DIÁRIO DA MANHÃ
DA FOLHAPRESS, DE SÃO PAULO
A polícia da Índia prendeu ontem três suspeitos de envolvimento no estupro de uma adolescente no distrito de Patiala, na região de Punjab, no norte do país. Ela se suicidou anteontem, dias após ter denunciado o crime, e disse em um bilhete que se matava por causa do estupro.
O caso surge em meio aos protestos provocados pelo estupro de uma jovem de 23 anos por seis homens em um ônibus em Nova Déli. Milhares de pessoas saíram às ruas para reivindicar punições mais duras a estupradores.
A adolescente disse ter sido violentada por dois homens no dia 13 de novembro, durante o festival hindu de Diwali. Duas semanas depois, ela registrou ocorrência na polícia, mas a família diz que a jovem foi assediada durante o depoimento e obrigada a responder perguntas constrangedoras.
Os policiais que ouviram a jovem não tomaram nenhuma medida contra os acusados. Eles foram exonerados, e uma investigação foi aberta para determinar as responsabilidades dos agentes.
A jovem se suicidou após tomar um veneno, segundo o inspetor-geral da polícia de Punjab, Paramjit Singh Gill. Ele também confirmou as prisões de dois homens e uma mulher que estariam envolvidos no incidente.
Polêmica
O caso revelado ontem aumenta a polêmica sobre o tratamento dos casos de estupro na Índia, que provocaram protestos violentos nos últimos dez dias. Nos últimos 40 anos, o número de denúncias de mulheres violentadas à polícia subiu dez vezes, saindo de 2.487 em 1971 para 24.206 no ano passado.
Na capital Nova Déli, foram registrados 600 casos até novembro deste ano, contra 572 em todo o ano passado. O governo anunciou planos para tentar intimidar os estupradores, como colocar seus nomes, imagens e endereços na internet.
Enquanto isso, continua em estado grave a jovem de 23 anos que foi estuprada por seis homens em um ônibus de Nova Déli. Ela recebe tratamento em um hospital de Cingapura, após ter sofrido uma parada cardíaca, além de danos cerebrais e infecções abdominais e pulmonares.
Piora saúde
de jovem
Um hospital de Cingapura informou que piorou o estado de saúde da universitária indiana de 23 anos que sofreu estupro coletivo. Ela já apresenta sinais de falência dos órgãos, ainda de acordo com o hospital Mount Elizabeth. Mais cedo, o hospital já havia dito que ela sofreu danos cerebrais graves.
Grande parte dos estupros e crimes sexuais que ocorrem na Índia nunca chegam a ser reportados ou punidos, conforme ativistas dos direitos das mulheres, mas a brutalidade desse caso provocou comoção pública e levou a uma série de protestos. Centenas de policiais vigiam as ruas da região da capital próxima a um memorial de guerra usado como ponto de encontro pelos manifestantes.