R$ 442 mil foram por doações ocultas

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Método, considerado legal, é uma prática usada por pessoas físicas e jurídicas que dão dinheiro aos candidatos, mas não querem seus nomes vinculados a eles

Luiz Alves/Secom Câmara Cuiabá
Presidente da Casa de Leis cuiabana, o petebista Júlio Pinheiro foi o que mais recebeu dinheiro de forma “oculta”
RENATA NEVES
Da Reportagem

Vereadores eleitos no pleito deste ano em Cuiabá receberam R$ 442.128,51 das chamadas “doações ocultas” para o financiamento de suas campanhas eleitorais. Os valores são repassados aos candidatos pelas direções dos partidos a partir de doações de terceiros, o que impede a identificação dos doadores de campanha. Dos 25 candidatos que conseguiram uma vaga na Câmara Municipal, os quatro petebistas lideram a lista dos que mais receberam esse tipo de doação.

O atual presidente da Casa, vereador Júlio Pinheiro (PTB), foi o que recebeu maior quantia em doações ocultas. Segundo informações fornecidas à Justiça Eleitoral em sua prestação de contas, o comitê financeiro municipal de seu partido repassou a ele R$ 100 mil, montante que representa 58,4% dos recursos que arrecadou. 



O segundo candidato a receber maior quantia desse tipo de doação foi Dilemário Alencar (PTB). A ele foram repassados pelo comitê financeiro municipal R$ 93,3 mil, o equivalente a 41,9% dos recursos arrecadados durante o período eleitoral.

Clóvis Hugueney (PTB), o “Clovito”, recebeu R$ 83,2 mil, que representa 67,2% dos recursos que financiaram sua candidatura, enquanto Leonardo Oliveira (PTB) foi beneficiado com R$ 64,4 mil, 35,7% do total arrecadado.

Mário Nadaf (PV) recebeu R$ 47 mil do comitê financeiro municipal de seu partido. O montante, contudo, não impediu que ele fechasse as contas “no vermelho”. Segundo informou à Justiça Eleitoral, o vereador eleito arrecadou R$ 148,6 mil e gastou R$ 157,6 mil.

Toninho de Souza (PSD) recebeu R$ 20 mil da direção estadual da sigla. Outros vereadores beneficiados com a prática foram: Lilo Pinheiro (PRP), que recebeu R$ 10,4 mil; Wilson Kero Kero (PRP), R$ 7,2 mil; Juca do Guaraná Filho (PTdoB), R$ 6,3 mil; Renivaldo Nascimento (PDT), R$ 4,5 mil; Adevair Cabral (PDT), R$ 4,5 mil; e Domingos Sávio (PMDB), R$ 884.

Considerada legal, a doação oculta é usada por empresas e pessoas físicas que não querem ter seu nome diretamente associado às campanhas.

Coordenador de Controle Interno e Auditoria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Daniel Taurines explica que a prática é comum. “O que se nota é que os partidos distribuem valores significativos para alguns candidatos seguindo orientação de empresas ou pessoas que não querem ser identificadas em uma doação direta”.

Embora seja legal, Taurines ressalta a necessidade de levantar questionamentos sobre esse tipo de doação. Em sua avaliação, além dos eleitores, que ficam impedidos de ter informações sobre os reais financiadores das campanhas, os demais candidatos do partido também são prejudicados.

“Se houvesse um sistema partidário mais correto, o partido deveria arrecadar um montante e dividir igualitariamente a seus candidatos. Mas isso é a direção do partido que define. É uma questão estatutária”.