
Gilson Nasser
Da Redação
A relação entre o prefeito eleito de Cuiabá, empresário Mauro Mendes (PSB), e seu vice, o deputado estadual João Malheiros (PR), está extremamente estremecida diante da possibilidade do republicano desistir de assumir o cargo para permanecer na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. O constrangimento entre ambos se tornou público na manhã desta quarta-feira, durante solenidade de diplomação deles e dos 25 vereadores eleitos na capital do Estado.
“A administração pública nos reserva muitos dissabores. O nosso vice tem o livre arbítrio para decidir qual é o melhor caminho para ele", disse o empresário, ao acrescentar que "estou absolutamente tranquilo e em paz perante a todos, pois fiz aquilo que comprometi com minha sociedade e meus companheiros”.
Em rápida entrevista coletiva a imprensa, Mauro Mendes já admite a possibilidade de não ter um vice para auxiliá-lo na gestão e demonstrou desconforto. O socialista ainda cobrou um posicionamento público de João Malheiros. “Ele tem que justificar e dizer o que está acontecendo: os motivos do sim ou do não”, frisou.
O empresário descartou a possibilidade de ceder ao seu vice a indicação de secretários para assumir a vice-prefeitura. Ele colocou que este entendimento ocorrerá mediante um acordo entre o parlamentar e o Partido da República. “Vou conversar com o meu vice. Mas a responsabilidade maior é dele e do partido que o indicou”, afirmou.
Já Malheiros declarou que a decisão ainda está sendo avaliada. Ele pontuou que uma eventual permanência no legislativo estadual será para colaborar ainda mais com a capital do Estado.
Para chegar a condição de vice de Mauro Mendes, Malheiros travou em junho uma disputa intensa dentro do PR com o vereador Francisco Vuolo (PR). Em votação interna, o deputado republicano acabou derrotando o parlamentar municipal e acabou sendo escolhido vice na convenção.
Malheiros tinha a esperança de se tornar prefeito de Cuiabá em abril de 2014, pois havia a possibilidade de Mauro Mendes ser candidato a governador. Todavia, diante da disputa acirrada e uma vitória após dois turnos, o industrial refluiu da ideia de ser candidato ao palácio Paiaguás e já garantiu que ficará quatro anos no palácio Alencastro "sepultando" o sonho de de João Malheiros de chegar a prefeitura.
Apesar de estar diplomado para o cargo de vice-prefeito, o republicano tem até o dia 30 para protocolar o pedido de renúncia na Assembleia Legislativa. Na década de 90, uma situação semelhante ocorreu em Cuiabá, quando o então deputado estadual Roberto Nunes (PDT) foi eleito, diplomado, mas não tomou posse como vice do então prefeito Roberto França (PSDB).