Angra dos Reis
De acordo com os dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o número de estupros na cidade de Angra dos Reis teve um aumento de aproximadamente 150%. De janeiro a junho de 2011 foram registrados 76 crimes, sendo que no mesmo período do ano passado foram 30.
Segundo a 166º DP no decorrer deste ano até o mês de setembro, foram 24 ocorrências, em 2010, comparado o mesmo período de tempo constata-se 22 casos.
Conforme informou o delegado da 166ª DP, Francisco Benitez, os crimes de abuso são cometidos, na maioria dos casos, por pessoas próximas das vítimas, do âmbito familiar.
- Constatamos que a maioria dos crimes de abuso, os autores são da família das vítimas. Os casos em que a vítima desconhece o agressor são mais incomuns - destacou.
O delegado lembrou que com as modificações na legislação criminal foi considerado estupro de vulnerável o abuso cometido contra pessoas com menos de 14 anos de idade, ainda que seja alegado o consentimento da vítima.
A vereadora Maria do Carmo Aguiar (PT), a Lia, disse acreditar que os números refletem o aumento no número de denuncias. Para ela, os crimes de violência sexual sempre aconteceram, o que mudou foi a criação de legislações mais eficazes no sentido de proteger as vítimas e o incentivo a denuncia do crime.
- Pelo que percebemos as pessoas agora estão tendo mais coragem para procurar ajuda e denunciar os abusos. Isto tem sido importante para o cumprimento da lei e para que os autores dos crimes não permaneçam impunes - ressaltou.
A parlamentar salientou os trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelo Conselho de Defesa do Direito da Criança, Mulher, Adolescente, Idoso e Direitos Humanos da Câmara Municipal de Angra dos Reis em parceria com associações civis. Segundo ela, este ano o foco dos encontros promovidos pelo Conselho tem tido o intuito de mobilizar a sociedade para a questão da violência contra a mulher.
Sobre a criação de uma sala especial na delegacia para o atendimento de mulheres vítimas de agressão, a parlamentar disse que nesta semana poderá ter novidades sobre o projeto.
- Já é complicado para a mulher ter a coragem de denunciar. Ao chegar à delegacia ela é atendida por um homem, e isto aumenta o constrangimento. A sugestão é que seja disponibilizada uma sala onde uma policial devidamente instruída irá orientar a vítima sobre quais os passos devem ser dados após a denuncia. Há toda uma estrutura para dar o suporte a elas, porém muitas desconhecem este sistema - destacou.
Apoio para as vítimas
A psicóloga Clarice Cassuriaga destacou que o estupro representa uma agressão ao que ao que a pessoa tem de mais intimo, a sexualidade. Segundo ela, todo choque ou agressão tende a deixar uma sequela, que pode ser definido como um trauma.
- Existe o que se chama Stress Pós Traumático, que é um transtorno psiquiátrico que pode conter um grande número de sintomas, associados diretamente ao fato ou não, por isso as vezes fica complicado de identificar, ou seja, vítima fica traumatizada, o que significa isso, ela passa a ter medo de toda e qualquer situação que lembre o ato em que ela foi agredida, essa lembrança pode se dar por semelhança, associação com qualquer outro tipo - explicou.
Conforme destacou a psicóloga, a vítima deste tipo de crime pode passar a apresentar dificuldade de estabelecer relações sociais. Isso porque, segundo a profissional, as pessoas que sofreram abuso tendem a desconfiar até daqueles que fazem parte do convívio social delas.
- A vítima fica com muito medo, passa a desconfiar das pessoas com quem ela convive. Ou até mesmo fica com medo de iniciar alguma relação social. Ela pode desenvolver manifestações orgânicas ou algum tipo de sintoma. Em alguns casos a pessoa passa a se culpar pelo ocorrido, ter vergonha, se sentir indigna ou ter rancor das pessoas que se aproximam dela, enfim ela pode reagir de várias maneiras - disse.
Quando as vítimas são crianças, os pais devem estar atentos para perceber qualquer indício de anormalidade comportamental ou na integridade física dos filhos.
- É importante notar quando a criança começa a ter comportamentos incomuns, reações diferentes ao de costume, ela costuma está tentando, ao seu modo, fazer uma denuncia. Às vezes quando o agressor está próximo ela fica com medo de contar sobre o abuso e as reações a presença desta pessoa podem contribuir para essa percepção - ressaltou.
Para Clarice o tratamento e apoio para aqueles que sofreram violência sexual deve ser feito de forma responsável e tendo a sensibilidade para conquistar a confiança da vítima e então poder ajudá-la.
- É preciso muito cuidado ao lidar com pessoas que foram violentadas. Elas precisam de um tempo muito maior para aprender a confiar, até mesmo nas pessoas encarregadas de auxiliá-las. Por outro lado é preciso que se acolha as vítimas, até porque elas costumam temer serem responsabilizadas pelo ocorrido. Questionamentos como " O que você fez ou o que estava fazendo que provocou este fato", são culturalmente preconceituosos e não contribuem para a recuperação de quem precisa de apoio - disse.
Leia mais: http://diariodovale.uol.com.br/noticias/5,47556,Angra-dos-Reis-tem-aumento-no-numero-de-estupros.html#ixzz1at8L4ghI
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