Transtornos são inevitáveis e devem aumentar nos próximos meses, mas perspectivas futuras são das melhores
À frente do projeto da preparação das obras da Copa do Mundo em Cuiabá, o secretário da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), Maurício Guimarães, transformou-se em um dos homens poderoso do Governo, com o desafio de conduzir grandes obras e cujo grau de dificuldade vai aumentando à medida que elas vão avançando.


No momento em que a interdição da Avenida Fernando Corrêa da Costa, no Coxipó, acontece e amplia a situação de caos no trânsito, o secretário deixa claro que os transtornos estão apenas começando. “A população deve se preparar para o que vem por aí”.

Maurício, em entrevista exclusiva ao Circuito Mato Grosso, falou dos gargalos da Copa, como a falta de mão de obra para as obras da mobilidade urbana que originou um ‘apagão’ sistemático e que precisa ser contido. Ele afirma que, com todos os problemas, Mato Grosso está executando seus projetos e caminha para a concretização de um sonho que parecia impossível. “Estamos nos superando”, garante.
-CMT

Sem papas na língua, Maurício conclamou a sociedade a ajudar na fiscalização das obras. “Precisamos ficar atentos às falhas e fazer os ajustes durante a execução das obras. Porque depois que já está feito, já foi”.

Circuito MT: Como está hoje o cronograma das obras da Copa?

Maurício Guimarães:
 Está tudo dentro do previsto. Nós temos algumas obras com o cronograma mais ajustado. Outras tiveram que passar por um realinhamento. Mas todas as obras estão previstas para serem entregues antes do evento. Não teremos nenhuma obra pronta após a Copa. Todas serão finalizadas em tempo, inclusive o VLT que deve ser entregue no primeiro trimestre de 2014.

Circuito: Houve uma interdição da Avenida Fernando Corrêa para obras do VLT, o que causou fortes transtornos na região do Coxipó. O senhor não teme um colapso no trânsito?

Maurício: 
Já vínhamos conversando com a sociedade há algum tempo sobre o volume dessas obras e o impacto delas na vida das pessoas durante o trabalho. Conversamos com os comerciantes da região a respeito da necessidade de fazer o fechamento de um lado da pista. Surgiram congestionamentos porque as pessoas ainda buscam rotas alternativas e ficaram confusas. Foi um impacto necessário. As pessoas estão sendo orientadas e irão encontrar meios para fugir desses congestionamentos.

Circuito: Houve planejamento para evitar uma situação de caos no trânsito?

Maurício: 
Planejamento sempre houve. Estamos fazendo de forma organizada e alternada. Infelizmente não há como fazer essas obras sem impactar. Temos procurado informar e divulgar sobre como evitar maiores transtornos. Infelizmente, esse impacto vai aumentar. Vamos aumentar as frentes de trabalho e as dificuldades serão maiores. A sociedade deve estar preparada para o que vem por aí. É um processo que já começamos e do qual todos estavam cientes. A população deverá redobrar a paciência.

Circuito: E o que mais vem por aí que pode complicar ainda mais o trânsito?

Maurício: 
Já estamos com pedido de desvio de trânsito e rotas alternativas como a MT-040, na entrada do Parque Cuiabá e na XV de Novembro. Já está tramitando na SMTU todo o projeto de rotas alternativas dessas vias. Quando for aprovado, daremos início a novas obras. Também já está tramitando o projeto do viaduto da Sefaz. Portanto, são três obras que devem ter início ainda este mês. Se fala em colapso, mas Cuiabá já vivia essa situação antes mesmo do início das obras. É um transtorno temporário que trará muitas benfeitorias permanentes para a mobilidade.

Circuito: Quando e por onde começam as instalações de trilhos?

Maurício: 
As obras que terão início na XV de Novembro já são para a instalação de trilhos. O corredor será implantado nos canteiros centrais e, neste caso, como se trata de uma obra mais sistemática, haverá diminuição de uma caixa de tráfego, mas sem interdição total como em algumas obras de arte que já estão em andamento. O lançamento de trilhos não trará grande impacto para o trânsito. No caso da Avenida do CPA, por exemplo, apenas um lado da pista deve ser interditado.

Circuito: Com tantas obras em andamento, não haverá falta de mão de obra?

Maurício:
 Já está havendo falta de mão de obra. Inclusive estamos com um grande programa em parceria com a Secretaria Municipal de Ação Social, Superintendência Regional do Trabalho e Sine. Estamos fazendo mutirões nos bairros, levando oportunidade de trabalho nas obras da Copa. Já estamos recrutando gente em Cuiabá e outros municípios. A Secopa está fazendo seu dever de aproximação. Vamos superar isso e essa deficiência não será o ingrediente que poderá imputar atrasos às obras. A Copa trouxe situações com as obras executadas pelo Governo com oferta atual de 700 vagas. Também foi criado na economia de Cuiabá e Várzea Grande um aquecimento na demanda da iniciativa privada. Isso originou o que chamamos de ‘apagão’ de mão de obra. Mas, estamos trabalhando para corrigir com estratégias, no sentido de suprir essa deficiência.

