CPI da Pedofilia vai convocar novamente prefeito de Coari (AM) e outras 8 pessoas


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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes no país vai convocar novamente para depor o prefeito de Coari (AM) Adail Pinheiro (PRP-AM) e outras oito pessoas – todos supostamente envolvidos numa rede de pedofilia que atua no município amazonense.
Adail e os outros oito acusados já foram convocados no início da semana passada, quando integrantes da CPI – presidida pela deputada federal Erika Kokai (PT-DF) – estiveram em Coari, mas os denunciados saíram do município para não ter de depor.
Apenas Adail justificou a ausência. Seu depoimento estava marcado para o dia 9. O prefeito enviou cópia de atestado médico, informando que não poderia depor porque havia passado por uma cirurgia de hérnia, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, no domingo (7), com previsão de alta para o dia 11. O documento é assinado pelo urologista Celso Gromatzky (CRM-SP 45443).
A deputada Érika Kokay afirmou que, se for necessário, pedirá o uso da força policial para levar todos os intimados perante a comissão.
“Nós vamos convocar essas pessoas e solicitar, se necessário, a condução coercitiva por parte da polícia. O prefeito apresenta atestado médico que não pode comparecer ao depoimento. Esperamos que ele se recupere com muita saúde, porque será chamado para depor em Brasília. Não só ele como todos aqueles que fugiram do município. Houve uma fuga do município para que não pudessem ser notificados pela polícia. É inadmissível”, disse a parlamentar.
Adail Pinheiro foi denunciado à polícia, em maio do ano passado, quando estava em campanha para retornar à Prefeitura de Coari. Uma moradora do bairro Santa Efigênia disse que a filha dela, então com 12 anos (hoje, a adolescente tem 13), vinha sendo aliciada pela prima, também menor, que queria levar a garota para ficar com o prefeito.
Anselmo do Nascimento, ex-funcionário de Adail, e a prima da menina de 13 anos estão entre os que serão novamente intimados para prestar depoimento.
Essa foi apenas a denúncia mais recente. Desde 2008, o prefeito tem o nome apontado, tanto pelo Ministério Público como pela Polícia Federal, como chefe de uma rede de pedofilia em Coari. Em setembro de 2009, Adail foi preso pela Polícia Federal, após denúncia do Ministério Público do Amazonas por exploração sexual infanto-juvenil e favorecimento à prostituição. E em 2010, foi pedido o indiciamento do prefeito pelo mesmo crime, na CPI do Senado.
No início da semana passada, a CPI ouviu dez pessoas em Coari, entre elas a menina aliciada e a mãe dela. Todas as pessoas ouvidas teriam confirmado à comissão a prática de exploração sexual no município. Os nomes não foram divulgados.
A relatora da CPI, deputada federal Liliam Sá (PSD-RJ), informou na sexta-feira (12) que pediu à Polícia Federal proteção para mãe e filha que denunciaram o prefeito Adail Pinheiro.
Segundo a parlamentar, a mãe da menina entrou em contato com ela para dizer que ela e a filha estavam sob ameaça de morte em Coari, onde até integrantes da CPI foram hostilizados por manifestantes arregimentados pelo prefeito.
Outro lado – Um dos advogados do prefeito Adail Pinheiro, Rodrigo Porto, disse não acreditar que as pessoas ouvidas pela CPI estejam sendo ameaçadas. “Isso não reflete o comportamento de nenhum dos investigados. Eu acredito que seja mais uma tentativa de tumultuar o trabalho da CPI e da defesa do prefeito”, disse o advogado.
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Coari também defendeu que ameaças de violência não fazem parte “dessa e nem da administração anterior” do prefeito, informou.
A Secom informou que o prefeito está reunindo provas para responder as acusações contra ele. E acrescentou que apontará indícios de que a CPI é conduzida por interesses políticos. “Foram ouvidas somente supostas vítimas e testemunhas ligadas ao grupo da oposição”, defendeu a Secom, em nota.
(Redação do JP, com portal do jornal A Crítica)