Com medo de morrer: Família que denunciou Adail Pinheiro à CPI da Pedofilia sai do AM


Agentes federais fizeram a retirada da família do município. O ingresso das testemunhas no Provita foi um pedido da CPI da Pedofilia ao Ministério da Justiça
Presidente da CPI da Exploração Sexual de Crianças, deputada Érica Kokay (ao microfone) coordenou audiência em Coari
Presidente da CPI da Exploração Sexual de Crianças, deputada Érica Kokay (ao microfone) coordenou audiência em Coari (Bruno Kelly)
A mãe e a menina de 13 anos que denunciaram o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP) à CPI da Pedofilia da Câmara dos Deputados, no dia 8 desse mês, foram tiradas nesta sexta-feira (19) do município. As duas foram incluídas no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita) do Ministério da Justiça.
Além das duas, uma irmã da menina que denunciou o prefeito também teve que deixar a cidade. Agentes federais fizeram a retirada da família do município. O ingresso das testemunhas no Provita foi um pedido da CPI da Pedofilia ao Ministério da Justiça.
Por telefone, o conselheiro de Direitos Humanos e membro da organização não-governamental Movimento Nacional de Direitos Humanos Regional Amazonas e Roraima (MNDH-AM/RR), Renato de Almeida Souto, confirmou a retirada da família de Coari.
Segundo o conselheiro, outra pessoa, que também estaria sendo ameaça, vai ser retirada da cidade. “Ontem (quinta-feira), essa pessoa disse que recebeu telefonemas, e depois disse que escapou de uma tentativa de atropelamento”, informou Renato Souto.
A CPI que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil esteve nos dias 8 e 9 desse mês em Coari para apurar uma nova denúncia contra Adail Pinheiro.
Segundo uma garota de 13 anos e a mãe dela, em maio do ano passado, por meio de terceiros, Adail teria tentado marcar um encontro com a criança. Por meio da Secretaria Municipal de Comunicação e de advogados, o prefeito nega a acusação.
Desde que foi anunciada a ida da CPI a Coari, o prefeito saiu do município. Adail Pinheiro justificou a ausência na sessão de depoimentos da comissão, realizada no dia 9. Em nota, ele informou que estava internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, recuperando-se de uma cirurgia de hérnia.
Segundo a Secretaria de Comunicação do município, quando foi notificado oficialmente da convocação para depor, Adail já havia viajado para realizar a cirurgia em capital paulista.
O prefeito e mais oito pessoas ligadas a ele não atenderam à convocação da CPI para depor. A presidente da comissão, deputada Érika Kokay (PT-DF) afirmou que se for necessário pedirá o uso da força policial para ouvi-los, em agosto.
Força-tarefa do Governo Federal
Quando as testemunhas chegavam ao campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para depor à CPI da Pedofilia, no dia 8, eram xingadas por partidários do prefeito Adail Pinheiro, que tomaram a frente do prédio.
Na ocasião, a assessoria jurídica de Adail defendeu que o prefeito não incentivou a manifestação contra a presença da CPI na cidade. A presidente da comissão disse que duvida. E afirmou que pediria para que fosse investigado o uso de recurso públicos na mobilização dos manifestantes.
Após audiência na Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), da Presidência da República, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Câmara dos Deputados, que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, decidiu que vai voltar a Coari em agosto para continuar as investigações de pedofilia no município.
Mas, desta vez, a CPI não vai sozinha. Será constituída uma força-tarefa com representantes de instituições do Governo Federal e do Estado do Amazonas. A CPI esteve pela primeira vez em Coari nos dias 8 e 9 de junho, mas não conseguiu ouvir o prefeito Adail Pinheiro e outras oito pessoas envolvidas nas denúncias.
A CRÍTICA tentou contato com o advogado de Adail, Antônio Batista, nesta sexta-feira mas ele não atendeu as chamadas para o  81xx-xx55.