Prefeito eleito de Cuiabá Mauro Mendes PSB: 100 primeiros dias desafiadores

Prefeito eleito de Cuiabá, o industrial Mauro Mendes, do PSB, se prepara para assumir cargo público executivo após três tentativas em seis anos

Nome: Mauro Mendes Ferreira
Formação: engenheiro elétrico
Estado civil: Casado
Filhos: 2
Natural: Anápolis (GO)
KAMILA ARRUDA
Diário de Cuiabá
O prefeito eleito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), toma posse em 1° de janeiro e já tem suas prioridades elencadas para os primeiros 100 dias de governo. O socialista afirma que irá fazer um trabalho paralelo, uma vez que ainda tem que se inteirar da atual situação do município, e realizar algumas ações emergências.

De acordo com ele, sua primeira atitude será garantir médicos nas unidades de saúde. Além disso, afirma que as obras de construção do novo pronto-socorro da Capital irão começar já no próximo ano. “Temos uma previsão orçamentária para que esta proposta seja iniciada já em 2013. Para isso, estamos estudando o local, que seja de mais fácil acesso, o mais centralizado possível, que permita a construção de uma moderna instalação que possa atender a Cuiabá do presente e do futuro”. 


Mendes ainda acrescenta que, apesar das suspeitas levantadas pelo Tribunal de Contas do Estado a respeito do contrato firmado entre a prefeitura e a Delta Construções Ltda., continuará com o programa “Poeira Zero”. “Eu pretendo dar continuidade ao asfaltamento em Cuiabá. Para o cidadão, não importa se este projeto vai se chamar Poeira Zero, Lama Zero, Asfalto Já ou Poeira Nunca Mais, isso não é relevante. Vou procurar aplicar o dinheiro público, da melhor maneira possível, para que ele possa ser maximizado para produzir os melhores resultados possíveis”.



Diário de Cuiabá - O que o senhor pretende fazer nos primeiros 100 dias de mandato? 
Mauro Mendes - Os primeiros 100 dias serão extremamente desafiadores e irão determinar rumos importantes da nossa administração. Vamos trabalhar muito e ocupar grande parte deste tempo para compreender com profundidade os gargalos, os desafios da administração, e vamos nos dedicar essencialmente a algumas tarefas importantes. Uma delas é melhorar o desempenho da saúde pública de Cuiabá. Garantir nesses 100 dias as condições adequadas para a mobilidade urbana em Cuiabá, tendo em vista que vamos viver um período de muitas chuvas e mais de 70% da malha viária está precário: tem mais de 20 anos e não suporta o período chuvoso. Vamos trabalhar para garantir o retorno letivo da rede pública municipal, nas melhores condições possíveis, e vamos estabelecer estratégias para que possamos, em 2013, fazer muitas ações para maximizar as oportunidades criadas pela Copa do Mundo de 2014.



Diário - Qual avaliação o senhor faz da administração do Chico Galindo (PTB)? 
Mauro - Tenho procurado não fazer críticas a nenhum adversário político. O Galindo, eu já disse algumas vezes que ele deve entregar a prefeitura melhor do que ele recebeu em 2010 do seu antecessor. Mas eu tenho certeza de que teremos um cenário de muitos desafios para ser enfrentados. A estrutura de gestão da prefeitura ainda apresenta erros históricos que não foram devidamente equacionados. Uma estrutura que precisa se modernizar, melhorar controle, implantar informatização, processos de gestão que precisa ser trabalhado para dar ferramentas e condições para que a administração pública municipal possa prestar serviço com mais qualidade e eficiência. Teremos um cenário de muitos desafios pela frente.



Diário - Qual será sua maior dificuldade como prefeito?

Mauro - Certamente, vamos encontrar muitas dificuldades. Galindo não resolveu e nem eu tenho a pretensão de achar que em quatro anos vou resolver todos os problemas da nossa cidade. Muitos deles são complexos, estruturais, estão na forma da nossa colonização, desde o início. Uma cidade que cresceu ao longo de seus quase 300 anos com baixíssimo nível de planejamento. Cresceu desordenadamente, com um perímetro urbano muito grande, com muitos vazios urbanos, colocando a execução de muitos serviços públicos acima dos patamares normais de outras capitais brasileiras. Certamente vou encontrar muitos problemas, vou enfrentar todos eles, mas não tenho a pretensão de imaginar que em quatro anos irei resolver adequadamente a todos eles.



