Isolamento antichamas deve ser obrigatório em Mato Grosso

A medida é reflexo da tragédia que aconteceu recentemente em uma danceteria na cidade de Santa Maria/RS, onde 239 pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas, algumas em estado grave. Um mês após o acidente, 22 jovens ainda continuam no hospital

JOELMA PONTES
Assessoria de Comunicação - Deputado Mauro Savi
  
 
 Créditos da Foto: Maurício Barbant - AL/MT 
O episódio que vitimou centenas de pessoas, na maioria jovens, chocou a população brasileira e foi manchete dos principais jornais Brasil e do mundo. Em razão da tragédia, alguns estados decidiram fiscalizar os estabelecimentos fechados e averiguar se os mesmos possuem alvará de funcionamento, equipamentos de combate a incêndio e indicadores de saída de emergência. Preocupado com essa questão, o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado estadual Mauro Savi (PR), apresentou o Projeto de Lei nº 24/2013 que obriga a utilização de espuma de isolamento acústico antichamas.

A proposta determina ainda que seja feita a aplicação de aditivo de retardância de chamas em recintos fechados. “O nosso intuito é inibir a ocorrência de incêndios em determinados ambientes. Infelizmente, no dia 27 de janeiro, domingo, nós acordamos com a triste notícia a respeito da tragédia ocorrida na boate “Kiss”. E para evitar que outros casos semelhantes aconteçam, decidimos criar uma proposta que exige modificações na estrutura de locais fechados”, explicou Savi.

Na justificativa do projeto, Savi defende que “a utilização de isolamento antichamas, bem como a aplicação de aditivos de retardância de chamas em objetos como carpetes, cortinas, sofás, nas casas noturnas e similares, em muito contribuirá para a inibição de incêndios”, avaliou.

Na época do acidente, médicos especialistas apontaram que as vítimas tiveram asfixia mecânica e pneumonia química, em razão das faíscas de um sinalizador pirotécnico – equipamento de uso proibido em ambiente fechado – que teria atingido a espuma de isolamento acústico, proporcionando o incêndio no local. Em entrevista a um site de notícias, o diretor da Sociedade Paulista de Pneumologista, Ubiratan de Paula Santos explicou as causas dessa asfixia.

Segundo o especialista, dois compostos químicos bastante comuns em espumas usadas em revestimentos acústicos e em plásticos de PVC – como os de encanamentos - são os que oferecem mais riscos para o desenvolvimento da pneumonia química, fator capaz de provocar uma espécie de asma não alérgica para o resto da vida. Em alguns casos, os sintomas podem surgir três dias depois da exposição à fumaça química, como aconteceu com a estudante de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, Ingrid Goldani. A jovem conseguiu sair ilesa da boate, mas apresentou sintomas três dias depois e foi encaminhada ao hospital em estado grave.

Em relação à asfixia mecânica, médicos legistas que atenderam as vítimas de Santa Maria afirmaram que, a quantidade de fumaça inalada foi a grande causa das mortes. O que significa que, com o aumento de monóxido de carbono do ar, o gás tóxico toma o lugar do oxigênio no sangue. “Quando o monóxido toma conta do sangue, o corpo não consegue fazer as trocas gasosas necessárias para o suporte da vida e morre”, disse a coordenadora regional de perícia da área de Santa Maria/RS, Maria Ângela Zuccheto, em entrevista ao G1 de são Paulo/SP.

Vale ressaltar que o projeto de lei apresentado pelo primeiro-secretário deve ser encaminhado à Comissão de Segurança Pública da Casa na próxima semana, em razão dos parlamentares definirem nessa quarta-feira (27) quem serão os membros das comissões permanentes.

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