A relação inicial entre o prefeito Mauro Mendes e a Câmara de Vereadores de Cuiabá tem sido muito divergente. No primeiro momento, houve duas trombadas: a eleição do presidente da Câmara e depois a revogação da aprovação do IPTU que tirou 15 milhões dos cofres da Prefeitura. Mas não ficou só nisso. As conversas tem sido marcadas pelo endurecimento de ambos os lados.
Ao contrário do que pode parecer, isso é muito saudável. De um lado, o prefeito nunca teve experiência anterior de mandato político nem parlamentar e nem executivo. A Câmara de Vereadores foi renovada em 75%, equivalentes a 19 vereadores, todos sem experiência parlamentar anterior. Lembrando o velho embate entre a onda e o rochedo, o mar se agita e provoca espumas e muito barulho. Tanto a espuma quanto o barulho são passageiros. De fato, a legislatura anterior foi muito ruim e se deixou transformar numa extensão do Poder Executivo.
Na realidade, a legislatura passada pouco fez pela cidade além de arranjar confusões desnecessárias e de diminuir muito o papel legislativo. É natural, portanto, que a atual, renovada, queira obter um espaço e a independência possível. Já o prefeito herdou uma cidade historicamente sucateada. Não vem de hoje o abandono das gestões cuiabanas.
Coincidindo com a véspera da Copa do Mundo no ano que vem e pressionada pela urgência das obras e da sua própria imagem, a cidade está sofrendo sensações muito conflitantes como as incertezas se tudo estará pronto em junho do ano que vem. Cobra da prefeitura o seu papel de organizar a cidade e dar-lhe uma personalidade perdida. A sociedade espera isso do prefeito Mauro Mendes e confia nele e nas suas promessas. Já a Câmara de Vereadores precisa mesmo ser capaz de cumprir o seu papel de fazer as leis e de fiscalizar a prefeitura.
A sociedade é sábia. Está acompanhando a briga entre os dois poderes e não se manifesta. Sabe que isso faz parte do jogo político. Cabe aos dois poderes se acertarem nas linhas e nas entrelinhas.
Do lado de cá, os cidadãos cuiabanos querem respostas e eficiência. Enquanto isso compreende que as disputas de espaço entre o prefeito e os vereadores é só parte uma liturgia da política que é a de fazer como os cachorros quando chegam num espaço novo: mijam nos cantos para demarcar o território. É o que está acontecendo. Só há um detalhe: não pode demorar muito porque a pressão do tempo é enorme sobre ambos, vinda de uma sociedade tão sofrida quanto a cidade.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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