Em comunicado, a ordem religiosa que tem oito estabelecimentos de saúde no país, nega suspeitas que levaram Ministério Público a abrir inquéritos.
A Ordem Hospitaleira de São João de Deus reagiu hoje às investigações judiciais em curso sobre eventual prática de crimes de abuso sexual. Em comunicado, citado pela Lusa, a ordem religiosa diz que os inquéritos partem de "denúncias falsas e caluniosas" feitas anonimamente por correio electrónico.
Numa resposta à Lusa, o superior provincial da Ordem em Portugal, José Louro, que ainda não tinha feito qualquer declaração sobre os inquéritos-crime, afirma que a investigação "se encontra em curso desde Outubro de 2010" e partiu de "e-mails anónimos". Segundo o padre, estas mensagens foram divulgadas para "lesar o bom nome" da Ordem.
José Louro garantiu que a Ordem e o Instituto de São João de Deus, a instituição particular de solidariedade que gere os oito estabelecimentos hospitalares da Ordem, têm "regras instituídas e muito claras" sobre eventuais abusos sexuais, cuja suspeita "deve ser sempre investigada e comunicada às autoridades competentes".
A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou quinta-feira que foram abertos três inquéritos sobre alegados "abusos sexuais de incapazes e de pessoa internada" e crimes patrimoniais e fiscais. As denúncias foram remetidas para o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).
Os alegados crimes terão ocorrido em Sintra, onde a Ordem tem a Casa de Saúde do Telhal (constituída por unidades de longo internamento e de reabilitação e três clínicas especializadas de psiquiatria aguda, psicogeriatria e alcoologia). Mas também em Montemor-o-Novo, onde é responsável por um hospital especializado em ortopedia, que faz parte da rede nacional de cuidados continuados. Estão ainda a ser investigados factos em Portalegre.
A nota da PGR menciona que, na sequência das declarações prestadas a alguns órgãos de comunicação social pela ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana, foi ainda ordenada a abertura de um outro inquérito, no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa. A 8 de Dezembro a ex-provedora da Casa Pia de Lisboa disse ao PÚBLICO que conhecia casos de pedofilia na Igreja.
A PGR admite que os inquéritos, ou alguns deles, possam vir a ser "unificados", se tal se justificar em razão da "natureza dos bens jurídicos em causa" e das "regras de conexão processual".
Quanto a um outro inquérito que correu termos nos serviços do Ministério Público de Ponta Delgada, por factos reportados ao Ministério Público pelo Instituto S. João de Deus, a PGR anuncia que foi arquivado por "insuficiência de indícios", sendo passível de reabertura se novos elementos probatórios que o justifiquem forem carreados.
Sobre este último processo, a Ordem afirma que ele "existiu por iniciativa da própria instituição", que comunicou as suspeitas "aos serviços do Ministério Público de Ponta Delgada".
A Ordem e o Instituto regem-se por "regras e procedimentos absolutamente claros e transparentes", lê-se no comunicado da Ordem, que garante que "assim continuará".
http://www.publico.pt/portugal/noticia/ordem-sao-joao-de-deus-diz-que-denuncias-de-abusos-sexuais-sao-caluniosas-1578334
http://www.publico.pt/portugal/noticia/ordem-sao-joao-de-deus-diz-que-denuncias-de-abusos-sexuais-sao-caluniosas-1578334





