Cadáver aparece boiando em lagoa; há 8 anos, local foi palco de uma chacina
MidiaNews
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O corpo do pedreiro foi encontrado boiando na lagoa da Fazenda São João, nesta sexta-feira
DA REDAÇÃO
O pedreiro João Gonçalo de Campos, de 53 anos, foi encontrado morto em uma das lagoas da Fazenda São João, às margens da BR-163, em Várzea Grande. nesta sexta-feira (16). A propriedade pertence ao ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, ex-chefe do crime organizado em Mato Grosso.Segundo informações da Polícia, no final da manhã de hoje, o corpo do pedreiro apareceu boiando. Na quarta-feira (14) à noite, ele, o irmão Jucinei e um amigo conhecido por Santana teriam entrado na fazenda com a intenção de pescar.
Por volta das 20 horas, eles teria sido cercados por dois supostos seguranças armados com escopetas. Eles teriam disparados alguns tiros, supostamente de advertência.
Segundo Jucinei contou à Polícia, ele e Santana ficaram parados, mas João Gonçalo teria corrido em direção a um matagal e os seguranças foram atrás.
“Então, a gente correu para o outro lado. Não demorou muito e ouvimos mais dois tiros”, relatou Jucinei. Os três são moradores no bairro Jardim Glória II, em Várzea Grande.
Na quinta-feira (15), Jucinei e outros dois irmãos foram até a fazenda, em busca de notícias do irmão, mas não obtiveram resposta. “Ainda conversei com o gerente e ninguém me disse nada. Voltamos no mesmo local e nada”, relatou.
Nesta sexta-feira de manhã, Jucinei e parentes procuraram a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para registrar queixa de desaparecimento. “No momento do registro, fomos informados da localização do corpo, que estava boiando na lagoa”, explicou o delegado João Bosco de Barros, de plantão.
No local, os parentes reconheceram o corpo do pedreiro, que ainda estava com sapatos. João Gonçalo não tinha marcas de tiros, apenas um queimado de raspão no pescoço.
Uma das suspeitas é que ele tenha sido jogado vivo dentro do tanque. “Meu irmão correu para o mato e, agora, aparece morto na lagoa. Não faz sentido”, disse Jucinei.
O gerente dos tanques de peixe de uma empresa que arrendou parte da fazenda informou à Polícia que o local não tem seguranças.
Segundo ele, que não teve o nome revelado, os tanques são terceirizados. A fazenda, que é grande, ainda tem pasto para a criação de gado. Ele disse que, ao ver o cadáver boiando na lagoa, acionou a Polícia.
Chacina
Há oito anos, a Fazenda São João foi palco de uma chacina: quatro pessoas foram mortas após invadirem a propriedade. O delegado João Bosco da Silva comandou a investigação do caso.
Ele disse suspeitar que, ao contrário do que afirmou o gerente, a fazenda teria seguranças, a exemplo do que ocorreu em 2004, quando as quatro pessoas que estavam pescando foram executadas a tiros.
“Temos uma denúncia de suposto segurança que atirou, um boletim de desaparecimento e um corpo. Estamos apenas iniciando as investigações”, observou o delegado.
A chacina na fazenda ocorreu no dia 21 de março de 2004 e começou com o assassinato de Itamar Barcelos, de 32 anos, com três tiros de carabina.
Em seguida, os seguranças da fazenda renderam e amarraram outros três rapazes - Pedro Francisco da Silva, de 25, José Francisco de Almeida, de 27, e Arelir Manoel de Oliveira, de 32. Em seguida, eles foram assassinados a pauladas.
Os corpos foram jogados a cerca de 20 quilômetros da sede. Os rapazes foram mortos porque pescavam sem autorização, conforme a Polícia apurou, na ocasião.
Segundo depoimentos colhidos na época, ao chegar na fazenda, o gerente teria ordenado que os rapazes fossem afogados e "desovados" longe dali.
Oito pessoas foram denunciadas pelo crime e somente duas foram julgadas, mas tiveram pena mínima.





