O resultado do segundo turno da eleição em Cuiabá, com a vitória do empresário Mauro Mendes (PSB), foi o penúltimo ato político de envergadura neste ano. O fechamento do calendário político de 2012 acontecerá com a posse dos deputados estaduais Alexandre Cesar (PT), Pedro Satélite (PPS) e Emanuel Pinheiro (PR), que ocuparão as cadeiras vagas com a eleição para prefeito dos titulares Walace Guimarães (PMDB), em Várzea Grande; Percival Muniz (PPS), em Rondonópolis; e Nilson Santos (PMDB), em Colíder.
O afunilamento do calendário político de 2012 será sucedido em janeiro pela posse dos 111 prefeitos eleitos e dos 30 reeleitos. Além dos novos administradores Mato Grosso terá 1.394 vereadores – em sua grande maioria estreando em plenário – dispostos a mostrar serviço aos eleitores e honrar os compromissos de campanha.
A situação de penúria da maioria dos municípios é de domínio público e, se não fosse pelos repasses constitucionais e as emendas parlamentares estaduais e federais, mais da metade das prefeituras de Mato Grosso baixaria suas portas. Nesse cenário a pergunta que se faz é: o que está guardado nas mangas do governo estadual para atender à grande demanda administrativa previsível com a posse dos prefeitos eleitos neste mês?
A julgar pelas declarações do governador Silval Barbosa e de parte do seu secretariado, não haverá recursos disponíveis em 2013 acima do montante que foi destinado aos municípios neste ano, podendo ainda haver retração nas transferências.
Mato Grosso está numa delicada encruzilhada. De um lado investe ao limite na execução das obras da mobilidade urbana em Cuiabá e Várzea Grande, e na construção do complexo esportivo ancorado na Arena Multiuso Pantanal, que será palco dos jogos da Copa do Mundo que será disputada daqui a 21 meses.
Não se pode travar as obras da Copa do Mundo, que em Mato Grosso recebeu o título de Copa do Pantanal; Cuiabá entraria em parafuso caso a mobilidade urbana fosse abandonada. De igual modo os municípios fora do aglomerado urbano entrarão em colapso se não forem contemplados com infraestrutura. Somem-se a esse impasse a necessidade de se asfaltar acessos a 47 cidades que permanecem isoladas da malha rodoviária nacional pavimentada.
A receita estadual não suporta a demanda generalizada. Captação de recursos extraorçamentários capazes de equilibrar a situação é algo utópico pelas regras da representação mato-grossense no Congresso, onde o Estado tem apenas oito deputados e perde poder de fogo para as grandes bancadas e o bloco nordestino.
O ímpeto dos novos prefeitos e a vontade de promover mudança que os move esbarrará na realidade orçamentária de Mato Grosso e de seus próprios municípios. Portanto, o ano de 2014 será tempo de luta por recursos públicos e período de vacas magras nesta terra onde a iniciativa privada se desenvolveu muito, mas não foi acompanhada pelo Poder Público, o que é lamentável.
Cuiabá entraria em parafuso caso a mobilidade urbana fosse abandonada
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=420221
Vacas magras em 2013
novembro 03, 2012