Uma das testemunhas sofreu tentativa de atropelamento
A mãe e a menina de 13 anos que denunciaram o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP) à CPI da Pedofilia da Câmara dos Deputados, no dia 8 desse mês, foram tiradas do estado. As duas foram incluídas no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas (Provita) do Ministério da Justiça.
Além delas, uma irmã da menina que denunciou o prefeito também teve que deixar a cidade. Agentes federais fizeram a retirada da família do município. O ingresso das testemunhas no Provita foi um pedido da CPI da Pedofilia ao Ministério da Justiça.
Por telefone, o conselheiro de Direitos Humanos e membro da organização não-governamental Movimento Nacional de Direitos Humanos Regional Amazonas e Roraima (MNDH-AM/RR), Renato de Almeida Souto, confirmou a retirada da família de Coari.
Segundo o conselheiro, outra pessoa, que também estaria sendo ameaça, vai ser retirada da cidade. “Ontem (quinta-feira), essa pessoa disse que recebeu telefonemas, e depois disse que escapou de uma tentativa de atropelamento”, informou Renato Souto.
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A CPI que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil esteve nos dias 8 e 9 desse mês em Coari para apurar uma nova denúncia contra Adail Pinheiro.
Segundo uma garota de 13 anos e a mãe dela, em maio do ano passado, por meio de terceiros, Adail teria tentado marcar um encontro com a criança. Por meio da Secretaria Municipal de Comunicação e de advogados, o prefeito nega a acusação.
Desde que foi anunciada a ida da CPI a Coari, o prefeito saiu do município. Adail Pinheiro justificou a ausência na sessão de depoimentos da comissão, realizada no dia 9. Em nota, ele informou que estava internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, recuperando-se de uma cirurgia de hérnia.
Segundo a Secretaria de Comunicação do município, quando foi notificado oficialmente da convocação para depor, Adail já havia viajado para realizar a cirurgia em capital paulista.
O prefeito e mais oito pessoas ligadas a ele não atenderam à convocação da CPI para depor. A presidente da comissão, deputada Érika Kokay (PT-DF) afirmou que se for necessário pedirá o uso da força policial para ouvi-los, em agosto.
Força-tarefa do Governo Federal
Quando as testemunhas chegavam ao campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) para depor à CPI da Pedofilia, no dia 8, eram xingadas por partidários do prefeito Adail Pinheiro, que tomaram a frente do prédio.
Na ocasião, a assessoria jurídica de Adail defendeu que o prefeito não incentivou a manifestação contra a presença da CPI na cidade. A presidente da comissão disse que duvida. E afirmou que pediria para que fosse investigado o uso de recurso públicos na mobilização dos manifestantes.
Após audiência na Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), da Presidência da República, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Câmara dos Deputados, que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil, decidiu que vai voltar a Coari em agosto para continuar as investigações de pedofilia no município.
Mas, desta vez, a CPI não vai sozinha. Será constituída uma força-tarefa com representantes de instituições do Governo Federal e do Estado do Amazonas. A CPI esteve pela primeira vez em Coari nos dias 8 e 9 de junho, mas não conseguiu ouvir o prefeito Adail Pinheiro e outras oito pessoas envolvidas nas denúncias.