Prefeitura desativa programa social; moradores de rua ficam sem atenção


Prefeitura desativa consultório; moradores de rua ficam sem atenção

Camila Cervantes


-- Moradores da rua do bairro Porto reclamam da precariedade no atendimento prestado
Moradores da rua do bairro Porto reclamam da precariedade no atendimento prestado
  
-- Psicológa Mara Tondin
Psicológa Mara Tondin
Moradores de rua de Cuiabá reclamam da falta de assistência prestada pelo Consultório de Rua – projeto que oferece atendimento especializado aos usuários de drogas em situação de vulnerabilidade social. Segundo eles, o projeto está desativado desde março deste ano. Isso porque aguarda aval da Atenção Básica do Município para se tornar um programa de saúde permanente na rede de atenção psicossocial. O assunto foi tema de reportagem no RDTV desta segunda (1º).
  Diante da situação, o governo federal estabeleceu o prazo de dois anos para que as prefeituras se adequassem ao projeto e o implantassem como programa social. De acordo com a coordenadora do Consultório de Rua e psicóloga, Mara Tondin, a equipe era composta por seis pessoas, sendo duas psicólogas, uma assistente social, uma enfermeira, um redutor de danos e um motorista, que também era capacitado para prestar o atendimento.
  “O município recebeu o primeiro repasse, nele enquanto modalidade de projeto, e agora precisa fazer parte da Atenção Básica para receber o recurso mensal. Quando a Atenção Básica assumir este serviço ele será habilitado como um programa de saúde e ai receberá um repasse mensal para custeio das despesas”, explicou a coordenadora.

 Para Cuiabá, o governo federal concedeu R$ 200 mil a fim de realizar a implantação. Com estes recursos, aproximadamente, 1,5 mil pessoas foram atendidas. Diante dos números, Mara reforça a necessidade de retomar os trabalhos. “Nós e a equipe da Coordenação de Saúde Mental nos organizamos com o projeto de adequação e tentamos articular com a Atenção Básica, para que de fato ele comece a trabalhar de novo. Queremos que o projeto possa voltar a atender as pessoas e, principalmente, as que estão em situação de rua”, enfatizou.
  Conforme alguns moradores de rua, as reclamações são de descaso por parte dos órgãos públicos. “Direto a gente precisa da Assistência Social, em Várzea Grande e Cuiabá. Eles falam vem amanhã, vem depois. Ai a gente chega lá e não atende nada. Não tem atendimento, só tem quando a pessoa está morrendo”, reclamou um deles. Além de sentirem a falta das consultas, eles reclamam também do atendimento feito pela Assistência Social. “A Assistência aqui não atende você não. Não ajuda. Se vai pedir um socorro aqui, você tem que pedir misericórdia”, lamenta outro morador de rua.
  Segundo o médico Gabriel Novis Neves, para a iniciativa dar certo precisa ser reestruturada, além de depender de vontade política. “O programa é bom, tanto é que foi aprovado e começou a vigorar. Só que toda decisão não é do técnico, e sim do político. Se o político não interessar, acabou o programa. O técnico e o médico não tomam decisão. Quem decide é o político. Se ele achar que não é interessante, não sai nada. Então está desativado o programa”, concluiu.