Diário - Galindo começou a fazer o enxugamento da máquina de forma tímida. O senhor pretende dar continuidade? 
Mauro – Inicialmente, tínhamos a pretensão de fundir duas secretarias. Cultura com Turismo e Juventude com Trabalho e Desenvolvimento Econômico e Cidadania. Mas, diante do cenário que nos foi apresentado, de que poderia haver o comprometimento do setor, não vamos mais encaminhar o projeto de fusão da secretaria de Cultura com a de Turismo. Vamos aguardar o estudo elaborado pelo setor cultural para elaborarmos um plano de reestruturação da Secretaria de Cultura. Vamos fazer com que a máquina pública seja leve, rápida e eficiente. Este é o sonho de todos nós. A de Juventude será incorporada à pasta de Desenvolvimento Econômico. Isso já está decidido. Até porque não vi nenhuma ação feita neste período todo em que ela esteve em vigor, e não vejo o porquê de tantos secretários para isso. Trata-se de uma fusão, não é extinção, não estamos extinguindo nada, estamos incorporando. Tem municípios brasileiros que têm muito menos secretarias que nós temos aqui e têm muito mais eficiência do que nós. O que nós queremos fazer é uma reorganização. Dentro das nossas análises e do entendimento que temos, vamos pegar e colocar algumas áreas dentro de áreas mais afins. Mas nada disso será feito agora. É um processo demorado, tem que passar pela Câmara. Enfim, demanda tempo.



Diário - E a criação das secretarias de Projetos Estratégicos e de Apoio à Segurança Pública que o senhor anunciou durante a sua campanha? Mauro - No primeiro momento, vou desenvolver essas ações dentro de outras secretarias. O importante é o trabalho ser realizado, não importa onde for. Se necessário, gostaria de não aumentar a máquina pública em nenhuma área e sim aumentar sua eficiência, não aumentar o tamanho e sim a eficiência. As ações, por exemplo, de projetos, de busca por recursos, vão ser no primeiro momento executadas pela Secretaria de Governo. Vai ser uma Pasta que vai estar muito próxima de mim e, por conta disso, no fundo quem vai ser o grande coordenador disso, junto com o secretário, sou eu, porque buscar recursos para serem investidos aqui é altamente estratégico para o município.



Diário - O senhor disse que não vai participar da eleição da mesa diretora da Câmara. O que espera do próximo presidente e demais componentes da Mesa? 
Mauro - A Câmara tem que ser uma instituição independente, e ela é independente. Justamente por respeitar isso, eu não vou me envolver na escolha do novo presidente. São eles que devem definir o melhor nome, a melhor pessoa, aquela que estiver mais preparada para administrar a Casa. Espero, acima de tudo, que ele seja leal a Cuiabá, que ajude a administração cumprindo o papel que a Câmara tem que ter, que é o papel de fiscalizar, o papel de ajudar o Executivo naquilo que é bom para Cuiabá. Espero que ele honre o voto que recebeu do eleitor, que depositou nos nossos 25 vereadores a esperança de que Cuiabá possa se transformar, possa se modernizar e, para isso, o Executivo precisa da colaboração do Legislativo.



Diário - O senhor disse que daria continuidade ao “Poeira Zero”, que é hoje a maior bandeira da administração de Galindo. Entretanto, o Tribunal de Contas do Estado aprovou por unanimidade uma tomada de contas nos contratos firmados com a Delta Construções devido a fortes indícios de sobrepreço. O senhor ainda pretende continuar com esse projeto? Mauro - Pretendo dar continuidade no asfaltamento em Cuiabá. Para o cidadão, não importa se este projeto vai se chamar Poeira Zero, Lama Zero, Asfalto Já ou Poeira Nunca Mais, isso não é relevante. O que é relevante é que as pessoas estão muito cansadas de conviver com a poeira e com a lama, e esse desafio precisa ser sistematicamente e determinantemente enfrentado pelo gestor desta cidade. Vou procurar aplicar o dinheiro público da melhor maneira possível para que ele possa ser maximizado para produzir os melhores resultados possíveis. Se eu enxergar nessas licitações existentes a possibilidade de continuar para o bem do interesse público, certamente eu farei. Agora, se entender que temos a oportunidade de melhorias de buscar novas alternativas que maximizem o dinheiro público, que dê mais eficiência e qualidade à aplicação dos recursos disponível, certamente vamos buscar essas outras formas.



Diário - Como o senhor viu este apontamento de sobrepreço e a instauração de uma tomada de contas, tendo em vista que a conclusão deste processo deve ocorrer apenas durante o seu mandato? 
Mauro - O Tribunal de Contas está legitimamente executando as suas funções, que é fiscalizar a atividade do Executivo e a prestação de contas dos administradores. Espero que isso seja devidamente apurado e esclarecido para a sociedade, mas essa é uma função do Tribunal de Contas e não minha como prefeito. É lógico que vou contribuir fazendo as análises internas, e aquilo que considerarmos que é correta, que está dentro dos parâmetros legais e de mercado. Caso contrário, vamos buscar caminhos diferentes, novas alternativas, mais baratas e mais eficientes.



