A denúncia de que um pai, que é advogado em Bauru, teria cometido abuso sexual contra os filhos por anos chocou a comunidade na semana passada. Sandro Luiz Fernandes, de 45 anos, é acusado de ter molestado sexualmente a filha que hoje tem 18 anos e o filho de apenas 9 anos. As supostas vítimas relataram que o pai apalpava suas partes íntimas, fazia sexo oral e pedia para tocarem em seu pênis. O advogado, que já fez parte da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), nega as acusações e diz que está sendo massacrado.
Casos como o de Bauru não são incomuns. Em Franca, o Conselho Tutelar e a DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) estimam que, de cada dez casos de pedofilia, oito nascem no seio familiar. Pais, padrastos, tios e também avôs, que deveriam proteger, se tornam os abusadores de crianças e adolescentes.
Fabiana Zagolin é psicóloga na DDM há 13 anos. Segundo ela, 80% a 85% das vítimas que já atendeu foram abusadas pelos próprios pais ou padrastos. A maioria tem entre 4 e 13 anos, é menina e os abusadores são homens. “De dez vítimas, sete são do sexo feminino. Os autores passam a mão nas partes íntimas, esfregam o pênis na vagina e no bumbum delas e pedem para que elas façam sexo oral ou os masturbem”, disse ela a psicóloga.
A delegada titular da DDM, Graciela Ambrósio, também diz que é mais comum atender denúncias contra pais, padrastos e também tios e avôs. Há ainda ocorrências envolvendo pastores evangélicos, padres, professores e vizinhos. “A maior incidência é intrafamiliar. É muito difícil entender esse tipo de comportamento, mas percebo que resultam de um conjunto de fatores. Da desestrutura familiar, problema mental às vezes e o vício em drogas e álcool”, disse.
AUMENTO
Os casos de abuso e assédio sexual registrados pelo Conselho Tutelar de Franca de janeiro até agosto deste ano quase dobraram em relação ao total de 2010. Em 2011, já houve 136 ocorrências ante as 70 do ano anterior todo.
Os casos de abuso e assédio sexual registrados pelo Conselho Tutelar de Franca de janeiro até agosto deste ano quase dobraram em relação ao total de 2010. Em 2011, já houve 136 ocorrências ante as 70 do ano anterior todo.
Um caso chamou a atenção em abril. Dois irmãos de 7 e 9 anos disseram ter sido molestados pelo pai. Os meninos contaram que o pai alugou filmes pornográficos e assistiu ao lado deles, enquanto se masturbava e ejaculava. Depois, segundo as vítimas, ele passou o pênis no bumbum do mais velho. Na delegacia, os garotos contaram que, em outras vezes, o pai os tinha obrigado a fazer sexo oral nele.
CINCO IRMÃS
Em janeiro deste ano, outra denúncia chocou a cidade. Cinco irmãs acusaram o próprio pai de estuprá-las. As filhas, de 29, 19, 17, 15 e 8 anos, afirmaram na delegacia que o pai passava a mão em seus seios e partes íntimas e praticava sexo com elas —só a caçula escapava. Elas disseram que tinham guardado segredo porque o pai ameaçava matar toda família e se suicidar se contassem a alguém.
Em janeiro deste ano, outra denúncia chocou a cidade. Cinco irmãs acusaram o próprio pai de estuprá-las. As filhas, de 29, 19, 17, 15 e 8 anos, afirmaram na delegacia que o pai passava a mão em seus seios e partes íntimas e praticava sexo com elas —só a caçula escapava. Elas disseram que tinham guardado segredo porque o pai ameaçava matar toda família e se suicidar se contassem a alguém.
Em fevereiro, a Justiça decretou a prisão do homem, que tinha uma banca de pesponto. Ele continua foragido.
O promotor da Infância e da Juventude, Augusto Arruda Neto, orienta a população a denunciar sempre os casos de pedofilia. “É um tipo de crime muito grave e nocivo para as vítimas. Os agressores têm de ser denunciados à polícia e ao Conselho Tutelar”, disse ele, reforçando que médicos e professores têm o dever legal de denunciar suspeitas de abusos sexuais.
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