Vice-presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Fábio Sousa (PSDB) quer agilizar procedimentos para a criação da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras drogas. Nesta entrevista ao DM, ele diz que o tráfico é um “câncer social” e que as drogas impedem o viciado de agir conscientemente. Defende internação compulsória de dependentes químicos e apoio à construção de Credeqs. Segundo avalia, o crack é uma “uma verdadeira desgraça que alcança o filho do faxineiro ao do doutor” e “se ainda não estamos vivendo uma epidemia, estamos próximos”, alerta.
Quais seriam as prioridades para Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras drogas?
Os deputados têm obrigação de propor projetos que melhorem a vida das pessoas, resolvendo seus problemas. Hoje a sociedade brasileira enfrenta uma verdadeira guerra, a guerra contra as drogas. Por isto, resolvi propor a criação da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras drogas. Com muito estudo e com envolvimento de toda a sociedade, sobretudo ONGs especializadas, educadores, profissionais de saúde e ainda o sistema de segurança do estado, o Ministério Publico e o Poder Judiciário, poderemos propor soluções por meio de projetos e programas a serem implantados neste enfrentamento. Damos um destaque especial ao crack porque é a droga cujo consumo mais cresce entre diversos setores da sociedade. Trata-se de uma droga barata, com alto poder viciante e destrutivo. Uma verdadeira desgraça que alcança do peão ao fazendeiro. Do iletrado ao estudado. Do filho do faxineiro ao do doutor.
Quais seriam as medidas preventivas a serem adotadas para minimizar o efeito das drogas?
A Frente, no meu ponto de vista, deve atuar em três buscas importantes, que nos levarão a vencer esta guerra. Ações preventivas, para os jovens não entrar neste caminho. Tratamento ao dependente químico, pois ele está doente, seja por meio de internação compulsória ou por livre vontade e força policial contra os traficantes. Mas as ações preventivas devem ser prioridades neste enfrentamento. Campanhas educativas devem ser feitas sim, porém o mais importante é garantir amplo acesso da juventude à educação, esporte, cultura e lazer. Dizem que mente vazia é a oficina do diabo. Então, vamos manter a mente deles ocupadas.
O que a Assembleia pode fazer para agilizar a construção de centros de tratamento para dependentes químicos?
O que tiver ao seu alcance. Além da pressão política, o que for necessário. Os centros são fundamentais para que o dependente químico possa ser liberto deste vício. Este sistema só funcionará com centros gratuitos e bem estruturados, que alcance a todos. O governador Marconi Perillo esta lutando para implantar o Credeq, que será um projeto vanguardista e revolucionário. Defendo também convênios entre o poder publico e entidades que já fazem de forma filantrópica tratamento com dependentes. Claro que estas instituições devem ter critérios específicos, supervisionados por pessoas que entendem do assunto, ou seja, profissionais de saúde especializados.
O senhor defende a internação compulsória de dependentes?
Claro. Tenho certeza que o dependente químico precisa de tratamento. Este tratamento deve ser gratuito e especializado. As drogas impedem o viciado de agir conscientemente. Portanto, ele torna-se uma pessoa nociva inconscientemente. Se não quer tratamento e se ele tornou-se um problema para a sociedade, para sua família, deve ser obrigado a se tratar. Mas tenho certeza que hoje este sistema não funciona no Brasil. O SUS não consegue absorver estes dependentes e as cadeias são verdadeiros infernos na terra que não recuperam ninguém. Há muito a se fazer para que a internação compulsória tenha validade no Brasil.
É necessário modificar a legislação para estabelecer penas mais rígidas contra traficantes?
Traficante deve ser tratado ao rigor de lei. Tráfico é caso de polícia. Toda doença deve ser evitada. Mas, quando ela nos ataca, devemos combatê-la com remédios, antibióticos. O tráfico é um câncer social e a polícia são os anticorpos de nossa sociedade. Agora, nada disso resolve se não houver dentro de nosso sistema penal regras rígidas na condenação de traficantes. O Brasil hoje vive um momento importante. O Senado patrocina uma comissão de notáveis juristas, comandada pelo ministro Gilson Dipp para reformar o nosso Código Penal. Espero que os membros desta comissão, bem como o Congresso Nacional, sejam sensíveis a este problema.
O avanço do consumo do crack em Goiás já configura um cenário de epidemia?
Estamos vivendo dias difíceis. Uma recente pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios apontou que 187 cidades em Goiás já sofrem com o problema do crack. O estado é atualmente considerado o maior em incidência desse tipo de entorpecente na região Centro-Oeste. A pedra de crack sai mais barata do que uma garrafa de bebida alcoólica, o que leva muitos para o vício. Se ainda não estamos vivendo uma epidemia, estamos próximos. Eu não quero isso, a Assembleia Legislativa não quer, o governo de Goiás também não. Então vamos agir, é o que a sociedade espera de nós.
Como avalia a importância da participação da sociedade no combate ao tráfico e consumo de drogas?
Em todos os graves problemas sociais o engajamento da sociedade é importante. Fundamental. E assim na guerra contra a pedofilia, na guerra contra o trabalho infantil, contra trabalho escravo, no combate a violência contra mulher. Enfim, em todos os nossos problemas. Claro que a responsabilidade de coordenar é do poder publico. Mas a sociedade deve fazer a sua parte, sobretudo no seio familiar. A família tem um poder e uma responsabilidade grande neste enfrentamento. Precisamos parar de transferir responsabilidades. Devemos todos assumir nosso papel e assim vencer esta guerra.
Exploração Sexual MT:Cuiabá:Fábio Sousa quer agilizar a criação de frente parlamentar contra o crack
maio 20, 2012
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