Veja imagens do confronto entre a PM e manifestantes no Maracanã

Alguns manifestantes jogaram pedras e bombas contra a polícia.
Agentes revidaram com bombas de gás e balas de borracha.

Andressa Gonçalves, Cristina Boeckel e Priscilla SouzaDo G1 Rio
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G1 acompanhou a manifestação, neste domingo (30), na Tijuca, na Zona Norte doRio de Janeiro, que começou pacífica e terminou em confronto nos arredores do Estádio do Maracanã, onde o Brasil saiu vitorioso na final da Copa das Confederações contra a Espanha. As equipes registraram a confusão dos dois ângulos diferentes: do lado da polícia e do lado dos manifestantes. (Veja nos dois vídeos da reportagem)
Em mais um protesto contra os gastos públicos com a Copa do Mundo e a privatização do Estádio do Maracanã, manifestantes se concentraram na Praça Saens Peña, na Tijuca, de onde partiram em caminhada até a esquina da Avenida Maracanã com a Rua São Francisco Xavier, no Maracanã.
No local, que fica a uma quadra do estádio, havia um bloqueio formado por policiais do 6º BPM (Tijuca); Batalhão de Choque (BPChq); Batalhão de Operações com Cães (BAC), agentes da Força Nacional de Segurança, além de um "caveirão" – como é conhecido o veículo blindado da PM. No entanto, os manifestantes pediam para passar, e tentaram negociar com os PMs, usando como argumento o direito constitucional de ir e vir.
O protesto era pacífico até que, pouco antes das 19h, quando teve início o jogo da seleção, um pequeno grupo de manifestantes atirou pedras, bombas e objetos contra os PMs que estavam na linha de frente do bloqueio. Assustados, os policiais – que tinham cassetetes, mas não estavam munidos de armamento não letal – correram para se abrigar no posto de gasolina que fica na esquina. Alguns chegaram a se esconder atrás de carros estacionados no posto, mas foram chamados por outros policiais para voltarem à linha de bloqueio.
Polícia revida com bombas
Agentes da Força Nacional de Segurança e policiais do Batalhão de Choque avançaram contra os manifestantes, disparando dezenas de bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e balas de borracha. Houve correria e os integrantes do protesto se dispersaram pelos arredores, enquanto alguns insistiram em confrontar a polícia.
Os agentes seguiram pela Avenida Maracanã, acompanhados do blindado da PM, com o objetivo de afastar os manifestantes.
Na esquina da Rua São Francisco Xavier com a Avenida Paula Sousa, a polícia atacou outro grupo de manifestantes que havia cercado um carro do Corpo de Bombeiros e tentava se aproximar novamente da Avenida Maracanã. Mais uma vez, PMs, agentes da Força Nacional de Segurança e o caveirão seguiram em direção aos manifestantes, jogando mais bombas de efeito de gás.
O relações públicas do Batalhão de Operações Especiais (Bope), major Ivan Blaz, tentou negociar com os manifestantes, mas disse que não obteve êxito. "Tentei argumentar e pedir para que eles parassem de avançar, mas não houve possibilidade de negociação", disse.
Quando o carro do Corpo de Bombeiros – que estava cercado por manifestantes – deixou o local, os policiais e o blindado recuaram pela rua, retornando à Avenida Maracanã, onde estava montado o bloqueio. A maior parte dos manifestantes se dispersou e poucos retornaram ao local, onde permaneceram pacificamente.
Após o confronto, Henrique Guelber, do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, afirmou que a confusão foi iniciada por manifestantes, mas frisou que não era possível, em meio ao tumulto, avaliar a atuação da polícia.
"Pelo que nós vimos, o início dessa confusão começou com pedras, bombas e coquetel [molotov] vindo dos manifestantes. Depois desse momento, a gente não consegue avaliar ainda se houve excessos", disse Guelber, acrescentando que qualquer pessoa que tenha se sentido agredida pode procurar a Defensoria Pública através do telefone 129, que funciona 24 horas.
Manifestantes denunciam abuso 
Durante o tumulto, manifestantes foram ajudados por moradores, que os abrigaram dentro dos prédios e levaram vinagre para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo. Muitos reclamaram de abuso no uso da força por parte dos policiais.
O analista de sistemas Hélder Fontes mora próximo ao estádio e estava no protesto na hora da confusão. Ele correu para casa e buscou vinagre para ajudar quem estava na passeata. “O vinagre ajuda bastante, para eliminar um pouco o efeito", disse.
Indignadas, duas mulheres que participavam do protesto afirmaram que a multidão foi atacada pelos agentes de segurança sem que eles tivessem sido agredidos, e argumentaram que o número de policiais era muito maior e desproporcional ao de manifestantes.
“Eles jogaram bombas no posto de gasolina. Estava todo mundo parado, na paz, quando eles começaram a jogar bombas e dar tiro", contaram.
Ferido por uma bala de borracha no supercílio esquerdo, um professor da rede estadual de ensino, que preferiu não se identificar, criticou a ação da PM.
“Estou aqui por uma educação de qualidade. Este é o tratamento que o estado me dá. Nunca fui um homem violento. Nunca fiz nada de errado na minha vida. E olha o que acontece com o trabalhador brasileiro. O professor é tratado assim no Brasil", disse ele, mostrando o ferimento.
Em um momento da confusão, o helicóptero da Polícia Militar, que sobrevoava a área, se aproximou do local, provocando uma ventania que também assustou os manifestantes.
O jovem Renan Bastos defendeu o protesto e ressaltou que a população está nas ruas somente para reivindicar os seus direitos.
“A gente está nas ruas não é pra destruir as coisas, a gente está aqui para protestar pelos nossos direitos. Isso não existe. É uma palhaçada no nosso país. E isso tem que acabar", disse ele, criticando o uso da força policial contra os manifestantes.
Policial dispara contra manifestantes no Rio de Janeiro (Foto: Silvia Izquierdo/AP)Policial dispara contra manifestantes no Rio de Janeiro (Foto: Silvia Izquierdo/AP)

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