio.
Entre os tratamentos estão os individuais com medicamentos, psicoterápico, atendimentos em grupos, oficinas terapêuticas, visitas domiciliares, atividades comunitárias, entre outros.
Segundo a psicóloga Erika Magesto, no âmbito do tratamento ao dependente químico, verifica-se um alto índice de recaída, evidenciando um sucesso limitado das alternativas terapêuticas disponíveis. “Não podemos nos esquecer de que as drogas estão superexpostas em nossa sociedade e muitos iniciam o uso pela curiosidade, depois para renovar a sensação de alívio momentâneo que algumas substâncias provocam. Os aspectos emocionais e fisiológicos estão intimamente ligados e os projetos de políticas públicas não podem perder isso de vista, investindo sempre mais nos tratamentos, mas repensando também o projeto de Redução de Danos”, salienta.
Janyne Godoy
Fonte: Jornal Cidade