Circuito: A Arena Pantanal foi referência como uma das mais adiantadas obras da Copa, no começo. Após dois anos de obras, desacelerou. O que houve?

Maurício: 
Na arena, tivemos contratempo com o BNDES, no meio do processo. Mas isso já foi superado. Essa desaceleração teve seus ingredientes. O principal foi a decisão do Governo do Estado de realinhar o cronograma tendo em vista que Cuiabá não vai participar da Copa das Confederações. Se realmente fosse necessário, correríamos contra o tempo e a arena ficaria um ano e meio fechada. O novo realinhamento prevê a conclusão em outubro do próximo ano, com tempo de folga para testes. Não houve relaxamento e, sim, um realinhamento para entregarmos a arena mais próxima do evento.

Circuito: E a construção dos Centros de Treinamento?

Maurício: 
Nós temos a obrigação contratual de disponibilizar dois COTs (Centros Oficiais de Treinamento) que é onde as seleções fazem sua aclimatação antes dos jogos. Já está em construção um, em Várzea Grande, no Pari. Estamos iniciando o processo licitatório do segundo que é o da UFMT. Ainda receberemos o projeto do terceiro, que pode ser erguido em área de treinamento dos Bombeiros, no CPA. Este caso ainda está em estudo e não há nada definido.

Circuito: Melhoria em aeroporto é exigência direta da Fifa para as sedes da Copa, e por aqui ainda não teve início a obra da ampliação?

Maurício: 
Quando recebemos incumbência da Infraero para fazer a licitação, tivemos problemas de projeto. A Infraero já tinha esses problemas com a projetista que contratou. Iniciamos o processo licitatório por duas vezes e tivemos que suspender em função do projeto. Fizemos readequação desse projeto, aprovada pelo Tribunal de Contas da União. Estamos agora na fase final da licitação aberta no dia 19. Acredito que nos próximos dias já tenhamos publicado o resultado do processo e no máximo no dia 15 de novembro já estejamos emitindo a ordem de serviço.

Circuito: Há mais de um ano, a antiga Agecopa licitou a construção do teleférico de Chapada dos Guimarães, mas até hoje essa obra não saiu do papel...

Maurício: 
Essa licitação ocorreu em cima de um projeto que não estava adequado. Houve cancelamento da licitação. Agora estamos redefinindo se vai haver ou não teleférico. O fato é que tudo que foi feito e anunciado não se concretizou em função de problemas no projeto. Consequentemente tivemos que cancelar a licitação devido a esses ajustes. Hoje posso afirmar que não sabemos se vamos fazer o teleférico.

Circuito: E a tão decantada revitalização do Porto com instalação de centro turístico, shopping popular e museu, foi um projeto que se perdeu. O que aconteceu?

Maurício:
 Trata-se de um projeto muito bonito e grandioso com atenção voltada ao rio Cuiabá. Infelizmente hoje não temos capacidade de fazer isso. Estamos formatando um grande projeto junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) que formatará uma proposta para a área portuária. Isso poderá estar pronto para a Copa e deverá se transformar em um dos maiores legados do Mundial para Cuiabá.

Circuito: Cuiabá está mesmo no caminho para um acontecimento inesquecível com a realização desta Copa? Vai dar tudo certo?:

Maurício: 
Digo que a considerar o nosso Estado, neste rincão do Centro-Oeste, sem tradição de tocar projetos dessa dimensão, afirmo que estamos nos superando. A população de Cuiabá e Várzea Grande e de Mato Grosso vai se orgulhar daquilo que o Estado está preparando para este evento. E tudo o que está acontecendo em torno deste evento está mudando a vida das pessoas, como, por exemplo, a mobilidade urbana. Já estamos contemplando o surgimento de uma nova cidade.

Circuito: A Copa está gerando oportunidades para a sociedade?

Maurício: 
Sim. As oportunidades geradas pela Copa estão aí. De uma forma ou outra, as pessoas podem participar. Estamos em um momento ímpar. As oportunidades não são apenas para os grandes empreendedores, mas para toda a sociedade.


Darwin Júnior – Da Redação

Fotos: Pedro Alves e Mary Juruna


Veja também: http://www.circuitomt.com.br/editorias/copa-2014/21351-caos-no-transito-so-esta-comecando.html