Diário - Todas as obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo têm sido tocadas e financiadas pelo Estado em parceria com o governo federal. O que a prefeitura de Cuiabá pode fazer para contribuir com o evento? Mauro – Apresentar-se ao trabalho, mostrar que quer trabalhar, que quer ser parceiro. Enfim, que quer ajudar. Correr atrás de recursos em Brasília, buscar as oportunidades para firmar parcerias com a iniciativa privada, fazer investimentos com recursos próprios. Tem muita coisa que precisa e deve ser feita em Cuiabá para que possamos fazer aqui uma belíssima Copa do Mundo, que dê orgulho aos brasileiros e a todos nós, mato-grossenses, recebendo bem os turistas e passando uma boa imagem do Brasil e principalmente de Mato Grosso.



Diário - Eleição 2014: o seu grupo político já iniciou os diálogos em torno deste assunto? 
Mauro - Sempre disse isso nas eleições de que participei: a sociedade não aguenta terminar uma eleição e começar outra. Falar de uma eleição após o término de outra sem voltar para os gabinetes, para os palácios, sem começar a trabalhar e a devolver ao cidadão e à sociedade aquilo que se prometeu durante a eleição é um erro. Temos que trabalhar primeiro, mostrar resultados, mostrar a que viemos e o que poderemos fazer realmente para a nossa população. Eu só vou falar de 2014 em 2014. Eu falei em 2014 em 2012 porque estávamos em período eleitoral e, naquele momento, estávamos discutindo 2012 e cenários políticos futuros, mas acabaram-se as eleições. Vou agora me focar na responsabilidade que eu recebi da maioria do povo cuiabano, que é administrar Cuiabá, produzir resultados e enfrentar os grandes problemas que a nossa cidade tem. Eu só vou falar em 2014, lá no ano de 2014, não vou cometer o erro de antecipar uma discussão e decepcionar o povo cuiabano.



Diário - De que forma as mudanças que o senhor fez na Lei Orçamentária Anual de 2013 irão te ajudar?

Mauro - Fizemos pequenas modificações na LOA após algumas análises que nós fizemos. Não tínhamos o tempo necessário e nem os elementos suficientes para fazer uma análise mais profunda. Careceríamos de mais conhecimento e informações para que nós pudéssemos mergulhar com mais profundidade, nas receitas, despesas e diretrizes do município. O pouco espaço de tempo entre o início da transição e as atitudes a serem tomadas não nos permitiram um estudo com mais profundidade. Mas, independentemente disso, sugerimos algumas modificações, que foram encaminhadas ao prefeito e à Câmara. Elas vão ajudar garantindo uma flexibilidade para cumprir diretrizes de gestão que nós estabelecemos, como, por exemplo, reforma de escolas, aquisições de área para uso de equipamentos público, em execução de políticas estratégicas já planejadas.



Diário - Essas alterações que o senhor fez na Loa também visam à construção de um novo pronto-socorro. Quando deve ser viabilizada essa obra? Mauro - Já temos uma previsão orçamentária para que esta proposta seja iniciada já em 2013. Para isso, nós estamos estudando o local, que seja de mais fácil acesso, o mais centralizado possível, que permita a construção de uma moderna instalação que possa atender a Cuiabá do presente e do futuro. Este novo equipamento público tem o desafio de atender Cuiabá por, no mínimo, 30 anos, assim como este já o fez, cumpriu o seu papel e não atende mais a Cuiabá do presente. Então, este é o desafio, de escolher, de encontrar um local estratégico do ponto de vista do deslocamento urbano. O novo pronto-socorro deve atender a este quesito e muitos outros, como, por exemplo, um heliponto na unidade de saúde.



Diário - Como está o processo de transição das suas empresas? Quem deve ocupar o seu lugar? 
Mauro - Natural e simples, mas demanda algum tempo. Estou fazendo uma transição apenas legal, para deixar de ter qualquer responsabilidade executiva nos trabalhos profissionais que eu desenvolvi até agora. Os meus sucessores serão as mesmas pessoas que já se encontram lá, diretores que eu tenho aqui em Cuiabá e em São Paulo em vários projetos que desenvolvemos. O nome específico eu ainda não tenho. 

Autor: DIARIO DE CUIABÁ
Fonte: DIÁRIO DE CUIABÁ