Um mês depois, suspeitos de matar garoto boliviano seguem foragidos


Menino de 5 anos morreu com tiro na cabeça durante assalto em SP.
Suposto autor do disparo deixou cadeia com benefício do Dia das Mães.
Fonte: G1 São Paulo
Um mês depois do crime, a Polícia Civil ainda busca alguns dos suspeitos de matar o boliviano Brayan Yanarico Capcha, de 5 anos, durante um assalto, na região de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), Diego Rocha Freitas Campos, de 20 anos, é o autor do disparo que atingiu o garoto na cabeça, em 28 de junho.

“Estamos atrás deles, mas não temos novidades”, afirmou o delegado Antonio Mestre Junior, da 8ª Seccional São Mateus, na Zona Leste. Desde o início das investigações, a Polícia Civil já checou mais de 40 denúncias com possíveis endereços do esconderijo do fugitivo.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), Campos cumpria pena por roubo no presídio de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Ele recebeu da Justiça o benefício da saída temporada no Dia das Mães, mas não retornou. Ele é considerado foragido desde 13 de maio. Wesley Soares Pedroso, de 19 anos, também é procurado.
 
Três suspeitos de participarem do crime continuam detidos: Paulo Ricardo Martins, 19, Felipe dos Santos Lima, 18, e um adolescente de 17 anos. Um deles seria vizinho de Brayan, segundo parentes da vítima e policiais disseram ao G1.

Máscaras de palhaço
Todos os cinco suspeitos são investigados como membros da quadrilha que usava máscaras de palhaço, armas e facas e invadiu a residência onde Brayan morava com os pais, Edberto Yanarico Quiuchaca, de 28 anos, e Veronica Capcha Mamani, 24 anos. O casal de costureiros e o filho bolivianos haviam deixado a região de La Paz seis meses antes em busca de melhores condições de trabalho em São Paulo. Moravam num sobrado com outros compatriotas.

Apesar de ter pego R$ 4,5 mil das vítimas, a quadrilha queria mais dinheiro dos bolivianos. Como não tinham e Brayan chorava, um dos assaltantes atirou na cabeça do menino, que estava no colo da mãe. Se estivesse vivo, o garoto completaria 6 anos em 6 de julho. Seu corpo foi enterrado no povoado onde morou na Bolívia. Depois do crime, os pais voltaram ao país de origem e não querem mais morar no Brasil.

Segundo o delegado Mestre Júnior, a família do foragido o alertou sobre as ameaças de morte por parte de outros criminosos e pediu para ele se entregar. “Que fique bem claro: não é a polícia que está negociando a rendição do foragido com ele. É a família dele quem nos procurou para falar que ele está sendo jurado de morte por outros bandidos e quer que ele se renda”, disse o delegado. “Nós não estamos falando com o suspeito, mas sim o procurando incansavelmente com diversas equipes policiais.”

Suspeito
Em entrevista ao Fantástico, o pai de Campos disse que o filho confessou o assassinato de Brayan, mas alegou que não tinha a intenção de matar a criança e que o disparo foi acidental.

“[Ele] falou que realmente atingiu a criança porque o boliviano quis tomar a arma dele, bateu no braço dele, a arma baixou e atingiu a criança. Ele estava com o dedo no gatilho, disparou”, afirmou o pai, que mora a menos de 20 metros da casa onde os bolivianos viviam e trabalhavam.

A reportagem do Fantástico também encontrou a namorada de Diego Campos, de 16 anos. Juntos desde 2010, eles têm um filho, de 1 ano. A moça fez um apelo. “Gostaria muito que ele se entregasse, para acabar tudo isso. Para ele dar a versão dele”, disse.

Segundo ela, Diego não era um rapaz violento dentro de casa. “Não. Diego não era violento dentro de casa. Ele era tranquilo, o Diego. Ele brincava com o bebê. O Diego sempre gostou de criança. Ele tem amor enorme por criança”, afirmou.