Em dezembro, Sanecap pagou R$ 162 mil só com cimento e aterro




Romilson Dourado

http://rdnews.com.br/blog/post/em-dezembro-sanecap-pagou-a-vista-r-162-mil-so-com-cimento-e-aterro
  Fernando Ordakowski

Prefeito Chico Galindo mantinha na Sanecap em dezembro, quando houve compra excessiva de cimento e aterro, diretores da República de Presidente Prudente; questionados sobre a aquisição, Jacírio e Spinelli se esquivaram
  A Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap), que inicia a partir de agora uma fase de desmonte para ser extinta e, assim, o saneamento passar a ser gerido pela iniciativa privada, comprou e pagou à vista 2,5 mil sacos de cimento e 16,2 mil m3 de aterro em 23 de dezembro, no apagar das luzes do ano passado.
   Na nota fiscal a qual o blog teve acesso e a reproduz logo abaixo, consta que a companhia desembolsou pelos materiais R$ 162,3 mil. Como os números não batem, a diretoria pode ter dificuldades para explicar essas aquisições ao Tribunal de Contas. Na época, o prefeito e empresário Chico Galindo (PTB) já tinha levado para o comando da autarquia a chamada "República de Presidente Prudente", onde ele morou até o início dos anos 1990, presidiu a Prudenco, empresa da área de saneamento, e até disputou, sem êxito, a cadeira de prefeito da cidade paulista.
    Quem presidia a Sanecap no final de 2010 era Antônio Carlos Ventura Ribeiro, já como sucessor de Carlos Roberto da Costa, o Nezinho. Tinha como diretores Everson Serra (Comercial), Erick Ferreira Leite (Administrativo), Jacírio Maia Roque (Técnico) e o ex-governador e ex-prefeito de Cuiabá Frederico Campos, que responde até hoje diretoria Financeira. De lá para cá, restam hoje no comando apenas Jacírio e Frederico. A companhia é presidida agora por Aray da Fonseca.
   Os materiais, conforme a nota fiscal, foram fornecidos por uma pequena loja, denominada de Casa & Construção, situada à avenida Marechal Teodoro. Mesmo com aquisição de uma grande quantidade (2,5 mil sacos), o preço do cimento saiu por R$ 23,70. Assim, totalizou R$ 59,2 mil. O metro cúbido do aterro foi negociado por R$ 16,35. A Sanecap pagou, então, pelos 6.250 m3 nada menos que R$ 102,1 mil. A menor quantidade de um caminhão de aterro corresponde a 5 m3. Considerando esses cálculos, a autaquia adquiriu naquele menos que 1,2 mil caminhões de aterro em dezembro do ano passado.
    O curioso é que a Companhia, responsável pelos serviços de água e esgoto de Cuiabá, utilizada por mês, em média, 200 sacos de cimento, isso quando se depara com muitas obras. Com os 2,5 mil sacos de cimento seria possível construir aproximadamente 5 mil metros lineares por 2,5 metros de largura de calçadas. Um dos diretores revelou que a Sanecap enfrenta problemas de gestão. Terá, inclusive, dificuldades para fechar as contas tanto do exercício de 2010 quanto das deste ano. Balanço preliminar aponta para um déficit de cerca de R$ 800 mil no almoxarifado, somente no primeiro semestre.
    Outro lado
   O diretor-técnico Jacírio Maia Roque, que se mudou de Presidente Prudente para Cuiabá para integrar os quadros da companhia, não soube responder aos questionamentos acerca das compras elevadas de cimento e de aterro em dezembro de 2010. "Quem pede para adquirir aterro, cimento e outras coisas é a área administrativa. Isso não passa pela minha diretoria", esquvou-se. Segundo Jacírio, quem poderia prestar esclarecimentos seria a diretoria-administrativa, sob Renato Raul Spinelli.
   Também procurado pelo blog na terça à tarde, Raul desconversou sobre o assunto. "Estou fora da Sanecap e amanhã vou me inteirar dos fatos para poder me posicionar. Mas adianto que isso (compra feita em dezembro de 2010 de cimento e aterro) não é da minha época. Eu entrei agora. Vou dar um retorno amanhã". Passados 24 horas, Raul Spinelli não se preocupou em apresentar a versão da empresa sobre as compras, embora tivesse se reunido com outros diretores em buscar de resposta e explicações.

Nota fiscal revela que em 23 de dezembro, na última semana de 2010, a Sanecap comprou 2,5 mil sacos de cimento e 6 mil m3 de aterro, ao custo total de R$ 162,3 mil; é especificado, inclusive, que o pagamento foi à vista
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