Empresário tentou executar o crime perfeito, diz Polícia

Rogério Amorim usou estratégias para tentar despistar policiais, durante investigações

Katiana Pereira/MidiaNews


Delegados Anaíde Barros e Silas Caldeira, da DHPP: trabalho em que equipe desvendou o misterioso caso
KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
Os delegados Silas Caldeiras e Anaíde de Barros, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), revelaram, durante uma entrevista coletiva, na tarde de sexta-feira (25), que as investigações sobre o desaparecimento da estudante Maiana Vilela, 16, revelaram que o empresário Rogério Amorim, 38, tentou realizar um "crime perfeito" para afastar, definitivamente, a adolescente de sua vida. 
Para a Polícia, o empresário agiu com muita dissimulação, inclusive, tendo mentido por diversas vezes, em depoimentos anteriores, quando se iniciaram as investigações sobre o desaparecimento da garota, em dezembro de 2011.

Segundo Anaíde Barros, as investigações mostraram que o plano foi tramado com detalhes pelo empresário, ex-namorado de Maiana. Inicialmente, ele não pôde ser configurado como principal suspeito, pois usou a estratégia de ele próprio comunicar o desaparecimento da adolescente. 
A esposa de Rogério, Calisângela de Moraes, se apresentou de forma espontânea à DHPP. Essa seria mais uma estratégia para tentar despistar a Polícia.

“Ele registrou o boletim de ocorrência, veio prestar depoimento. Chegou a dizer que estava passando aqueles dias à base de tranquilizantes, carregava a foto dela para todo lado... Mas, sabemos que tudo isso foi uma farsa para despistar a sua participação na morte da Maiana”, disse Anaíde.

A delegada informou que Rogério financiou a viagem da mãe de Maiana, Sueli Mariano, 47, para o Paraná, no final do ano passado, para que a menina estivesse sozinha quando o crime acontecesse. 
“Essa estratégia foi para facilitar o assassinato da menor. Ele também veio à delegacia e disse que não era a primeira vez que Maiana desaparecia. Isso depois foi desmentido pelos parentes da menor. Ele queria desviar o foco dele, mas, ainda assim, sabíamos que havia algo de errado e as investigações provaram isso”, contou Anaíde Barros.

Sistema Guardião
A delegada disse também que as investigações, iniciadas em dezembro de 2011, não foram interrompidas, até o caso ser solucionado.

“Não paramos de investigar. Ocorre que o caso tomou grandes proporções e não é tudo que podemos contar para a imprensa, para não atrapalhar o caso. Uma equipe muito grande se dedicou nesse trabalho. Usamos também o serviço de inteligência”, disse o delegado Silas Caldeira.

Anaíde revelou que a liberação do sigilo telefônico dos suspeitos e escutas telefônicas, feitas pelo sistema Guardião, foram determinantes para a solução do mistério que envolvia o desaparecimento de Maiana.

O Guardião é um sistema de software e hardware fabricado exclusivamente pela Dígitro. Ele é capaz de gravar, simultaneamente, centenas de ligações telefônicas. 
Cada vez que um monitorado fala, o sistema grava e armazena. A Justiça autoriza grampear o telefone 1. Quando o 2 liga para o 1, a conversa é gravada, mas não significa que todas as ligações do 2 serão grampeadas. Saiba mais AQUI.

“No dia em que Maiana, desapareceu Rogério telefonou mais de 10 vezes para Paulo e vice-versa. Conseguimos também localizar mensagens de texto dos envolvidos falando sobre o crime. Com as escutas telefônicas, conseguimos fechar o mistério e comprovar a participação de Rogério como mandante, Paulo e Carlos Alexandre como executores. Também temos gravações que comprovam que os outros sabiam de tudo”, revelou a delegada.

Investigações continuam 
Anaíde Barros disse, ainda, que as investigações sobre o crime ainda não foram concluídas e que a tomada de depoimento vai mostrar qual a participação efetiva de cada um dos presos.

Foram presos Paulo Ferreira e Carlos Alexandre Nunes da Silva, apontados pela Polícia como executores; Rogério Amorim e Calisângela de Moraes, como mandantes e mentores do assassinato.

Também foram presos, mas liberados na noite de sexta-feira, Eduardo Panta Amorim, 18, filho de Rogério, Fernando Modesto Vale, Joanildo Batista Silva Souza, genro de Paulo, Valquíria Caldas de Oliveira, enteada de Paulo e esposa de Joanildo. 
Todos foram presos porque tinham conhecimento do crime e foram interrogados pela Polícia.

Trabalho policial 
A delegada Anaíde de Barros ressaltou que o fim desse mistério que intrigou todo o Estado de Mato Grosso só foi possível pelo trabalho desenvolvido em equipe. 
Policiais de vários setores se mobilizaram e não mediram esforços para descobrir o que aconteceu com a jovem Maiana e prender os envolvidos.

Segundo Anaíde, o Setor de Desaparecidos da DHPP atuou de forma exemplar, assim como todos os demais agentes. A Policia Militar também ajudou nas investigações, colaborando com informações.

Caso Maiana 
Maiana Vilela, 16, desapareceu no dia 21 de dezembro de 2011. Investigações mostram que a jovem foi vítima de um plano cruel para o seu assassinato, tramado pelo ex-namorado Rogério Amorim, 38.

Segundo a Polícia, Rogério contratou Paulo Ferrira e Carlos Alexandre para executarem a menor. Ele deu um cheque de R$ 500 para Maiana descontar no banco Itaú, no CPA 1. Ela teria que levar R$ 400 desse dinheiro para pagar um caseiro, em uma chácara na região do bairro Altos da Glória.

Esse pagamento era parte do plano de Rogério para atrair Maiana para o seu algoz. A garota foi até a chácara, entregou o dinheiro para Paulo, que a matou em seguida, por asfixia. Ele teve a ajuda de Paulo Alexandre.

A dupla colocou a menor no banco traseiro de um automóvel Uno, de cor prata, que pertencia a Paulo. Eles levaram o corpo de Maiana até a empresa de Rogério, no bairro Três Barras, para que ele comprovasse a morte da ex-namorada.

Depois disso, o corpo da menina foi enterrado em uma área afastada na estrada da Ponte de Ferro, a cerca de 15 km de Cuiabá. O corpo de Maiana foi resgatado por policiais na manhã de sexta-feira, após terem prendido a quadrilha.

O caso causou grande comoção social e foi um dos assuntos mais divulgados pela imprensa local. 
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