No momento em que se discute o efeito de fake news (notícias falsas) em campanhas eleitorais, divulgação de produtos e serviços e até disputas jurídicas, pessoas com nomes diferentes, mas utilizando o mesmo IP (número de identificação de rede), têm realizado, no LIVRE, comentários direcionados ao candidato Mauro Mendes (DEM), elogiando-o ou defendendo-o de críticas.
A mesma prática, no entanto, não tem ocorrido em reportagens relacionadas aos concorrentes do democrata. Nas matérias jornalísticas em que Mauro é citado -publicadas pelo LIVRE – constata-se que a maioria dos comentários são postados com poucos minutos de diferença uns dos outros.
As manifestações são diversas, mas geralmente são tecendo elogios ao postulante. Outra prática que se observa dos teoricamente eleitores é a de rebater comentários que não são favoráveis a Mauro Mendes. Apesar de ser em menos quantidade, há também, com os mesmos IPs, críticas aos outros concorrentes.
Como nesses casos não se trata de manifestações espontâneas – e a Constituição Brasileira veda a emissão de opiniões protegidas pelo anonimato – o LIVRE tem vetado os comentários, que já passaram de quatro dezenas.
Mauro Mendes, por meio da assessoria de imprensa, alega que não há incentivo para que apoiadores façam comentários em reportagens veiculadas em sites de notícias e nem se utiliza de “robôs” para disparar textos favoráveis ao candidato. “O que pode ocorrer são simpatizantes, por iniciativa própria, se manifestarem em prol da candidatura de Mauro Mendes”.
IPs que defendem Selma Arruda
Pessoas que utilizam um único IP, mas se identificando com nomes diferentes, para fazer comentários nas reportagens em que a juíza aposentada e candidata ao Senado Selma Arruda (PSL) também tem sido recorrente. O tom, no entanto, é mais agressivo, se comparado com os comentários feitos nas publicações em que Mauro Mendes é citado.
Alguns dos IPs, identificados em reportagens com a juíza aposentada, chegaram a fazer xingamentos e alegar que as notícias são falsas, pelo fato de declarações da postulante serem, em alguns casos, consideradas polêmicas. Um exemplo foi quando ela disse ao LIVRE que os eleitores poderiam votar no candidato a senador Procurador Mauro (Psol) e nela, pois no pleito deste ano são duas vagas ao Senado.
De acordo com a assessoria de imprensa da postulante, a equipe de campanha não repassa instrução para que os eleitores façam comentários em sites de notícias. Ainda é ressaltado que também não contam com equipe para tal prática.
Fake News e comentários
Diferentes das fake news, que podem gerar processos nas justiças civil e criminal, os comentários feitos por uma só rede, no entanto, não são ilegais. O que pode gerar ação na Justiça são comentários com ataques diretos à reputação de uma pessoa, partido ou coligação.
Por outro lado, o uso organizado e estratégico das redes sociais para influenciar indevida e ilegalmente o processo eleitoral é crime eleitoral.
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Marcio Vidal, já destacou que combater as notícias falsas é um grande desafio para a Justiça Eleitoral.
“As fake news e o uso de robôs para disparar milhares de mensagens de cunho inverídico aos eleitores foram amplamente utilizados nas eleições de outros países, trazendo grandes prejuízos ao processo democrático e ao equilíbrio do pleito eleitoral. No Brasil, a Justiça Eleitoral está se antecipando, visto que há a possibilidade de os candidatos daqui utilizarem estas estratégias. Estamos nos preparando para esse enorme desafio”, afirmou.
O TRE/MT inclusive realizou debates, por exemplo, com executivos do Google, Facebook e Twitter, com juízes da propaganda de praticamente todos os estados e com especialistas na área de tecnologia da informação dos TREs, sobre as fake news com fins eleitorais.
Fonte: https://olivre.com.br/mesmos-numeros-de-ip-mas-com-varios-nomes-diferentes-sao-usados-para-defender-mauro-mendes/