Edilson Pereira
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Maria Carolina Genofre: "Houve uma sucessão de erros na abertura da mala na rodoviária”.
A família de Rachel Genofre se divide entre o reconhecimento pelo esforço da equipe liderada pela delegada Vanessa Alice para elucidar o crime e a lambança patrocinada por todos aqueles, incluindo os peritos, que encontraram o corpo da menina e cometeram uma série de negligências. Por conta destas negligências, a família, representada pela advogada Cássia Bernardelli, pretende processar o Estado com o objetivo de forçá-lo a assumir seus erros e esclarecer o que realmente houve.
"Houve uma sucessão de erros na abertura da mala na rodoviária. O jeito que mexeram no corpo, o fato de jogarem no lixo um saco que poderia vir a ser prova, a perícia foi mal feita, depois aconteceu o vazamento de fotos do corpo dela (morta e nua) para a internet, que não são fotos de jornais, são fotos oficiais da perícia. Resumindo, aconteceu uma série de negligências", diz a tia de Rachel, a pedagoga Maria Carolina Lobo Genofre. Ela diz ainda que "a perícia não sabia que o assassino tinha cortado o cabelo da garota. Fui eu que descobri e contei para a delegada. Nas fotos do perito, tinha chumaços de cabelo. Isto nem estava no laudo", acrescenta.
Maria Carolina Genofre classifica de "violência institucional" o tratamento que o corpo da garota recebeu dos funcionários do Estado depois de a mala ser aberta. "Claro que esta violência que o corpo dela recebeu não é maior que a morte dela, mas não deixa de ser uma violência institucional, que não pode acontecer. O Estado tem que responder por isso", afirma. O processo tem uma finalidade pedagógica. "Para evitar que outros casos sejam tratados da mesma forma", diz ela. "E a gente não pode esquecer que tem um assassino deste porte solto por aí e a dissolução de evidências prejudica a captura dele", diz.
Comprometeu
Na avaliação da tia da garota, a negligência levou a perder detalhes que poderiam ajudar a elucidar o crime, que a cada dia parece mais difícil de ser solucionado. "Estamos hoje na estaca zero", diz. Ela, no entanto, preserva o trabalho da delegada Vanessa Alice, para destacar que "hoje não temos problemas com a investigação. A delegada é incansável. A Polícia é nossa única esperança para encontrar o culpado por este crime monstruoso, mas, apesar disso, o Estado tem que responder judicialmente por seus atos falhos".
Maria Carolina Genofre aponta ainda que no começo a investigação foi tratada com grande descaso. "Tem uma série de questões que estamos levantando. Uma delas é que a delegada de plantão nem apareceu no local para verificar de que se tratava", diz.
Além de esclarecer realmente as circunstâncias em que foram iniciadas as investigações do Caso Rachel Genofre, o processo contra o Estado tem por objetivo transformar a morte da garota numa espécie de marco na luta contra a sedução de meninas. "A proteção destas meninas que estão morrendo é uma tarefa de toda a sociedade. A violência contra as meninas tem que ter um ponto final", diz ela. No começo de março, a família planejava entrar com o processo na Justiça ainda no primeiro semestre deste ano.
Ele é o demônio na pele de anjo
A medicina define pedofilia como o desvio de personalidade do adulto que o leva a sentir de maneira compulsiva atração sexual por crianças e adolescentes. A pedofilia é considerada uma forma de violência sexual e sua incidência predomina em homens. A dificuldade de identificar um pedófilo é que em muitos casos ele é pessoa acima de qualquer suspeita, é bem conceituada na sociedade, embora esteja em todas as categorias sociais.
Estudos revelam que há pedófilos que, embora tenham o desejo de se relacionar com crianças e adolescentes, não chegam a fazer contatos físicos com elas. Em outros casos, o encontro do pedófilo com suas vítimas pode desencadear violência física ou sexual e, muitas vezes, acabar em morte. Especialistas alertam que não há consenso sobre o perfil de um pedófilo.
O êxito do pedófilo consiste em sua forma sedutora de se aproximar das potenciais vítimas, seja na escola, em casa ou em outro ambiente. A sedução pode ser simplória com oferta de balas e presentes ou se enveredar por ações mais complexas. A pedofilia pode ocorrer muitas vezes dentro de casa em que o agressor tem acesso - ele pode ser o pai, padrasto, tio ou vizinho da família. É comum o caso do pedófilo também usar a confiança da família para abusar sexualmente de suas vítimas.
Um caso típico deste "abuso de confiança" foi o de Cristiano Gonçalves, 25 anos, que em 21 de janeiro deste ano violentou uma menina de 7 anos, no sudoeste do Paraná, depois a matou e mesmo depois de morta ele a violentou novamente. Antes de matá-la, o assassino esteve com a mãe da vítima em um baile em Realeza, cidade próxima de Santa Izabel do Oeste, onde o crime ocorreu. Ele chegou a participar das "buscas" à menina, quando ela desapareceu. Mas foi preso dormindo ao lado da mala em que estava o corpo da garota assassinada.
Por algumas semelhanças com a morte de Rachel Genofre, Cristiano chegou a ser suspeito do crime ocorrido em Curitiba em 2008. Em ambos os casos houve violência sexual, morte e tentativa de se livrar do corpo numa mala, além dos sacos de plástico. Mas os exames de material genético não comprovaram a tese. A psicóloga Maria Luiza Moura Oliveira, que coordena programa de atendimento aos pedófilos, diz que a recuperação do pedófilo é lenta e difícil.
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