Em artigo, jornalista condena articulações políticas do prefeito e doação de verba


Da Redação
O jornalista e marqueteiro Paulo Leite condenou, em artigo publicado na imprensa, a forma como o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), está buscando o entendimento com a Câmara de Vereadores, ao encaminhar uma mensagem criando uma verba indenizatória própria. A medida é uma forma de regularizar a verba indenizatória dos vereadores, que vem sendo contestado pelo Ministério Público Estadual.

De acordo com Paulo Leite, a atitude contradiz com o discurso adotado pelo prefeito na campanha, onde pregava o zelo e a boa aplicação do dinheiro público. Ele justifica que o entendimento com os vereadores, iniciado com o "apelo pela verba", mostra a fragilidade do prefeito nas articulações políticas.
Para o jornalista, a verba dos vereadores é um benefício necessário, já que o gabinete dos parlamentares não detém orçamento. Ao contrário do prefeito, que terá a verba como complemento salarial. "Pior, o benefício foi estendido aos secretários".
Por conta deste complemento salarial, Paulo Leite entende que a mensagem reduzindo o o próprio salário é apenas um jogo de cena do prefeito de Cuiabá.
Nem mesmo o fato de mostrar a intenção de doar a verba fez o marqueteiro poupar o prefeito. Segundo ele, não passa de assistencialismo bancado com dinheiro público. "Como diziam os caboclos, quer fazer cortesia com chapéu alheio", resumiu.
Veja íntegra do artigo:
Chapéu alheio
Um velho ensinamento popular dita que mais vale um “mau acordo, do que uma boa briga”. Em escambos mercantis talvez esta regra se aplique. Porém, quando se tratam de convicções e filosofias, qualquer conchavo pode desaguar em vícios e deformidades. No caso específico da gestão pública, um acordo mal explicado pode gerar constrangimentos e prejuízos políticos incalculáveis.
Pois bem, ao propor a criação da verba indenizatória de 25 mil reais para si próprio, o prefeito Mauro Mendes conseguiu um bom entendimento com a Câmara dos Vereadores, que se via emparedada com a reprovação, pelo Ministério Público, desta sinecura para os seus membros.
Nosso alcaide noviço legitimou a famigerada verba de gabinete, aliviando do ombro dos legisladores o vexame da autoria de matéria tão impopular.
Mas, se por um lado acena com gestos conciliatórios para os vereadores, por outro, dá uma bofetada em quem acreditou que sua eleição traria mudanças na condução política do Palácio Alencastro. Não, Mendes sucumbiu ao clientelismo e ao deplorável arremedo dos versos franciscanos de que “é dando que se recebe”.
Mauro elegeu-se com o discurso moralizador, do empresário que queria doar sua experiência gerencial à cidade, avesso ao conchavo político e um homem de convicções firmes e inegociáveis.
Toda essa prosopopéia caiu por terra. Tornou-se presa fácil de interesses inconfessáveis e maculou seus compromissos eleitorais. Até agora, Mauro Mendes tem se enroscado numa teia de contradições e jogos de poder. Viu-se derrotado na disputa para a mesa diretora da Câmara Municipal e daí em diante, tem demonstrado fragilidade na articulação dos negócios políticos de sua gestão.
Considero justificável a “verba indenizatória” paga os legisladores, pois eles necessitam de insumos para desenvolver suas ações. Além do mais, seus gabinetes não representam unidades orçamentárias e, portanto, não possuem legalidade administrativa para promoverem despesas. Sendo assim, o reembolso de custos inerentes ao exercício parlamentar é uma alternativa plausível.
Tudo, obviamente, dentro de critérios de austeridade e do bom uso do dinheiro público. Principalmente, com a prestação de contas dos gastos praticados.
Agora, o prefeito não! Seu gabinete dispõe de orçamento próprio e qualquer investimento ou aquisição está coberto juridicamente. Além do mais, os mandatários ainda contam com a facilidade do cartão corporativo para despesas de pequena monta.
E o pior: a Câmara estendeu o benefício para os secretários municipais. Ou seja, a verba indenizatória transformou-se de fato em complemento salarial. É uma maneira ardilosa de escamotear os proventos dos altos servidores da cidade, negando aos demais funcionários o direito à indexação de seus salários aos ganhos do prefeito e seus secretários.
Por isso mesmo, Mendes enviou para a Câmara Municipal projeto de lei reduzindo seus vencimentos. É só um jogo de cena, pois em direção oposta criou a verba de gabinete, que não serve de cálculo para alavancar os salários das demais categorias da carreira municipal.
Tentando mitigar os desastrosos efeitos políticos desta medida, Mauro Mendes anunciou que irá doar a verba indenizatória. Primeiro, trata-se de uma decisão ilegal. Depois, de uma atitude imoral, pois ele usará dinheiro público para fazer assistencialismo pessoal. Como diziam os caboclos, quer fazer cortesia com chapéu alheio.
Mauro Mendes incorreu em erro. Caiu no canto da sereia... Foi vítima de uma falseta. No futuro, a criação desta verba indenizatória lhe custará caro. Ficará impressa em sua biografia política, como um dedo indicador a lhe cobrar coerência e responsabilidade eleitoral.
(*) PAULO LEITE é jornalista, publicitário e escritor em Mato Grosso.

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